Mitos e verdades sobre a introdução alimentar
Autor: Aline Veroneze de Mello Cesar*
A introdução alimentar é um momento marcante na vida do bebê e é também um grande desafio para as famílias. Saber quando começar, o que oferecer e de que forma apresentar os alimentos faz toda a diferença para o desenvolvimento e os hábitos alimentares da criança. Vamos analisar os mitos e verdades nesta fase…
- Mito: A introdução alimentar deve começar antes dos 6 meses
De acordo com as recomendações do Ministério da Saúde estabelecidas por meio do Guia Alimentar para Crianças Brasileiras Menores de 2 Anos, o bebê está pronto para iniciar a alimentação complementar apenas por volta dos 6 meses de vida, quando apresenta alguns sinais claros de prontidão para alimentação: já consegue sentar-se sem apoio (ou com o mínimo de ajuda), mantém o controle da cabeça e do pescoço, perdeu o reflexo de empurrar o alimento com a língua e demonstra interesse pelos alimentos e pela hora das refeições — tentando, inclusive, pegar a comida com as mãos.
- Verdade: A criança deve receber a mesma alimentação da família
Dessa forma, a partir dos 6 meses, a criança já pode receber uma alimentação variada, equilibrada e saborosa, contendo todos os grupos de alimentos. A ideia é oferecer alimentos in natura ou minimamente processados, semelhantes aos consumidos pela família, respeitando o tempero caseiro e os alimentos regionais.
- Mito: A papinha deve ser bem batida para o bebê engolir melhor
Preparações muito líquidas, como papas liquidificadas ou peneiradas sejam caseiras e industrializadas não ajudam no aprendizado da mastigação, prejudicam o reconhecimento das texturas dos alimentos e dificultam a percepção dos diferentes sabores. Também é importante oferecer alimentos macios e em pedaços grandes, para que o bebê possa pegá-los com as mãos e levá-los à boca — prática que estimula a autonomia e o interesse pela comida.
Nos primeiros meses, os alimentos devem ser amassados com o garfo. Com o tempo, a criança evolui para alimentos picados, raspados ou desfiados, até chegar à textura da comida da família, o que estimula o desenvolvimento da mastigação e da coordenação motora.
- Mito: É melhor oferecer sucos naturais do que frutas
Na introdução alimentar, as frutas devem ser oferecidas inteiras, amassadas ou em pedaços, e não em forma de suco. Ao mastigar uma fruta, o bebê exercita a musculatura da boca e do rosto, além de perceber a textura e o sabor natural do alimento. Já o suco, especialmente quando coado, perde parte das fibras que ajudam no funcionamento intestinal. Outro risco é que o suco substitua refeições, diminuindo o consumo de outros alimentos importantes. Mesmo após 1 ano de idade e até os 3 anos, os sucos não são necessários. Caso sejam oferecidos, o ideal é limitar o consumo a 120 mL por dia, e sempre priorizar a água pura.
- Verdade: O bebê já nasce com preferência pelo sabor doce. Se for estimulado com preparações açucaradas, pode rejeitar verduras e legumes futuramente
O guia alimentar recomenda que não se deve oferecer açúcar nem preparações ou produtos que contenham açúcar à criança até 2 anos de idade. O consumo de açúcar aumenta a chance de ganho excessivo de peso e de ocorrência de outras doenças. Além disso, como a criança já tem preferência pelo sabor doce desde o nascimento, se ela for acostumada com preparações açucaradas, poderá ter dificuldade em aceitar verduras, legumes e outros alimentos.
Contudo, a introdução alimentar é um marco fundamental no desenvolvimento infantil e deve ser conduzida com atenção e cuidado. É, acima de tudo, uma oportunidade de aprendizado, vínculo e construção de hábitos saudáveis que acompanharão a criança por toda a vida.
Para saber mais, consulte o Guia Alimentar para Menores 2 de anos: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_alimentar_crianca_brasileira_versao_resumida.pdf
*Aline Veroneze de Mello Cesar é nutricionista, mestre e doutora em Ciências. Atua como docente do curso de Nutrição no Centro Universitário Internacional Uninter.
Autor: Aline Veroneze de Mello Cesar*Créditos do Fotógrafo: Aline Veroneze/Banco Uninter e Andrea Piacquadio/Pexels


