Exemplo de superação, Lorena vai às Paralimpíadas Universitárias

Autor: Matheus Pferl - Estagiário de Jornalismo

A vida às vezes coloca obstáculos imprevisíveis no nosso caminho. No entanto, sempre podemos escolher como enfrentá-los. Lorena de Oliveira Koenig tem 38 anos e com apenas 8 meses foi diagnosticada com paralisia cerebral. Desde então, vem superando barreiras diariamente e provando para si mesma que os limites existem para serem superados. E, com força de vontade, se tornou atleta paralímpica.

Lorena é aluna da Uninter, onde estuda Gerontologia. Seu maior objetivo é se formar para que consiga ajudar seus pais, que já são idosos, quando preciso. Além disso, Lorena sabe como poucos a importância de estender a mão ao próximo, e sempre que possível quer ajudar. “Escolhi o curso de Gerontologia pois achei interessante, já que meus pais são idosos. Posso colaborar com o conhecimento, auxiliando minhas duas irmãs quando eles necessitarem de cuidados, e posso desenvolver projetos para melhorar a qualidade de vida dos idosos em geral”, afirma Lorena.

Desde que foi diagnosticada, ainda quando era bebê, Lorena fez vários tratamentos que ajudaram em seu desenvolvimento, tanto intelectual quanto físico. Atrelado a isso, nunca aceitou as barreiras que eram colocadas à sua frente, sua vontade de aprender sempre foi maior. “Quando recebi o diagnóstico, imediatamente fui matriculada numa clínica de estimulação precoce. Passei pela APAE [Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais], onde permaneci por mais tempo. Naquele tempo, a quarta série era o fim da linha nos estudos para crianças especiais. Eu tinha 12 anos. Mas meus pais não se acomodaram e eu fui ser ‘aluna ouvinte’ da minha mãe, que lecionava para a terceira série do ensino fundamental”, conta.

Seus pais sempre acreditaram que a filha poderia chegar longe, e com base nos ótimos resultados escolares, decidiram matricular Lorena no ensino regular do Colégio Estadual Cecília Meireles, em Curitiba (PR), o que não foi um período fácil. Mas com o apoio de sua família e muita força de vontade, superou os obstáculos novamente.

“Foi meio complicado pois não era comum a inclusão, mas no final deu tudo certo. Fiz a terceira e quarta séries sendo aluna da minha mãe e, ao chegar na quinta, foi complicado novamente. Minha mãe fez uma reunião com os professores e todos se mostraram preocupados, afinal era a primeira aluna ‘especial’. Não demorou muito para todos ficarem motivados e solidários. Dentre os  colegas, uns ajudavam, outros tiravam sarro e outros eram preconceituosos. Fui vencendo cada obstáculo que aparecia diariamente e assim terminei até o segundo grau”.

Após concluir o ensino médio, decidiu fazer um curso de Pedagogia, mas ficou muito decepcionada com o preconceito que enfrentou. Hoje, Lorena conta que se alegra em ver na Uninter um lugar de inclusão. “Logo depois de concluir o segundo grau, fui fazer curso de Pedagogia e, aí sim, soube que os adultos são muito mais preconceituosos do que as crianças. Mas novamente venci. Hoje, me surpreendo com o avanço que houve em relação à pessoa com necessidade especial e fico feliz em saber que a Uninter se preocupa nesse aspecto, inclusive com o programa de inclusão. A Uninter me recebeu muito bem e me auxilia no que eu preciso, inclusive dando mais tempo para realizar as provas. Esse apoio é fundamental, pois minha dificuldade motora é grande”, ressalta.

O esporte como grande aliado

Lorena conta que o esporte abriu várias possibilidades em sua vida. “Além de uma maior independência, o esporte me trouxe amigos, grupos, competições, a oportunidade de conhecer novas cidades e diferentes culturas. Isso também me incentivou a estudar inglês e espanhol”, relata.

Na sua carreira esportiva, Lorena tem um currículo extenso. “Já participei de regionais, brasileiros, Copa América de Bocha no Canadá, Mundial de Petra na Dinamarca, Campeonato Europeu em Portugal, e consegui obter bons resultados. O último foi em fevereiro de 2020, em Vitória (ES)”.

Esporte não é só competição, esporte é vida, e nem a pandemia foi capaz de afastar a atleta de suas atividades. Os campeonatos foram suspensos, mas a atleta segue firme na rotina de preparação. “Eu treino em casa, no pátio do condomínio, não paro. Pode não ser o ideal, mas é o que tenho para treinar diariamente”, conta.

E apesar de já estar acostumada a competições, é a primeira vez que Lorena vai participar de uma Paralimpíada Universitária, o que é motivo de muito orgulho. E neste desafio, vai levar a Uninter com ela. A atleta irá usar camisetas da instituição nas provas. “Nas Paralimpíadas Universitárias é a primeira vez que vou participar. Estou muito ansiosa e animada, e quero levar o nome da Uninter pro pódio”, afirma.

A modalidade petra

Petra é uma modalidade de atletismo, e no Brasil começou a ser praticada em 2009. Com origem na Dinamarca, foi criada especialmente para aqueles que sofrem de paralisia cerebral. Os atletas usam uma espécie de triciclo adaptado, que dá o suporte ao corpo, e correm com suas próprias pernas.

Lorena é uma atleta de repertório. Além da petra, praticava bocha. “Eu treinei bocha durante 11 anos, mas devido a dores no braço tive que parar. Agora eu treino só a petra. As corridas acontecem na pista de atletismo, e as provas são de 100, 200 e 400 metros”, conta.

Paralimpíadas Universitárias

As Paralimpíadas Universitárias estavam programadas para ocorrer em 2020. Entretanto, devido à inesperada pandemia de Covid-19, o evento foi adiado para 2021, e vai acontecer de 16 a 19 de setembro em São Paulo. Podem participar estudantes universitários que tenham alguma deficiência física, intelectual e visual.

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Autor: Matheus Pferl - Estagiário de Jornalismo
Edição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro
Créditos do Fotógrafo: Arquivo pessoal


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