Entenda os conflitos e tendências de influenciadores digitais

Autor: Poliana Almeida – Estagiária de Jornalismo

Make-up. Beauty blogger at work

56,1 milhões de pessoas. Esse é o número de seguidores do produtor de conteúdo Felipe Neto, somando seu canal no YouTube e a conta no Twitter. Não por acaso, ele foi considerado um dos 100 nomes mais influentes do mundo em 2020. O jovem youtuber é hoje um dos maiores influenciadores digitais do país.

Por sinal, essa é uma profissão que tem dado o que falar. O termo ‘influenciador’ começou a ser utilizado no Brasil em meados de 2014. Naquela época, ‘blogueiras’ eram as pessoas que alimentavam apenas seus blogs. Até que começaram a produzir conteúdo também para o YouTube, Facebook e Instagram. A nova denominação surgiu para abarcar esse trabalho em multiplataformas.

Por mais que no início isso não fosse tão explícito, os influenciadores mexiam diretamente com o hábito de consumo das pessoas. Mas hoje o campo de influência vai muito além. Influenciador é o sujeito que tem a capacidade de amplificar discursos, sejam eles de qualquer natureza. Nesse sentido, “o próprio termo influente se esvaziou, pois, de certa forma, todos nós somos influentes em alguma medida em nossa vida”, explica Issaaf Karhawi, doutora em ciências da comunicação pela Universidade de São Paulo.

No programa Vem Saber do dia 13.jul.2021, o professor Clóvis Teixeira Filho, coordenador dos cursos de pós-graduação em comunicação da Uninter, recebeu Issaaf para falar sobre o trabalho dos influenciadores digitais.

De acordo com Issaaf, influenciadores digitais são, antes de tudo, formadores de opinião. “Líderes de opinião são esses sujeitos no meio do caminho entre a mídia tradicional e os públicos. E eles democratizam uma discussão, simplificam uma discussão. Os influenciadores fazem parte de um grupo social e, de forma tácita, eles vão sendo reconhecidos por esses grupos, porque eles passam a ter um lugar de prestígio na rede, que é o lugar de formador de opinião”, esclarece.

Além de compartilhar opiniões sobre assuntos polêmicos, o público tem outras formas de relação com os influenciadores, como explica a pesquisadora:

  • Pela lógica de identificação (pessoalidade): “O influenciador parece com você, tem sua faixa etária. Você se identifica com aquela pessoa”.
  • Pela lógica de projeção (aspiracional): “É quase o lado completamente oposto da identificação. São os influenciadores com quem a gente se identifica por projeção, ou seja, é aquele sujeito que não está no mesmo lugar que você, mas você gostaria de viver aquela lógica”, exemplifica.

Tomando como base esses modelos de relação, grandes marcas apostam sem medo no trabalho de influenciadores. A comunicação direcionada e a humanização do produto são características marcantes desse trabalho. “Se estamos falando de projeção e identificação, quando uma marca se aproxima de um influenciador é como se ela ganhasse de brinde essas características deles”, conta a doutora em comunicação.

Issaaf aponta ainda que os influenciadores auxiliam em um dos itens mais caros para a publicidade, que é o discurso de testemunho. “O que os influenciadores fazem o dia inteiro nos stories, senão testemunhar que um produto é bom ou não? Isso aparece naturalmente no trabalho dos influenciadores digitais”.

Dentre as tendências dessa profissão, a estudiosa acredita que a liberdade de produção seja uma delas. “Existem muitas formas de publicação com os influenciadores. Isso tem a ver com a liberdade de produção, tem a ver com a construção de narrativas mais autênticas. Se eu entendo como a influência se dá, eu permito que o influenciador produza livremente. Eu não preciso roteirizar o influenciador, porque, afinal de contas, eu sei por que ele está nesse espaço”, pontua.

Além disso, pensando na profissionalização dos influenciadores digitais, Issaaf diz que também é preciso cobrar posturas éticas, principalmente diante do Conar (Conselho de Autorregulamentação Publicitária). Afinal, a publicidade paga dentro de um perfil em alguma rede social deve seguir os ditames que respeitem o consumidor, e que tenham um discurso verdadeiro. Foi pensando nisso que o Conselho lançou o Guia de Publicidade para Influenciadores Digitais, que busca estabelecer parâmetros éticos para a atuação destes profissionais.

Incorporar HTML não disponível.
Autor: Poliana Almeida – Estagiária de Jornalismo
Edição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro
Créditos do Fotógrafo: Pixabay


Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *