Maratona de universitários leva bastidores da mídia a 1,4 mil alunos de 32 escolas

Autor: Ivone Souza - Estudante de Jornalismo

Ao longo de três meses, 35 estudantes de Jornalismo da Uninter se prepararam para um grande desafio: falar para alunos do ensino médio sobre os bastidores e a importância da profissão que escolheram. Ao final das preparações, os universitários fizeram palestras para 1,4 mil estudantes de 32 escolas públicas e privadas de Curitiba e região metropolitana, no Paraná.

As palestras trataram da leitura crítica de mídia, da busca pela notícia no mar de informações na internet, do combate às fake news, da comunicação para a cidadania e do jornalismo investigativo. A atividade prática fez parte do Projeto Laboratorial (PL) e, ao longo do processo de preparação, os estudantes receberam orientações dos professores Alexsandro Ribeiro, Eugênio Vinci, Mauri König, Karine Vieira, Marcia Boroski e Regina Reinert.

Para os estudantes de Jornalismo, foi uma oportunidade de entender como a sociedade vê o trabalho jornalístico. Para os adolescentes das escolas, o impacto foi descobrir os bastidores da notícia e entender melhor como funciona a produção de notícias.

Idealizadora do projeto, a professora Karine Vieira comenta que o resultado do trabalho surpreendeu por que antes de ir a campo os alunos de jornalismo precisaram se convencer de que eram capazes de vencer o desafio. Para isso, se dedicaram na pesquisa e se aprofundaram nos temas propostos para o PL. Demonstraram empenho e dedicação em fazer as apresentações seguindo as orientações dos professores.

“Eles ficaram muito preocupados em atender bem as escolas e fazer uma boa apresentação, em falar bem, em passar as informações corretas, buscar o conteúdo mais adequado, um conteúdo de qualidade para os alunos das escolas”, pontua. Karine destaca ainda a acolhida e a gratidão das escolas. “O retorno que a gente teve nas avaliações foi muito positivo”, diz.

Jornalismo versus fake news

Karine observa que o tema das fake news foi o que teve mais aderência nas escolas. Nos retornos das avaliações, alunos e professores demonstraram que isso é um problema recorrente nas turmas. Por isso a importância de conhecer e saber o perigo das notícias falsas que circulam nas redes sociais, como isso pode afetar a sociedade, saber como checar uma informação, distinguir uma notícia de qualidade.

Este foi o tema tratado pelo grupo da estudante de Jornalismo Milena Prado. Ela conta que falar para uma turma com 37 alunos do primeiro ano do ensino médio foi desafiador, mas também muito revelador. “Foi muito gratificante, eu não imaginava que eles fossem se interessar por um assunto, que mesmo sendo importantíssimo, não é pauta entre os adolescentes”, diz ela.

Milena explica que falou sobre a importância de selecionar e consumir notícias verdadeiras nas redes sociais e sobre o perigo que as fake news representam. Também falou sobre a importância de duvidar de informações que chegam pelo WhatsApp ou outras redes sociais e de como checá-las usando páginas confiáveis na internet.

O tema fake news também foi abordado pelo estudante Gabriel Bukalowski. Para ele, trabalhar esse assunto na atualidade, na era da desinformação, em que as pessoas são bombardeadas todos os dias por conteúdos falsos, é importante para que os jovens aprendam a filtrar melhor o que vão consumir. “É muito importante levar essa discussão para a sala de aula, ainda durante a formação deles na escola, porque é o mundo em que eles estão vivendo”, destaca.

“O consumo de informações na internet é muito grande, portanto, falar sobre o assunto faz deles mais críticos sobre informações novas, e deixa o alerta para que eles façam um consumo consciente”, comenta Gabriel. Ao final da palestra, foi aberto um espaço para que os alunos pudessem tirar dúvidas e falar sobre curiosidades.

Jornalismo investigativo

Já o estudante Luis Gustavo de Oliveira falou sobre jornalismo investigativo para a sua turma. Ele explicou a diferença entre uma notícia comum, publicada diariamente, e uma matéria investigativa, fruto de um trabalho mais longo e aprofundado. Também destacou a importância de checar as informações antes de publicá-las e de como funciona a investigação jornalística em assuntos mais polêmicos. Segundo ele, a participação dos 50 alunos que assistiram à palestra foi boa, sendo que quatro deles manifestaram interesse em fazer o curso de Jornalismo.

“A dinâmica passada para eles fazerem no final da apresentação foi muito produtiva. Todos participaram, sugeriram ideias. Foi muito interessante porque mostrou uma boa participação dos alunos, e eu não imaginava que poderia ser tão positivo assim”, revela. Além disso, Luis Gustavo explicou aos adolescentes que é possível transformar dados e informações brutas em grandes reportagens, colocando-as em forma de uma narrativa.

