Esporotricose: o fungo que afeta as pessoas e os animais

Autor: Poliana Vicente de Souza (*)

A doença causada por fungos do gênero Sporothrix tem apresentado um aumento de casos registrados no Paraná. A esporotricose é uma micose que afeta principalmente os gatos, mas também pode acometer as pessoas e outros animais, sendo considerada uma zoonose.  

No Paraná, os primeiros casos de esporotricose foram observados na região metropolitana de Curitiba a partir de 2011 e, desde então, os casos têm aumentado progressivamente. De acordo com dados da Prefeitura de Curitiba, somente neste ano, já foram registrados 329 casos em humanos e 591 em gatos no munícipio.  

O fungo está no ambiente, sendo encontrado em cascas de árvores, espinhos e terra, podendo infectar pessoas e animais por meio do contato. Atualmente, a forma de transmissão mais comum entre pessoas e animais ocorre por meio de arranhões e mordidas de gatos doentes ou por contato direto com as lesões do animal.  

A briga entre gatos é a forma mais comum de ocorrer a transmissão nos felinos que possuem acesso à rua, disseminando a doença de forma abundante. Além disso, os gatos são os hospedeiros mais suscetíveis da doença e possuem alta carga fúngica, além de serem acometidos de forma grave. Desta forma, os gatos não devem ser tratados como vilões desta história, mas sim como as principais vítimas.  

Nos gatos, a doença se manifesta por meio de feridas que não cicatrizam e se espalham pelo corpo rapidamente, podendo evoluir com gravidade e levar ao óbito. As lesões podem estar associadas a sintomas respiratórios, caracterizadas por focinho inchado e espirros. Nos humanos, é comum o aparecimento de lesões na pele que ficam avermelhadas, podendo ulcerar. As lesões podem apresentar secreções sanguinolentas que podem conter pus. Estes sinais geralmente aparecem nas mãos e braços, devido a maior possibilidade de arranhaduras.   

A doença tem cura, tanto para animais como para humanos e o tratamento deve ser feito com orientação e acompanhamento médico. O tratamento, apesar de longo, é efetivo na maioria dos casos. Devido à alta incidência de casos de esporotricose felina no Paraná, o Estado passou a disponibilizar o medicamento para tratar os animais com a doença pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Anteriormente, o medicamento era disponibilizado exclusivamente para o tratamento de humanos, mas recentemente foi adquirido pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) com recursos próprios do Estado, formalizado pela Nota Técnica 06/2023.  

No Paraná, a esporotricose também passou a ser reconhecida como uma doença de interesse estadual e de notificação compulsória, pela Resolução Sesa 93/2022, o que permite uma melhor divulgação de dados epidemiológicos e consequentemente, influencia positivamente nas ações de prevenção e controle da doença no Estado. 

 Para prevenir e também evitar a transmissão da doença, algumas orientações são necessárias:  

  • Usar luvas ao manusear o animal doente e ministrar corretamente os medicamentos receitados por veterinário; 
  • Castrar os gatos e limitar o acesso à rua pode reduzir brigas entre os animais, prevenindo a disseminação da doença; 
  • Usar luvas e lavar bem as mãos ao mexer com terra pode evitar a infecção pelo ambiente; 
  • Em caso de óbito, os animais devem ser cremados e não enterrados, para evitar a contaminação ambiental; 
  • Ao encontrar um animal de rua com suspeita da doença, é necessário acionar a Vigilância em Saúde do município e evitar tocar no animal; e 
  • Não abandone o seu animal! Além de crime, é uma crueldade com o animal que está em sofrimento pela doença. 

(*) Poliana Vicente de Souza é Médica Veterinária, especialista em Saúde da Família, professora do Centro Universitário Internacional UNINTER.

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Autor: Poliana Vicente de Souza (*)


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