O transtorno do espectro autista no ensino superior

Autor: Bruno Luis Simão (*)

O Censo da Educação Superior é realizado anualmente pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) e tem como objetivo coletar informações sobre a situação atual do ensino superior no país. Entre as informações coletadas estão: número de instituições de ensino, número de cursos, matrículas, ingressantes, concluintes, entre outros dados relevantes.

Os dados mais recentes disponíveis são da pesquisa realizada em 2020. Segundo esses dados, o Brasil conta com 2.561 instituições de ensino superior, que oferecem cerca de 34.740 cursos de conclusão e tecnológicos. Em 2020, o total de matrículas no ensino superior foi de 6,4 milhões de estudantes, um aumento de 2,5% em relação a 2019.

De acordo com o censo de 2019, há 4.018 pessoas com transtorno do espectro autista (TEA) matriculadas em cursos de graduação presenciais e a distância. Esse número representa uma pequena parcela do total de matriculados no ensino superior, que é de cerca de 8,5 milhões de estudantes.

O TEA é um transtorno do neurodesenvolvimento que afeta as habilidades de comunicação, interação social, comportamento e afeta cada pessoa de maneira diferente, mas algumas das características mais comuns incluem dificuldades na comunicação, como atrasos na fala ou ausência de linguagem verbal, problemas na compreensão e uso de gestos e expressões sentidas, além de dificuldades em iniciar ou manter conversas. É importante lembrar que cada pessoa com TEA é única e pode ter suas próprias habilidades e desafios. É fundamental promover a inclusão e o respeito para as pessoas com TEA e trabalhar para criar ambientes inclusivos e acolhedores para todos.

Embora o número de estudantes com TEA no ensino superior ainda seja relativamente baixo, é importante destacar a importância da inclusão desses estudantes em todos os níveis de ensino. A inclusão educacional é um direito assegurado por lei no Brasil e deve ser promovida em todas as esferas da sociedade, incluindo a educação superior.

No Brasil, o Ministério da Educação (MEC) publicou a Portaria Normativa nº 9, em 2017, que estabeleceu diretrizes para a inclusão de estudantes com deficiência, incluindo autismo, no ensino superior. A portaria estabelece que as instituições de ensino superior devem oferecer suporte e recursos adequados para garantir a inclusão desses estudantes, como necessidades curriculares, tecnologias assistivas e apoio psicológico. Além disso, há organizações que trabalham para promover a inclusão de autistas no ensino superior, como a Associação Brasileira de Autismo (ABRA), que oferece orientação e suporte para estudantes com autismo.

Embora a inclusão de pessoas autistas no ensino superior esteja se tornando cada vez mais comum no Brasil, ainda existem desafios que esses estudantes enfrentam durante sua jornada acadêmica. Um dos principais desafios para as pessoas autistas é a comunicação. Os estudantes autistas podem ter dificuldades em processar informações auditivas e visuais ao mesmo tempo, o que pode tornar as palestras e aulas expositivas um desafio. Outro desafio é a sensibilidade sensorial. Muitas pessoas autistas têm sensibilidade estimulada a estímulos sensoriais, como barulhos altos, luzes brilhantes e texturas desconfortáveis, o que se torna um impedimento para esses alunos frequentarem aulas e se concentrarem em tarefas acadêmicas, podendo aumentar a ansiedade e o estresse.

Entre os desafios, é importante notar que há muitas estratégias que as instituições de ensino superior podem adotar para ajudar a promover a inclusão e acomodar as necessidades dos estudantes autistas. Fornecer tecnologias assistivas, com legendas em tempo real e recursos de áudio e vídeo, além de oportunizar aulas remotas, são alguns exemplos. Também é importante que as instituições ofereçam orientação e apoio para os estudantes autistas, incluindo serviços de aconselhamento e acompanhamento psicopedagógico. É essencial que as instituições de ensino superior trabalhem para criar ambientes inclusivos e acolhedores que possam ajudar todos os estudantes no alcance de seu potencial máximo.

* Professor Bruno Luis Simão é licenciado em Pedagogia, Normal Superior com Habilitação em Educação Infantil, Educação Física. Especialista em Psicopedagogia, Educação Especial e Inclusiva, Ludopedagogia, Psicomotricidade, Neuropsicopedagogia, e Formação Docente para EAD, e professor da Área de Educação, da Escola Superior de Educação, do Centro Universitário Internacional Uninter. 

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Autor: Bruno Luis Simão (*)
Créditos do Fotógrafo: Getty Images


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