Honra teu pai: o chamado de Rogério para a música e o ensino religioso

Autor: Nayara Rosolen - Estagiária de Jornalismo

“Para quê procurar seu lugar no mundo, se você sabe de todas as coisas?” Esse foi o último questionamento que Rogério Franzini, 36 anos, escutou do pai, Roberto Franzini, pouco antes de ele morrer. Foram também essas palavras que o fizeram compreender o seu real propósito de vida: ser um educador.

Franzini é egresso do curso de licenciatura em Filosofia da Uninter, vinculado ao polo de São Bernardo do Campo (SP), e já atuou como tutor nos cursos de Teologia Católica, Teologia Bíblico-Interconfessional e licenciaturas em geral da instituição, em 2017. No ano passado, o docente compôs parte do Dicionário do Pacto Educativo Global, com o verbete 23, no qual fala sobre o diálogo inter-religioso. Mas a caminhada até este momento foi longa e marcada por passagens em diversas áreas profissionais.

O sonho de infância do paulista era ser músico, mas, sem o apoio da família na carreira artística, entrou para o Direito. Na reta final da graduação, percebeu que não era a área que gostaria de atuar e escolheu um curso técnico em radiologia para trabalhar temporariamente, enquanto decidia o que fazer. Ao passar por uma grave doença, o pai de Franzini o incentivou a retornar para o antigo desejo e estudar música, profissão que chegou a exercer.

“Foi lecionando musicalização para crianças e bateria e percussão para adolescentes portadores de deficiência que encontrei minha vocação de professor. A única coisa que me fazia bem era ensinar música. Pouco antes do seu último suspiro, meu pai disse: ‘Pra quê procurar seu lugar no mundo, se você sabe de todas as coisas?’. Seu sorriso sereno e misterioso ressoou em meu coração até entender que o que ele queria dizer é que nasci para ensinar. Foi um processo relativamente longo, dos 16 anos até os 30”, lembra.

Ainda na graduação de Direito, a filosofia, a história, a arqueologia e a teologia eram áreas que chamavam a atenção do então estudante. Um interesse que foi nutrido e resgatado quando decidiu investir na área da educação. “Me joguei de corpo e alma nesse processo”, conta. Na metade do curso de Teologia, para o qual conseguiu uma bolsa de 100%, Franzini ingressou na Uninter e conciliou as duas graduações por alguns semestres.

“Escolhi a Uninter por ter um conceito de excelência em sentido lato e por ser de fato a melhor universidade EAD que conheço. Já tive e tenho inúmeras experiências com plataformas digitais, e a experiência com a Uninter é inigualável, o que marcou muito toda minha trajetória até aqui.  Amo demais a equipe do polo de São Bernardo”, salienta.

Quase finalizando a licenciatura em Filosofia, Franzini foi convocado para o Enade e, com incentivo da instituição, recebeu uma bolsa integral para cursar uma pós-graduação, pois teve a nota acima da média nacional. Como assumiu o cargo de professor em uma rede de educação no início de 2019, ano em que realizou a pós, a área escolhida foi ensino religioso.

Durante a atuação na Uninter, o profissional lembra de um episódio marcante, no qual realizou uma oficina sobre Comunicação Não Violenta com alguns alunos. O interesse por comportamento humano e competências emocionais são assuntos que interessam Franzini há anos e a realização da atividade o fez expandir os horizontes. “Entender o passo a passo para uma comunicação não violenta (olha a questão do diálogo novamente aí) foi fundamental (observação, sentimento, necessidade e pedido)”, conclui.

Hoje, o docente possui também a segunda licenciatura em História e é especializado em Sagrada Escritura, Ensino Religioso, Hermenêutica e Fenomenologia. E realiza agora o mestrado em Intervenção Psicológica no Desenvolvimento e Educação, pela Universidade Europea del Atlántico, da Espanha. Atua em três escolas paulistas, para estudantes do ensino fundamental e médio. Além disso, leciona um curso bíblico itinerante de autoria própria, em paróquias da diocese de Santo André (SP), assim como diversas matérias de teologia em cursos livres, para leigos e religiosos.

