Esporotricose: um fungo de risco em nossa casa

Autor: Paulo Felipe Izique Goiozo (*)

A esporotricose é uma zoonose fúngica (micose) que comumente resulta em múltiplas lesões na pele com formações de úlceras. A doença é causada por fungos do gênero Sporothrix e, além do homem, esse fungo acomete muitas espécies de animais, tanto domésticos, quanto de produção ou selvagens. A incidência da esporotricose é relatada em países tropicais (clima quente e úmido). No Brasil, há notificações de hospitalizações de seres humanos em todos os estados, com atenção para o Amapá, com uma taxa de mortalidade de aproximadamente 3%.

Sporothrix é encontrado na natureza em palhadas, espinhos, madeira, feno e musgo, ou seja, em qualquer matéria orgânica se decompondo no solo. A contaminação, geralmente, se dá pela inoculação do fungo a partir de perfurações de matéria orgânica, como espinhos e farpas de galhos, ou, o mais frequente, por arranhaduras de gatos contaminados, tanto para o homem quanto entre animais. Embora a forma popularmente da doença seja a cutânea, a esporotricose pode resultar em manifestações respiratórias e linfáticas.

Quanto aos sinais e formas clínicas, nos humanos a esporotricose pode apresentar as formas cutânea localizada, cutâneo-linfática, mucosa localizada e disseminada. A gravidade da doença varia conforme a profundidade da lesão inoculadora, características da cepa e estado imune do paciente. Nos animais, o gato é diagnosticado com maior frequência, sendo que, as regiões mais acometidas são a cabeça e as partes distais dos membros. As lesões são úlceras profundas que sangram com facilidade e há formação de crostas compostas por tecido morto e secreções.

O diagnóstico da esporotricose é feito pelo isolamento do fungo em meios de cultura específicos ou pela microscopia direta de material coletado da lesão. É importante ressaltar que o sucesso da microscopia depende diretamente do método de coleta, que deve ser feita na área mais profunda da ferida e sem a contaminação com sangue ou tecido morto. Adicionalmente, o exame clínico bem executado e o histórico do paciente, humano ou animal, é de grande valia para o diagnóstico.

O tratamento, independentemente da espécie do paciente, é longo (aproximadamente três meses) e é feito com antifúngicos como o itraconazol. O uso tópico de fármacos a base de iodo, também pode contribuir significativamente com a melhora clínica dos animais.

Sobre as medidas preventivas, não há vacinas, sendo assim, a melhor maneira de prevenir está no cuidado com o ambiente e manuseio com animais sob suspeita ou confirmação da doença. É importante salientar que o tratamento de animais com esporotricose é eficaz quando feito corretamente, não sendo indicado a eutanásia. Em caso de suspeita, como a presença de pequenos nódulos ou feridas nos animais, principalmente gatos, o tutor deve procurar o médico veterinário o quanto antes para confirmação do diagnóstico e terapia adequada.

*Paulo Felipe Izique Goiozo é médico veterinário, mestre em Patologia Veterinária, doutor em Fisiopatologia e Saúde Animal e professor da Escola Superior de Saúde Única da Uninter.

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Autor: Paulo Felipe Izique Goiozo (*)


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