Novos radares: segurança ou faturamento?

Autor: (*) Valdilson Aparecido Lopes

A polêmica sobre se a instalação dos novos radares nas ruas de Manaus é uma medida efetiva de segurança ou simplesmente uma fonte de receita para o órgão municipal de trânsito persiste. De acordo com o Contran (Conselho Nacional de Trânsito), os radares devem ser devidamente homologados por meio de portaria do Inmetro e são submetidos a verificações periódicas. Este sistema é projetado para detectar grandes distâncias e cobrir até quatro faixas de tráfego.

Os radares modernos fazem uso de uma tecnologia avançada baseada no princípio do efeito Doppler para calcular a velocidade dos veículos. O efeito Doppler é um fenômeno no qual a frequência das ondas sonoras varia quando um objeto se move em relação a um observador. Essa tecnologia permite que os radares determinem com precisão a velocidade dos veículos tanto ao se aproximarem quanto ao se afastarem. Nessa abordagem, é eficaz para monitorar o tráfego e aplicar a regulamentação de velocidade de forma eficiente e precisa.

O debate sobre a instalação de novos controladores ou redutores nas vias públicas é complexo e multifacetado, envolvendo considerações sobre segurança viária, eficiência do sistema de fiscalização e até mesmo questões econômicas.

Aqueles que argumentam a favor dos novos radares ou controladores como uma medida de segurança, geralmente destacam a importância de controlar a velocidade dos veículos nas vias. Eles apontam que o excesso de velocidade é uma das principais causas de acidentes de trânsito, e a presença de radares pode desencorajar os condutores a excederem os limites estabelecidos. Dessa forma, os radares contribuem para a redução do número de sinistros e, consequentemente, para a preservação de vidas.

No entanto, há quem enxergue os radares como meros instrumentos de arrecadação para os órgãos de trânsito. A crítica principal é que, muitas vezes, os dispositivos são instalados em locais estratégicos onde há maior fluxo de veículos e, consequentemente, maior probabilidade de flagrante de infrações. Também, há relatos de que os limites de velocidade são deliberadamente reduzidos em certas áreas, não necessariamente por questões de segurança, mas sim para aumentar a arrecadação com multas.

É válido reconhecer que, embora a segurança viária deva ser a principal preocupação, a questão do faturamento não pode ser ignorada. A transparência na gestão dos controladores ou redutores, com a divulgação clara dos critérios para instalação e definição de limites de velocidade, é fundamental para mitigar as críticas relacionadas ao aspecto financeiro.

Por outro lado, a ideia de que a “simples” conformidade com as leis de trânsito levará ao fim da indústria de multas é simplista. O respeito às normas de tráfego é fundamental, mas a realidade das vias públicas muitas vezes envolve uma interação complexa entre diversos fatores, como sinalização inadequada, condições adversas da estrada e comportamento dos outros motoristas.

Para verificar os radares em conformidade, empregados na fiscalização dos limites de velocidade em vias públicas por todo o país, é possível acessar o Portal de Serviços do Inmetro nos Estados (PSIE) através do link https://servicos.rbmlq.gov.br/Instrumento. Em relação a Curitiba, é possível localizar informações sobre redutores, controladores, bem como sobre a receita e a destinação das multas de trânsito no site https://transito.curitiba.pr.gov.br/fiscalizacaoeletronica.

É importante destacar que os controladores e redutores não aplicam multas, mas sim notificam os condutores, os quais têm o direito à ampla defesa. Para evitar surpresas, basta conduzir seus veículos dentro dos limites de velocidade estabelecidos para a via e seguir as sinalizações de regulamentação.

É necessário um equilíbrio entre a aplicação rigorosa das leis de trânsito e a consideração dos diversos aspectos envolvidos na segurança viária. Os novos equipamentos podem desempenhar um papel importante nesse cenário, desde que sua implementação seja transparente, baseada em critérios objetivos e principalmente acompanhada de medidas educativas para os condutores. Somente assim poderemos avançar em direção a um sistema de trânsito mais seguro e justo para todos os usuários das vias públicas.

(*) Valdilson Aparecido Lopes é Mestre em Educação e Novas Tecnologias, professor no Curso de Tecnologia em Gestão de Trânsito e Mobilidade Urbana no Centro Universitário Internacional UNINTER. Possui certificação como observador pelo Observatório Nacional de Segurança Viária.

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Autor: (*) Valdilson Aparecido Lopes
Créditos do Fotógrafo: Edilson Rodrigues/Agência Senado


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