Quando a fotografia é capaz de mudar o mundo

Talita Santos – Estagiária de Jornalismo

De tempos em tempos o fotojornalismo oferece à humanidade uma imagem forte o suficiente para fazê-la refletir sobre si mesma. Foi assim há dois anos, quando uma foto expôs a crise humanitária na Síria. A imagem do menino sírio Aylan Kurdi, 3 anos, morto em uma praia na Turquia, provocou debates mundo afora sobre o desespero dos milhões de sírios que buscavam ajuda de outros países para fugir da guerra. Veja aqui como essa fotografia mudou mentalidades sobre refugiados.

“A gente acaba explorando essa imagem para que isso não aconteça com outras crianças”, diz o fotojornalista Albari Rosa. Segundo ele, é preciso estar frequentemente considerando a ética antes de fazer um registro fotográfico e o profissional não deve forçar uma situação para conseguir ter a imagem que sintetize a matéria. “Esse cuidado é primordial, pois a fotografia malfeita coloca em descrédito toda a informação e a reportagem por não tomar cuidados éticos”, diz Albari.

Para Henry Milléo, o fotojornalismo causa o primeiro impacto. Mas ainda assim é preciso uma explicação mais completa para a sociedade. “O fotojornalismo faz isso, primeiro o imediatismo que é o soco no estômago, que chama todo mundo à realidade. E a fotografia documental mostra algo mais aprofundado, te leva dentro daquilo por um tempo maior, te explica como acontece, que não é de hoje, e que se não buscar uma solução, vai continuar acontecendo”, explica.

Quando questionados sobre as mudanças que o fotojornalismo sofreu durante o tempo. Milléo relata uma situação curiosa. “Já cheguei a enfiar um filme em pacote de mercado, entregar para o motorista de ônibus, pedir para levar até Curitiba e avisar para alguém ir na rodoviária pegar. No interior, nos finais de semana, não tinha lugar para revelar o filme”, diz.

Segundo os jornalistas, as fotos de esporte também passaram por mudanças. Antes não era necessário que tivessem compromisso com a informação do texto, o que é bem diferente de hoje. Além disso, o meio digital beneficiou esta área, pois é possível usar várias fotos em um site. O que é algo vantajoso para o repórter que pode ter seu material melhor aproveitado.

Estes e outros assuntos foram tratados durante a 1ª Semana da fotografia da Uninter, realizada no mês passado no campus Tiradentes da instituição. Os fotojornalistas foram convidados para tratar de temas como ética, imediatismo no jornalismo, fotos de esporte, fotografias documentais, além de esclarecer dúvidas dos alunos presentes. Ambos concluíram argumentando que a fotografia é fundamental, seja para um bom texto ou para chamar atenção sobre algo.

“Sempre falo que uma única foto é capaz de mudar o mundo, nem que seja o mundo de uma única pessoa. E isso é importante porque é a arma que a gente tem para brigar com essa luta diária de conseguir construir um mundo mais justo”, diz Albari Rosa.

Edição: Mauri König

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