Para que servem história e ciência e o que elas têm a ver com o coronavírus?

Autor: Rafaela Iunovich König*

Há supersticiosos que acreditam que o futuro pode ser lido através de atividades místicas. Mais precisas do que a bola de cristal, a história e a ciência delimitam os contornos da sociedade e explicam comportamentos e cenários do presente e mesmo do futuro. O encontro de ambas permitiu, por exemplo, que a comunidade científica pudesse prever a pandemia em que estamos mergulhados e evitar danos maiores.

O ditado popular “quem vive de passado é museu” não poderia estar mais equivocado. Certamente, os museus abrigam relíquias e artefatos que ajudam a contar a história do mundo. Mas não são só eles que sobrevivem do passado: a história nos revela que as mudanças mais significativas para a sociedade ocorreram após momentos críticos na história, como demonstram as terríveis consequências das guerras mundiais. O momento após a Segunda Guerra Mundial, por exemplo, originou diversas conquistas referentes aos direitos humanos, bem como a criação da ONU.

Afastando o mérito de que tais guerras eclodiram e provocaram um sangrento e repulsivo massacre, o fato é que a sociedade é o que é hoje porque elas existiram. Em outras palavras, não há como definir os próximos passos de uma geração sem antes entender os percalços anteriormente enfrentados.

As mudanças atravessam uma longa lista de consequências tecnológicas oriundas da guerra: a criação do computador, a invenção do micro-ondas e até mesmo o nylon representam algumas delas. Ainda mais admiráveis são os avanços enquanto sociedade, que possibilitaram a criação da pílula anticoncepcional e, por conseguinte, a emancipação feminina, além da conquista de mais direitos, sobretudo para os negros e homossexuais.

Em meio ao turbilhão do crescimento vivenciado pela sociedade mundo afora no curso dos tempos, os vestígios históricos revelam que a medicina não ficou indiferente a esta evolução mundial. Entre as pandemias mais expressivas que a humanidade já enfrentou, a Peste Negra (1347-1351) devastou parte da humanidade à época, principalmente pela intervenção da religião diante da medicina, por entender que o acometimento pela doença poderia ser uma espécie de castigo divino. Era assim que outras doenças, como lepra e a epilepsia, também eram encaradas e justificadas.

Na antiga Babilônia, os sacerdotes – médicos à época – respondiam aos transtornos mentais com rituais religiosos, por entenderem tais doenças como possessões do demônio. Em um panorama mais amplo, a desvinculação da medicina e religião proporcionou, consequentemente, espaço para a medicina científica, ao passo que a medicina medieval não mais contemplava os anseios e os objetivos da prática da cura, além do aparecimento de outras culturas e religiões conforme o surgimento de novas comunidades dispersas formadas ao redor do mundo.

O início da aliança entre medicina e ciência foi marcado pelo fim da Idade Média e o início do Renascimento, quando as faculdades de medicina passaram a ser implementadas na Europa. Influentes nas mais diversas áreas do conhecimento, os árabes à época estabelecidos na Europa exerceram papel relevante no enriquecimento dos princípios reguladores do estudo do corpo humano.

Sem apurar o contexto, a volta dos eventos históricos referentes à saúde mundial, ainda que sob a ótica de um problema local, a medicina seguramente não teria atingido o patamar que hoje conquistou. A pandemia do Coronavírus, por exemplo, poderia experimentar um cenário ainda mais caótico, e o sistema de saúde colapsar ainda mais cedo. O sistema Data Science (Ciência de Dados, em português), através da coleta e análise de dados econômicos, financeiros e sociais, realiza previsões sobre variados assuntos, incluindo o avanço do Coronavírus.

Por meio dos números, é possível aferir uma perspectiva do que deveria ser feito para atingir níveis mais satisfatórios no combate à pandemia atual. O encontro da ciência com a história, seja ela antiga ou recente, é primordial para que esses resultados sejam vislumbrados. A ciência e a história caminham lado a lado para a evolução da sociedade.

As respostas nem sempre parecem claras à primeira vista, mas não restam dúvidas de que a história e a ciência continuarão nos guiando sempre.

* Rafaela Iunovich König é estudante de Direito da Uninter.

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Autor: Rafaela Iunovich König*
Créditos do Fotógrafo: Pixabay


1 thought on “Para que servem história e ciência e o que elas têm a ver com o coronavírus?

  1. Muito Interessante. A HISTÓRIA revelando os problemas enfrentados durante as pandemias do passado para que a CIÊNCIA MÉDICA enfrente melhor a Pandemia do tempo presente.

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