O problema da coevolução entre espécies exóticas e nativas

Autor: Igor Ceccatto - Estagiário de Jornalismo

A invasão de espécies exóticas tem sido a segunda maior causa da perda da biodiversidade pelo mundo, o que é preocupante para o equilíbrio dos ecossistemas. Para entender melhor o contexto que faz uma espécie ser considerada exótica ou não, é preciso investigar o conceito de espécie dentro da Biologia.

“As espécies, basicamente, são divididas em nativas ou exóticas. As primeiras são aquelas que se desenvolvem e evoluem no local de origem, e não são retiradas dali. Já a segunda categoria é a de uma espécie que é introduzida em determinada região que não lhe é de costume, passando a coexistir e até colocar em risco outros organismos que cresceram e se reproduziram ali”, explica Alessandro Castanha, professor da Escola de Saúde, Biociência, Meio Ambiente e Humanidades da Uninter.

Ainda segundo Castanha, também é necessário frisar que uma espécie não precisa necessariamente ser retirada de um país e levada a outro para ser exótica, basta ela ser transferida para um ambiente no qual não coevoluiu, que significa ter uma relação evolutiva desde o início, que pode vir desde condições de solo, a um clima específico só encontrado ali. Logo, essa “invasão” pode ser causada por efeitos antrópicos que ocorrem naturalmente, ou efeitos externos, bem como o homem e suas ações ao ambiente.

Entretanto, se engana quem pensa que essa característica é de todo ruim. Pelo contrário, em algumas ocasiões, como é o caso da agropecuária, se utilizadas com controle e parcimônia, podem inclusive auxiliar outras espécies. Castanha cita o exemplo da espécie Apis melífera (Abelha Africana), que foi trazida para o Brasil no intuito de ajudar na polinização das flores e evolução de outras abelhas nativas de nossas terras.

Riscos e ameaças que a invasão pode trazer

Percebe-se que as espécies exóticas podem ser de extrema importância em um momento, e em outro trazerem diversos problemas. “O problema surge quando essas espécies se tornam ‘agressivas’, aumentando o fator de competitividade e dominando um ambiente que antes pertencia a espécies nativas”, completa o professor.

Para exemplificar com uma situação real, Castanha relembra um caso no estado do Paraná, onde foi proibida a criação da espécie de camarão Litopenaeus vannamei, que se trazida para a região colocaria em risco os camarões já existentes.

E além de trazer riscos e ameaças para o meio ambiente, essas invasões também afetam a economia. Em sua apresentação, o professor mostra que só os danos causados por invasores nas áreas de pastagens, culturas e áreas de floresta ultrapassam a casa dos US$ 336 bilhões em prejuízo.

Todavia, se não bastasse os danos econômicos e ambientais, o fato de espécies exóticas se tornarem invasoras já foi incluído nos três motivos mais graves da extinção, que incluem a destruição e fragmentação do ambiente e a presença humana no local, como é o caso da poluição e desmatamento.

Cases de espécies e exemplos de riscos

Para concluir, Castanha trouxe casos de espécies de animais exóticos específicos e o que causaram em determinada região.

Entre os exemplos, o do caramujo no Brasil e o dos coelhos na Nova Zelândia e Austrália. O primeiro foi inserido na década de 1980 para ser vendido como “Escargot”, que consiste em um prato típico com Caramujos Cozidos e Comestíveis. “Em uma dessas exportações da época, uma espécie exótica foi trazida por engano e causou danos como produção acelerada, pragas para a lavoura e doenças transmissíveis”.

No caso dos coelhos, se tornaram uma verdadeira praga por não possuírem predadores e se reproduzirem muito rapidamente. “Seus riscos se concentraram na destruição de plantações e competições com espécies nativas”, explica.

Alessandro Castanha falou sobre o tema na live intitulada Risco da introdução de espécies exóticas, mediada pela professora da Uninter Fernanda Cercal Eduardo. A transmissão fez parte da Maratona Ecos do Brasil, que abordou a temática “Combate à Biopirataria em defesa da fauna, flora e dos recursos socioambientais”, transmitida na página do Facebook Maratonas Para Desenvolvimento Sustentável Uninter no dia 25.09.2020.

Para conferir o conteúdo na íntegra, acesse aqui.

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Autor: Igor Ceccatto - Estagiário de Jornalismo
Edição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro
Créditos do Fotógrafo: Ruyblas13/Wikimedia Commons


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