Estudo aborda o papel das abelhas para a agricultura

Autor: Kethlyn Saibert - Estagiária de Jornalismo

A polinização é essencial para a manutenção da vida na Terra. Para se ter uma ideia, 87,5% das plantas do planeta dependem desse processo para se reproduzirem. A polinização acontece pela transferência dos grãos de pólen das anteras de uma flor (parte masculina) para o estigma (parte feminina) da mesma flor, ou de outra flor da mesma espécie. É deste modo que se formam as sementes e os frutos. As plantas necessitam de agentes que ajudem no transporte dos grãos de pólen, como o vento e a água (agentes abióticos) e os animais e insetos (agentes biótipos), sendo que as abelhas são as principais responsáveis pela polinização.

De acordo com o 1° Relatório Temático sobre Polinização, Polinizadores e Produção de Alimentos no Brasil, de 2019, da Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmico (BPBES), a polinização está presente em 191 (66%) das 289 plantas silvestres ou cultivadas em solo brasileiro. No país, a polinização é fundamental para a produção de alimentos como soja, café, feijão e algodão – principais produtos que movem a economia nacional.

Segundo o artigo A importância da polinização, publicado em julho de 2020, no Caderno Meio Ambiente e Sustentabilidade da Uninter, há um mau uso dos agentes polinizadores no meio agrícola brasileiro. Os autores, Gustavo Hanich Kirsch e Rafael Peres dos Reis, explicam que no país prevalece uma ideia errada sobre qual é o agente polinizador mais eficiente. O problema é que há uma disposição muito grande em supervalorizar a abelha melífera e considerá-la capaz de polinizar qualquer espécie vegetal, cultivada ou não.

A abelha melífera é mais conhecida como a abelha-europeia (Apis mellifera). A espécie é muito comum na produção apícula, porém não são todos os cultivos que são atrativos ou compatíveis no que diz respeito ao potencial polinizador dessas abelhas. O artigo cita a pesquisa de Freitas (1994): “No país em que vivemos, ainda prevalece a ideia errada de que a simples introdução na área plantada de algumas colmeias de abelhas já é suficiente para obter-se os níveis ideais de polinização. Como consequência, temos culturas mal polinizadas, com baixos indicadores de produção e que apenas colaboram para o desmerecimento dos serviços de polinização no meio agrícola nacional”.

Os autores do artigo destacam que, para que uma abelha, ou qualquer outro animal, possa ser identificado como polinizador de uma certa cultura agrícola, é necessário que o potencial polinizador seja atraído pelas flores da cultura. Os fatores considerados são: tamanho e comportamento adequados para remover pólen dos estames e depositá-los nos estigmas; capacidade de transportar em seu corpo grandes quantidades de pólen viável e compatível; período de receptividade do estigma – que visite as flores antes do início da degeneração dos óvulos.

Os autores exemplificam o caso da fruta acerola – que não produz néctar – e por este motivo não chama a atenção das abelhas melíferas. Essa fruta é mais atrativa para as abelhas do gênero Centris. O mesmo ocorre com o maracujá, que obtém polinização das abelhas do gênero Xylocopa, e a leguminosa alfafa, que é polinizada pelas abelhas do gênero Megachile rotundata.

A estrutura e morfologia da flor, volume e concentração de néctar influenciam no resultado dos cultivos. É necessário ter conhecimento de que cada plantio é uma situação diferente.  Os autores orientam que é preciso estar atento às condições climáticas, competição com outras plantas, abundância e a eficiência dos polinizadores em cada caso, porque “nem todas as espécies vegetais são igualmente atrativas para todos os polinizadores, e nem todo visitante floral é eficiente na polinização de qualquer cultura”.

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Autor: Kethlyn Saibert - Estagiária de Jornalismo
Edição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro
Créditos do Fotógrafo: Nick115/Pixabay


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