Temas de impacto social

Segundo o professor Alexsandro Ribeiro, o retorno das apresentações foi bastante positivo, e os temas escolhidos se mostraram relevantes socialmente e interessantes para o aprendizado dos jovens. “Os conteúdos destacados tiveram um controle de qualidade, fruto de muito trabalho, junto com todos os professores da unidade temática e com o professor do projeto, para termos um material de qualidade, para que pudéssemos não apenas fazer uma apresentação, mas levar um conhecimento que de fato fizesse diferença na vida dos alunos do ensino médio”, explica.

Alexsandro explica que este projeto tem como proposta destacar elementos que mostrem para a sociedade o que é o trabalho do jornalismo, e, assim, de alguma forma contribuindo para o fortalecimento da atividade. “Trabalhamos com as temáticas atuais, que estão relacionadas diretamente à questão ética do jornalismo: o jornalismo investigativo; o fact checking [checagem de fatos] que tem sido cada vez mais utilizado, principalmente no combate às fake news; e as estratégias para pesquisar informações relevantes nesse mar de dados que a gente tem na internet”, destaca.

“Cada apresentação prestou algum tipo de serviço, levou algum tipo de informação que poderia de alguma forma contribuir para a sociedade”, enfatiza. O professor comenta ainda que foi muito prazeroso acompanhar os estudantes nesse projeto, pois seu desempenho demonstra que eles têm um bom conhecimento das questões éticas da profissão, e isso demonstra que sua formação tem sido sólida dentro da faculdade.

Impacto positivo nas escolas

Os estudantes de Jornalismo da Uninter deixaram boas impressões em suas apresentações. Caso, por exemplo, de Ivone de Assis Souza, Jhonatan Giovanini e Douglas Miranda em sua palestra no Colégio Estadual Benedicto João Cordeiro, de Curitiba. “Vale destacar a dinamicidade em suas falas, a capacidade em provocar a interação dos alunos, a clareza na linguagem e a abordagem de exemplos pertinentes que tornaram a atividade interessante e instigante”, pontuou a professora Lilian Castanheiro.

“Os ministrantes demonstraram muita segurança ao expor os temas, decorrente do conhecimento que possuem em relação aos mesmos. A linguagem utilizada foi apropriada e ao mesmo tempo acessível. Souberam estabelecer um diálogo interativo com os alunos, instigando-os a expor suas opiniões sobre os assuntos abordados”, completou a professora em sua ficha de avaliação.

A professora Lilian Castanheiro vai além do mero elogio. “Devido à relevância que o jornalismo ocupa em nossa sociedade, seria muito bom se as instituições que contêm tal curso pudessem oferecer à população mais atividades como essa. A alienação ainda é uma realidade que inebria as massas. Conscientizar nossos estudantes a buscar a verdade pode ser um caminho para superá-la”, acredita.

Os reflexos foram positivos também nas demais escolas. “Slides bem montados, tema bem apresentado. Houve boa interação com os estudantes, mas poderia ter mais exemplos”, ponderou a representante do Colégio Estadual Professor Elysio Vianna, Morgana Solzki, sobre a apresentação do trio de estudantes formado por Gabriel Bukalovski, Evandro Tosin e Carmen Witasiak.

A dupla Mateus Suzin e Emília Cussama fez a apresentação no Colégio Estadual Rio Branco, também em Curitiba. “Bom! Desenvoltos e criativos para serem alunos do segundo ano da faculdade de jornalismo”, anotaram na ficha de avaliação as estudantes Sonia Stanoga e Maria Tereza.

“Palestra com boa competência em prender a atenção das turmas com relação ao assunto”, resumiu o professor Regis Emerson de Lima, do Colégio Estadual Conselheiro Zacarias, sobre a apresentação dos estudantes Matheus Pferl, Valéria Alves e Bárbara Possiede. “Boa postura dos alunos, sempre conduzindo as perguntas e esclarecendo opiniões e dúvidas”, completou.

O jornalismo na sociedade

Alguns grupos ministraram mais de uma palestra para turmas diferentes. “Isso mostra a importância do jornalismo e como é importante a gente ter esse contato com a comunidade, reforça justamente o nosso compromisso com a sociedade, com a comunidade onde estamos inseridos”, destaca a professora Karine Vieira. “Serve também para os futuros jornalistas compreenderem a importância do seu trabalho, para entender a dimensão da profissão que eles escolheram”, completa.

Para ela, os principais pontos positivos a se destacar desta atividade prática é o reforço da importância do trabalho do jornalista, o papel do jornalismo na sociedade e, principalmente, fazer com que isso seja compreendido pela sociedade.

“Com este trabalho cumprimos uma importante missão de qualquer instituição de ensino superior que é estabelecer conexões com a sociedade. Estamos educando adolescentes para o consumo de informação. É uma prestação de serviço na qual os universitários podem aplicar o que estão aprendendo em sala de aula”, salienta o coordenador do curso de Jornalismo da Uninter, Guilherme Carvalho.

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Autor: Ivone Souza - Estudante de Jornalismo
Edição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro


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