Ondas de calor no Brasil: o novo normal

Autor: (*) Larissa Warnavin

A última semana de inverno de 2023 nos trouxe um evento climático notável – uma onda de calor que varreu o Brasil, elevando as temperaturas a níveis recordes. Embora as ondas de calor não sejam novidade para o país tropical, esta recente experiência nos lembra da necessidade de adaptação e preparação para enfrentarmos eventos climáticos extremos que se avolumam. Estamos em um ano do fenômeno El Niño, que causa temperaturas mais elevadas e baixa umidade do ar, de forma que podemos esperar um início de primavera, ainda mais quente e seco. 

Até agora, nove estados brasileiros foram afetados por essa onda de calor, na qual as temperaturas ultrapassaram os 40°C, em muitas cidades. A combinação de altas temperaturas e baixa umidade do ar agrava a situação, elevando o risco para a saúde de grupos vulneráveis, como idosos, crianças e animais. É essencial lembrar que o calor excessivo pode ser prejudicial à saúde e, em alguns casos, até fatal. 

As temperaturas extremas ainda apresentam resultados como o ressecamento do solo e a diminuição dos níveis dos rios e reservatórios de água, o que afeta diretamente as comunidades tradicionais, indígenas e agricultores familiares, que dependem de fontes de água para subsistência. 

 É importante ressaltar que, embora muitos brasileiros convivam com calor extremo, a mudança climática está tornando esses eventos mais frequentes e intensos. Portanto, é fundamental investir em infraestrutura resistente ao clima, sistemas de alerta precoce e práticas agrícolas sustentáveis. A cooperação global para reduzir as emissões de gases de efeito estufa também desempenha um papel crucial na mitigação desses eventos extremos. 

 A intensidade dessa onda de calor não pode ser subestimada, pois é comparável a uma das ondas de calor mais intensas já registradas no Brasil, rivalizando com a que foi experimentada durante a primavera de 2020. Isso implica em parte de um padrão de eventos climáticos extremos. Seria esse o novo normal? Para mitigar os efeitos do calor severo, é essencial que governos, comunidades e indivíduos estejam preparados para enfrentar os desafios das mudanças climáticas. A adaptação inclui a implementação de medidas que reduzam os impactos dos eventos extremos, como o desenvolvimento de estratégias para lidar com o calor, garantir o fornecimento de água e eletricidade e promover a conscientização sobre a importância de proteger os grupos mais vulneráveis. 

 Além disso, a prevenção desempenha um papel fundamental na redução dos riscos associados às ondas de calor. Isso inclui a arborização urbana, a recuperação de áreas degradadas, o respeito às áreas de preservação permanente, o fornecimento de informações precisas sobre o clima e a promoção de práticas de saúde que ofereçam segurança durante condições de calor extremo.  

 O Brasil precisa reconhecer que eventos climáticos extremos estão se tornando mais frequentes e severos, devido às mudanças climáticas. A resiliência é a chave para enfrentar esses desafios, e a cooperação global é fundamental para garantir um futuro mais seguro e sustentável. A ação imediata é necessária para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e limitar o aquecimento global, pois somente assim, poderemos enfrentar efetivamente os impactos das mudanças climáticas. 

 Esta onda de calor no Brasil é um lembrete claro de que o tempo está esgotado. A era do aquecimento global está dando lugar à “ebulição global”, como alertou António Guterres, Secretário-Geral da ONU. Cabe a todos nós agirmos agora para enfrentar essa crise climática e garantir um futuro sustentável para as próximas gerações. 

(*) Larissa Warnavin é geógrafa e doutora em geografia, CEO da NAILA IoT – Gerenciamento de Riscos e Monitoramento Ambiental, docente da Área de Geociências, da Escola Superior de Educação, Humanidades e Línguas, do Centro Universitário Internacional Uninter 

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Autor: (*) Larissa Warnavin
Créditos do Fotógrafo: Pixabay


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