Gigantes da arquitetura, estádios de futebol passam por transformações

Autor: Daniela Mascarenhos - Estagiária de Jornalismo

Imagens da Cidade de São Paulo e Zoológico da Capital Paulista. Local: São Paulo/SP. Data: 27/03/2019. Foto: Governo do Estado de São Paulo

Você já olhou para as grandes estruturas dos estádios de futebol e ficou imaginando como conseguem comportar todo o público? Como as arquibancadas não racham com os pulos e objetos pesados das torcidas organizadas? E as cabines para a imprensa, como foram pensadas?

Assim como a Copa do Mundo 2022 precisou ser adiada até novembro devido ao clima excessivamente quente no Qatar nos meses de junho e julho, período em que normalmente ocorre a disputa, os estádios ao redor do mundo precisaram passar por diversas mudanças com o passar dos anos. Essas transformações os deixaram cada vez mais modernos.

O arquiteto e sócio-diretor da Hype Arquitetura, de Porto Alegre (RS), Fernando Balvedi comenta que “para a Copa do Mundo no Brasil [de 2014], fizemos o projeto de modernização do Beira-Rio [estádio do Sport Club Internacional, na capital gaúcha], então era algo em torno de 50 mil pessoas e, de fato, tem uma gama de fluxo de diferentes agentes dentro do espetáculo, dentro da partida, que são complexos de gerenciar”.

Em uma partida de futebol, é comum a presença de vários públicos. Desde os torcedores, os primeiros a chegar e que entram no estádio aos poucos, até os vips que ocupam camarotes e salas reservadas. Somados a essa gama de pessoas, há a imprensa que chega muitas horas antes, sai muitas horas depois e precisa de uma estrutura exclusiva para trabalhar dentro do estádio.

“Dentro de tudo isso, têm os jogadores que são os protagonistas desse espetáculo, então tudo é preparado e projetado para que a gente consiga fazer essa separação de chegadas e de como vai fluir esse trânsito de pessoas”, acrescenta o arquiteto.

O planejamento de fluxo é bastante complexo e complicado e deve ser estudado com muita atenção durante toda a execução do projeto. “Inclusive no projeto do estádio, e em todos os estádios da copa no Brasil, na Rússia, até mesmo no Qatar, são feitas simulações computadorizadas de fluxo de multidão para garantir que tudo isso vai funcionar na hora do jogo”, explica Fernando.

A modernização dos estádios

Os estádios no Brasil começaram a surgir por volta da década de 1970 e apenas com o objetivo de acomodar o maior número de torcedores possíveis. “Era comum estádios serem feitos para até 90 mil pessoas. O próprio Maracanã, na Copa de 1950, dizem as histórias que tinham mais de 200 mil pessoas no estádio”, comenta o educador físico e doutorando em Educação Emerson Micaliski.

Mas foi a partir de 1999 que surgiu uma tendência para as construções com a inauguração da, na época, nova Arena da Baixada, estádio do Club Athletico Paranaense. “Essa reforma trouxe à tona esse novo modelo, justamente por ser pensado no conforto do público e na segurança, questões que já deveriam estar sendo abordadas”, diz Emerson.

Até então, os estádios brasileiros eram mais simples. Apenas arquibancadas de cimento, sem cadeiras ou coberturas. E, a partir de Copa do Mundo de 2014, o pensamento de apenas acomodar o maior número de pessoas dentro do estádio foi deixado de lado e passamos a ver as propriamente ditas arenas de futebol.

Segundo o professor, “obviamente que reduziu a capacidade de torcedores permitida, mas, consequentemente, houve essa modernização para que as pessoas tivessem mais conforto e segurança. Não comente os espectadores, mas os próprios atletas”.

Além da estrutura, os estádios passaram a oferecer serviços agregados. Inicialmente, as exigências eram com melhorias na alimentação, atender às demandas televisivas etc. Hoje, os estádios precisam ser multifuncionais, com lojas, locação de espaços vips para eventos, restaurantes com melhores avaliações, entre outros.

“A tecnologia também está embarcada nos estádios. Nós vemos lugares em que você só precisa levar o seu celular e faz absolutamente tudo através dele. Desde a compra do ingresso, até o entrar no estádio, comprar os alimentos dentro do estádio e só precisa retirar no quiosque. E é uma coisa que ainda vai avançar muito mais”, acrescenta Fernando.

Também adepto às modernizações, o hoje Allianz Parque (foto), conhecido popularmente como Estádio do Palmeiras ou Parque Antarctica, teve sua construção iniciada em 2010 e somente em novembro de 2014 foi concluído. Inclusive, foi eleito em fevereiro de 2015, por voto popular, o estádio do ano pelo site inglês Stadium DataBase.

Segundo o site oficial Arena Palmeiras, o estádio foi construído com a ideia de uma arena multiuso, ou seja, já atendendo às novas demandas. Seu espaço foi todo planejado para receber com conforto e praticidade shows, eventos e, principalmente, as partidas de futebol da Sociedade Esportiva Palmeiras.

Arquitetura, sustentabilidade e inclusão

O Pacto Global da ONU é uma iniciativa que engloba mais de 190 instituições ao redor do mundo, que devem alinhar suas operações a dez princípios universais nas áreas de meio ambiente, direitos humanos, anticorrupção, entre outros.

No Brasil, o Coritiba Foot Ball Club foi o primeiro clube a se tornar membro dessa iniciativa, em agosto de 2022. Desde 2011 que questões como sustentabilidade, responsabilidade e defesa da biodiversidade já são adotadas dentro da organização do time.

Além de um futebol mais sustentável, outra expectativa é que os estádios possam se tornar mais inclusivos. O Coxa, como o clube é popularmente conhecido, já trabalha para dar exemplo. Em abril de 2022, o clube anunciou a construção da sala de acomodação sensorial para torcedores autistas e seus familiares no estádio Major Antônio Couto Pereira, sendo o primeiro no Brasil a dispor desse espaço diferenciado.

A interação entre arquitetura e esporte nos estádios de futebol foi tema da edição de agosto do programa Segredos da Arquitetura e do Design. A professora entre Giselle Dziura recebeu Emerson Micaliski e Fernando Balvedi para o bate-papo, que você pode assistir completo clicando aqui.

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Autor: Daniela Mascarenhos - Estagiária de Jornalismo
Edição: Arthur Salles - Assistente de Comunicação Acadêmica
Créditos do Fotógrafo: Diogo Moreira/MáquinaCW e reprodução YouTube


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