“Percebi que as pessoas que migravam para outras igrejas cristãs apontavam a necessidade de aprender mais sobre a Bíblia. As que permanecem, ora ou outra questionam a falta de formação neste campo. Foi aí que criei um curso de 30 aulas. Basicamente busco oferecer um mínimo cabedal de informações históricas, literárias, arqueológicas, da tradição da Igreja Católica e de seu magistério, à luz da fé e da razão, compreendendo o auxílio das ciências contemporâneas em consonância com a Revelação Divina e com a Doutrina Católica, além dos respectivos métodos de interpretação”, explica.

A esposa Camila, de 38 anos, atualmente também realiza uma pós-graduação em Gestão Comercial, Planejamento e Estratégia na Uninter. É uma “grande apoiadora” da carreira de Franzini, assim como os três filhos. Rafael, 17 anos, “um menino excepcional, seu sonho é ser CEO do próprio negócio (gosta muito de tecnologia e do mundo virtual)”. Pedro, 10 anos, sempre acompanha o pai nos cursos livres e “tem um coração bom e generoso, um desejo crescente de fazer o bem”. E Maria, 6 anos, “a arteira da família, de temperamento forte, porém muito carinhosa e fofa”.

Todos têm o pai como inspiração. “Todos caminham como bons cristãos franciscanos, e para serem honestos cidadãos”, garante Franzini.

Participação no Dicionário do Pacto Educativo Global

Foi na construção de uma matriz para o ensino religioso, em uma rede de educação, que Franzini conheceu Humberto Silvano Herrera Contreras, consultor da Editora SM e quem o convidou para participar do Dicionário do Pacto Educativo Global, obra em parceria com a Associação Nacional de Educação Católica do Brasil (ANEC), a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e a Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB).

A iniciativa visa a oferecer referência aos educadores com os principais conceitos que compõem o núcleo do Pacto: A dignidade humana e o cuidado com nossa casa comum, ou seja, o planeta que habitamos. É um convite não só às escolas confessionais católicas, mas a toda humanidade.

O tema sobre diálogos inter-religiosos foi proposto por Humberto, mas Franzini conta que estuda muito os papas do século 19 para cá e os documentos correspondentes da Igreja. O autor tem como norteadores da pesquisa ético-teológicas o Concílio Vaticano II, as diretrizes da Conferência do Episcopado Latino-Americano e do Caribe (CELAM) e a Doutrina Social da Igreja. “O diálogo se faz presente em todos eles”, explica. Assunto que também foi tema da Campanha da Fraternidade de 2021 e que defende “em todos os âmbitos, seja social, político, econômico, religioso”.

“Sou leigo franciscano professo, na Ordem Franciscana Secular (OFS), e possuo muitas amizades com lideranças de diversas religiões. Inclusive, recentemente me uni a um sheik (líder muçulmano), para relembrarmos o encontro de São Francisco de Assis com o sultão Kamil Melek, ocorrido há 800 anos no Egito, encontro simbólico repetido recentemente também pelo papa Francisco, em ocasião que assinou uma declaração com o imã de Al-Azhar, no Cairo, Egito. Uma declaração histórica em nome do diálogo, da tolerância e da não-violência em nome de Deus”, conta.

De acordo com Franzini, o tema é fundamental para se construir a cultura do encontro que o Pacto Educativo Global propõe, no qual se entende todos os seres humanos são uma única família e precisam aprender a dialogar para cuidar do planeta que habitam. “A ecologia integral, que propõe Francisco, nos evidencia que tudo e todos estamos interligados, e que não existem crises, mas somente uma única crise, complexa e desafiadora, por evidenciar essa interligação e real necessidade de buscarmos unidade nesta imensa diversidade de biomas, culturas, etnias, religiões. O Pacto é um convite a toda humanidade”, complementa.

O autor conta que está “imensamente feliz” com a publicação, pois há alguns anos teve “um insight sobre esse assunto”. Foi ao longo da jornada acadêmica que descobriu o campo da ética e das relações humanas como um caminho a ser trilhado nas pesquisas e ações. O que o conduziu para o ensino religioso, área que busca evidenciar “a espiritualidade como inerência humana e a necessidade de promover a cultura do encontro e o rompimento com os preconceitos e intolerâncias”.

“A compreensão da alteridade, a autenticidade de uma existência que só faz sentido através do outro e com o outro, pois somos seres relacionais, sociais, expandiu meus horizontes. Sonho com o fim das polarizações, dos discursos de ódio, e de todas estas coisas que nada contribuem em nossos dias para o bem comum. Minha pequena contribuição neste dicionário, nessa difícil transição de época, e de acentuadas mudanças, alimenta minhas esperanças de um futuro melhor”, salienta.

Em 2018, Franzini já havia publicado o artigo O ser-com-os-outros e o conceito de alteridade: uma reflexão de complementaridade, no Caderno Intersaberes, intitulado Fluidez Interdisciplinar: o encontro da Filosofia e Sociologia. Possui também outras diversas publicações nas revistas da província franciscana que pertence com a família.

Agora, além dos tão sonhados mestrado e doutorado, o docente pretende se tornar um tutor ou professor universitário. Visa ainda, montar um ou dois polos da Uninter em cidades onde a instituição não está presente. Um sonho que remonta os tempos de calouro, quando estava desempregado e recebeu a oportunidade de atuar na Uninter. “Isso aumentou o meu desejo de ser professor universitário, vislumbrando no futuro gerenciar meu próprio polo”, ressalta.

Ainda sobre o futuro, diz que talvez faça parte de um projeto de material didático de ensino religioso para o ensino médio. “Minha dissertação de mestrado vinculará competências socioemocionais ao projeto de vida (novidade na pedagogia contemporânea), e possivelmente tentarei publicar. Ao atingir as titulações de mestre e doutor, pretendo publicar artigos em revistas científicas especializadas em filosofia, teologia, psicologia e pedagogia”, finaliza.

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Autor: Nayara Rosolen - Estagiária de Jornalismo
Edição: Mauri König
Créditos do Fotógrafo: Arquivo pessoal


1 thought on “Honra teu pai: o chamado de Rogério para a música e o ensino religioso

  1. Boa noite, paz e bem.
    Rogério Cristiano Franzini, nos conhecemos em 2016. Minha vida mudou para melhor após conhecê-lo, com certeza foi JESUS que marcou este encontro. Eu e minha família somos extremamente gratos por todo carinho, atenção e incentivo que o professor e hoje meu AMIGO tem me dado ao longo destes 5 anos. O conheci no curso básico de teologia que está disponível no Santuário do Nosso Senhor do Bonfim em Santo André/SP. Fui seu aluno, virei AMIGO e hoje discípulo-amigo. Concluí o curso em 2019 e ainda em 2019 o Rogério simplesmente me incentivou e doou todo seu material para que eu ministrasse formação bíblica na paróquia Nossa Senhora Aparecida em Santo André/SP. Vale ressaltar que não me cobrou nenhum um valor sequer pelo material e ainda me acompanha tirando dúvidas e nos aconselhando. Desenvolvo este lindo serviço para honra e glória do Senhor Jesus em parceria com minha esposa Luciana. Sou formado em teologia básica e mais algumas formações Bíblicas. Com incentivo e acompanhamento do Rogério atualmente estou cursando o Segundo ano de Bacharel em Teologia. Quis contar um pouco sobre mim e sobre o Rogério para que fique registrado a verdade sobre o texto acima. Ele sem dúvidas tem defeitos como qualquer outro ser humano, mas com certeza é um ser humano incrível e que está sempre pensando no próximo sem esperar nada em troca. Muito obrigado por tudo meu amigo-irmão, você é instrumento de Cristo aqui na terra. Eu e minha família amamos você e sua família.
    Ao autor e equipe, parabéns pela iniciativa de falar sobre a verdade de um pai, amigo, irmão e exímio profissional.
    Beijo no coração de todos e um forte abraço fraterno.

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