Legado de Sebastião Salgado é tema do Cineclube Luz, Filosofia e Ação

Autor: Leonardo Tulio Rodrigues - Estagiário de Jornalismo

“Até mesmo a pessoa que não gosta de documentário vai ficar impactada com ‘O sal da terra’”. A frase do doutor em teologia Adriano Lima representa bem a grandeza da obra dirigida por Wim Wenders e Juliano Salgado, lançada em 2014, com o objetivo de contar a história de um dos maiores fotógrafos do mundo.

O documentário O Sal da Terra foi tema de debate no Cineclube Luz, Filosofia e Ação, exibido em 8 de novembro. O programa buscou discutir como a obra expõe a trajetória de Salgado na fotografia, seus desafios e experiências, além de sua importância política na luta contra os conflitos e a desigualdade em todo o mundo.

Nascido em 8 de fevereiro de 1944, na cidade de Aimorés (MG), Salgado iniciou sua trajetória na fotografia em 1973, deixando de lado uma carreira na publicidade. Durante as décadas de 1970 e 1980, fotografou momentos históricos, como a Revolução dos Cravos, em Portugal, e fez diversas viagens pela América Latina, que em 1986 resultou no lançamento da obra Outras Américas, um registro fotográfico da vida dos camponeses e dos índios do continente sul-americano.

Ainda na década de 1980, foi responsável por registrar a intensa atividade mineradora na região de Serra Pelada, no Pará. Esse trabalho, cujos registros fotográficos aparecem no início do documentário, evidencia a escravidão do homem pela necessidade de enriquecer.

Adriano Lima argumenta que a virtude do trabalho de Sebastião Salgado está em reconhecer e demonstrar a importância da dignidade humana por meio da fotografia, além de denunciar crimes e expor diferentes realidades. Para ele, Salgado possui a vocação para a defesa dos direitos humanos. “É o tipo de pessoa que precisamos escutar constantemente”, afirma.

Alvino Moser, professor decano da Uninter, afirma que a câmera de Salgado não apresenta uma visão neutra. Em sua opinião, a questão da solidariedade e da necessidade da preservação ambiental transparecem em todo o documentário.

“Ela (câmera) traz na fotografia de Salgado essa espécie de compaixão”, diz. O professor Douglas Lopes, do curso de Filosofia, acrescenta que os olhos do fotógrafo são capazes de fazer escolhas.

Sebastião Salgado também foi encarregado de cobrir os 100 primeiros dias de governo de Ronald Reagan, em 1981. Com isso, ele foi o único a registrar o atentado sofrido pelo então presidente dos Estados Unidos. Na década seguinte, Salgado viajou por diversos países e fotografou a realidade de imigrantes em meio a muitos conflitos, o que serviu como base para sua obra Êxodos.

Além de Alvino Moser, Douglas Lopes e Adriano Lima, a live contou também com a presença do professor Nilson Morais. Todos eles exaltaram a bela fotografia do documentário, que em muitos momentos alterna entre o preto e branco, muito presente nas fotografias de Salgado, e o colorido, mais típico da linguagem audiovisual contemporânea. O projeto foi indicado ao Oscar na categoria de melhor documentário em 2015, sendo desbancado por Citizenfour, obra norte-americana que aborda o escândalo de espionagem da NSA e as denúncias de Edward Snowden.

Apesar de não ter levado a estatueta, O Sal da Terra define o legado de engajamento do fotógrafo com causas humanitárias e deixa sua marca em todos aqueles que apreciam a fotografia e, mais do que isso, naqueles que apreciam a diversidade. Confira a sessão do Cineclube Luz, Filosofia e Ação que trata da obra O Sal da Terra clicando aqui.

* No destaque, foto tirada por Sebastião Salgado no deserto do Kwait em 1991.

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Autor: Leonardo Tulio Rodrigues - Estagiário de Jornalismo
Edição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro
Créditos do Fotógrafo: ©Sebastiao Salgado/Amazonas Images/NB Pictures


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