Entenda a polêmica dos alimentos transgênicos

Autor: Kethlyn Saibert - Estagiária de Jornalismo

Atlantic salmon. Salmo salar.

Alimentos transgênicos são produtos que sofreram alterações genéticas. O resultado da técnica, produzida em laboratório, também é chamado de organismos geneticamente modificados (OGM). Essa tecnologia consiste em transformar um organismo com o DNA de outra espécie. Dessa forma, é possível criar alimentos mais nutritivos, resistentes a doenças, herbicidas, pragas e condições climáticas.

Contudo, há controvérsias e também muita desinformação a respeito do assunto, principalmente em relação à saúde humana. Por causa dos agrotóxicos, críticos alegam que o consumo de transgênicos pode desencadear alergias e outras doenças, além de impactar negativamente o meio ambiente.

De acordo com o professor Benisio Ferreira, do curso de Biomedicina da Uninter, os transgênicos podem trazer malefícios caso sejam manipulados sem reponsabilidade ecológica e social. “O problema não é o transgênico e nem a técnica da transgenia em si. O problema é quem está fazendo”, argumenta.

Benisio aponta um exemplo positivo de transgênico: O arroz Golden Rice, com grande quantidade de vitamina A. “Esse arroz possui uma vantagem nutricional ao consumidor final. Se meu intuito é gerar um produto que aumente a produção e que leve algum tipo de benefício ao consumidor, fazendo com que ele seja mais nutritivo e que tenha mais vitaminas, então isso é um exemplo benéfico de transgênico”, afirma.

Quando bem empregada, a manipulação genética oferece muitas vantagens, como é o caso do peixe AquAdvantage (foto) – um salmão do Atlântico – espécie à qual foi acrescentado o gene do crescimento do salmão-rei (espécie do Pacífico). Essa transgenia produz salmões com o dobro do tamanho: “Nesse exemplo do AquAdvantage, são produzidas apenas fêmeas estéreis com zero risco para o meio ambiente. Como elas são estéreis, é uma produção literalmente ‘industrial’ desse peixe para consumo, sem a possibilidade que ela cruze e dê origem a outros peixinhos carregando essa modificação genética e modificando de alguma forma o meio ambiente. Quem fez essa transgenia sabia o que estava fazendo e calculou o impacto ambiental”, explica Benisio.

Na agricultura, os transgênicos têm a proposta de adaptar a planta ao ambiente. Deste modo, é possível cultivar plantas adaptadas ao tipo de solo de uma região que não conseguiriam se reproduzir de outras maneiras.

“Por exemplo, a maçã tem uma quantidade de horas de frio ideal e temperatura ideal. Então, em um determinado lugar não é possível cultivar maçãs, mas essas técnicas fazem com que o organismo se modifique para produzir, independente da questão ambiental”, explica o agrônomo Alisson David Silva, professor do curso de Nutrição da Uninter.

A má fama dos transgênicos

Benisio diz que muito da imagem negativa dos transgênicos é associada a um acontecimento que ocorreu no início dos anos 2000, quando a empresa Monsanto – multinacional do grupo alemão Bayer – lançou a primeira variedade modificada de soja e algodão tolerantes a herbicidas junto com o Roundup Ready, herbicida à base de glifosato.

O objetivo era que os produtores utilizassem as sementes junto com o herbicida. Porém, as sementes não traziam nenhum tipo de benefício nutricional ao consumidor final, além de ter aumentando a dispersão do herbicida nas lavouras, causando desiquilíbrio ambiental. “Isso causou uma má impressão dos transgênicos. E só trouxe benefícios para a empresa, que lucrava duas vezes, por vender as sementes junto com o herbicida”, afirma Benisio.

O professor pondera que por causa da manipulação é possível calcular qual será o resultado do cruzamento genético. Por isso, “quem faz o transgênico sabe o que está fazendo”. Ele argumenta que o problema é a falta de investimento na área.

Para os pequenos produtores, a tecnologia pode auxiliar nas necessidades locais de uma comunidade. “Já imaginou se nós tivéssemos desenvolvimento de alguns transgênicos que trouxessem segurança e que possibilitasse ao pequeno produtor a aumentar a sua produção? E que essa produção fosse boa o bastante para suprir as necessidades locais, como no interior de bairros etc.? Sem uma tecnologia por trás, essa produção não vai aumentar”, afirma.

Alisson aponta que é muito difícil para o agricultor cultivar a lavoura sem a assistência de defensivos agrícolas. “Faça sol, faça chuva, o agricultor tem que estar sempre cuidando e se preocupando com secas ou chuvas de granizo. Não podemos julgar o trabalho defendendo que não se pode usar agrotóxicos de jeito nenhum, quando não sabemos o que o agricultor passa para manter a sua produção. Querendo ou não, é o ganha pão de muitas famílias”, indaga o professor. Ele reforça que “temos que dar o caminho”, por meio de pesquisas e investimento para aperfeiçoar a tecnologia e assim diminuir o uso de agrotóxicos.

Os professores debateram o assunto na palestra Transgênicos: Amigos ou Monstros, quem é o vilão?, realizada no dia 25.set.2020, durante a Maratona Ecos do Brasil Uninter, transmitida pela página Maratonas para Desenvolvimento Sustentável, no Facebook.

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Autor: Kethlyn Saibert - Estagiária de Jornalismo
Edição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro
Créditos do Fotógrafo: U.S. National Oceanic and Atmospheric Administration e reprodução


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