Os riscos e os limites das crianças no TikTok

Autor: Poliana Almeida – Estagiária de Jornalismo

Criado em 2016 pela empresa ByteDance, da China, o TikTok ainda não parou de dar resultados positivos. O aplicativo de vídeos é o terceiro mais baixado do ano pela Apple Store e pelo Google Play Store, ultrapassando o Facebook e o Instagram. Atualmente, já são mais de 1,5 bilhão de usuários mensais, sendo 500 milhões apenas em seu país de origem.

As famosas dancinhas do aplicativo logo caíram no gosto dos mais jovens. Inclusive, este é, de fato, o público-alvo da rede. Entretanto, a crescente presença de crianças nessa plataforma audiovisual tem aumentado também a preocupação dos pais.

Segundo o App Guardian, aplicativo que promove a interação entre pais e filhos e o controle dos meios digitais, as crianças estão passando cada vez mais tempo no TikTok. Com um tempo maior destinado à rede social, o coordenador dos cursos de Supermarketing da Uninter (cursos de Marketing, Marketing Digital e Gestão de Mídias Sociais), Achiles Junior, acredita que isso pode interferir nas relações do cotidiano. Ou seja, a criança pode ser desinibida na frente das câmeras, mas não apresentar o mesmo comportamento em situações presenciais, por exemplo.

“Isso afeta no sentido de ficar muito focada só no TikTok e a relação pessoal do toque, do ser humano, acaba ficando em segundo plano. É uma geração que eu observo que é muito desinibida para dança, aspectos de coletividade onde eles encontram outras pessoas da sua idade, mas a questão da interação, da conversa, é difícil. Não sabem falar ao telefone. Também têm uma certa dificuldade em expor, muitas vezes, seus sentimentos”, destaca.

Achiles vê que o TikTok tem lados positivos e negativos. O benefício que ele oferece aos pequenos usuários é, segundo o professor, a desinibição e o incentivo à socialização. Por outro lado, temos o excesso dessa presença. “É o exagero do exibicionismo, é o exagero das informações, questões de segurança, questões relacionadas à própria pedofilia. Você cai num aspecto que é o exagero da exposição do corpo infantil. Eu já vi situações onde a inocência de uma criança pode ser utilizada de uma forma negativa, através dos pedófilos ou dos próprios criminosos que existem na internet. É complicadíssimo”, complementa Achiles.

De acordo com a professora do Mestrado em Educação da Uninter Luana Priscila Wunsch, apesar de necessitarem de supervisão, todas os meios digitais podem ser úteis ao desenvolvimento infantil. “As multiplataformas com músicas, movimentos, cores são motivadoras a prestar atenção no que ali acontece. Contudo, é preciso pensarmos em como utilizá-las de forma consciente, com planejamento, reflexão e intencionalidade”, complementa.

Apesar disso, ela faz um alerta para não deixar os meios digitais serem uma ameaça ao público mais jovem. “A aprendizagem se dá quando existe significância e impacto social do que é apresentado e de como é apresentado para a criança. Tudo, inclusive as redes sociais, se utilizado de forma aleatória, modismo e de repetição/imposição social, pode se tornar obstáculo, com alto grau de perigo, sim”, conta Luana.

Qual a saída?

Achiles tem uma filha de 9 anos que é uma amante das dancinhas do TikTok. “Ela acorda dançando, dorme dançando, toma banho dançando, tudo influenciado pelo TikTok. Ela quer mostrar que sabe dançar”, diz. Ela é uma entre os milhões de jovens que entraram nessa onda. Nesse sentido, o que os responsáveis podem fazer para que a rede social seja utilizada de forma adequada?

Como professor e pai, Achiles mantém a filosofia do “nem muito, nem tão pouco”. Isso significa que “você não pode proibir as redes sociais, porque ela tem que aprender a conviver com isso, mas também deixar a criança 24 horas nesse tipo de plataforma não é indicado”.

Luana Wunsch segue o mesmo pensamento. A professora destaca que “não é opção inserir ou não os meios digitais no cotidiano, logo no desenvolvimento, pois isso já está inserido. A questão que se coloca aqui é que, para haver significância neste desenvolvimento, precisa existir planejamento, proteção e orientação, itens que devem estar presentes em políticas públicas claras”.

Já que tirar totalmente os jovens da frente das telas não é uma opção, Achiles surge com uma alternativa: um perfil no TikTok para a família inteira. “Uma sugestão é criar um perfil para toda a família, onde os pais possam participar junto com seus filhos. Seria um caminho razoável”, finaliza o professor.

Talvez, com o passar dos anos, o TikTok perca a sua influência. Isso é um processo natural no mundo digital. É costume dos jovens se apegarem às redes do momento. Mas, enquanto isso não chega, precisamos manter os olhos bem abertos à presença dos pequenos no universo online. Afinal, se não pode vencê-lo, dance junto.

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Autor: Poliana Almeida – Estagiária de Jornalismo
Edição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro


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