Encanto: família e simbolismo, muito mais que uma animação

Autor: Daniela Mascarenhos - estagiária de jornalismo

Se você é fã da Disney ou um telespectador assíduo de animações, com certeza conhece a produção “Encanto”. Vencedora da categoria de melhor animação do Oscar 2022 e que conquistou um mês consecutivo no topo da Billboard Hot 100 com a trilha sonora Não falamos do Bruno (We don’t talk about Bruno em inglês), Encanto é muito mais que um filme repleto de músicas contagiantes.

A animação conta a história dos Madrigal, uma família excepcional que vive em uma casa mágica escondida entre as montanhas da Colômbia, em um lugar maravilhoso chamado Encanto. Foi a magia ali presente que deu a todos membros da família dons especiais e únicos, com exceção de Mirabel. E, é em torno dela que o enredo se forma, pois quando Mirabel descobre que a magia corre perigo, ela percebe e decide que ela, a única sem poderes, pode ser a última esperança de todos.

Além de ser um dos poucos roteiros sem um antagonista declarado, os produtores ousaram ainda mais com a decisão de manter tanto o nome quanto algumas palavras durante os diálogos em espanhol, mesmo no formato original, e por escalar toda a família como protagonista. Afinal, seriam muitos personagens, não? Em outro caso, talvez, mas em Encanto isso passou longe de ser um problema.

Logo na primeira música, intitulada Família Madrigal (The Family Madrigal no original), os integrantes são apresentados e a melodia não demorou a fazer sucesso nas redes sociais. Em plataformas como Instagram e TikTok, principalmente, os ritmos animados deram palco para as famosas “dancinhas” e dublagens.

Não obstante, o design da obra é chamativo por si só, repleto de cores vibrantes e que foram estudadas com muita atenção. As paletas de cores escolhidas para cada personagem, assim como os detalhes escondidos em suas roupas, remetem ao seu dom e conectam os integrantes de cada família.

Simbolismos que não passam despercebidos

No filme, que retrata uma típica família colombiana, existem diversas menções à cultura latino-americana e suas variedades. Como por exemplo, a tradição de manter o sobrenome.

Um dos pontos mais marcantes, é a presença de uma matriarca na família, no caso, a avó ou “abuela”, Alma Madrigal. A personagem é o centro da casa, fazendo com que o sentimento de pertencimento e identificação surgisse no público. Afinal, a maioria das pessoas cresceu com a família toda se reunindo na casa dos avós para os almoços de domingo ou em datas comemorativas.

Ela também traz toda a rigidez e cobrança que muitos já devem ter sentido em seus ambientes familiares. Quem nunca se sentiu pressionado pela família, não é mesmo? No longa, esse conflito é retratado, principalmente, na personagem Isabela. Ainda no começo ela é apresentada como a perfeita e preferida entre os primos. Somente no decorrer da história, ao passar por um processo de autoconhecimento, ela ganha mais autoconfiança para mostrar seu verdadeiro eu.

Outro fator muito característico dos latino-americanos são as superstições, que são apresentadas pelo personagem Bruno. Por ter o dom de ver o futuro, teme o azar e carrega com ele uma variedade de crendices.

Entre as mais comuns estão: colocar a vassoura de ponta cabeça no cômodo quando tem a presença de alguém que ele quer que vá embora; jogar um punhado de sal sobre o ombro para expulsar o azar e bater três vezes na madeira para trazer sorte.

Um detalhe que passou despercebido por muitas pessoas, mas que com certeza mostra todo o estudo feito para a criação do longa, é a presença constante de borboletas. Estas que remetem a um dos pontos principais do filme: a transformação. Podem ser vistas nas roupas, nas decorações do cenário e até mesmo no momento mais impactante entre os personagens, mas, sem spoilers!

Um pouco de história para o mundo

Observando pelas vestimentas e também pela câmera fotográfica utilizada no filme, não é difícil chegar à conclusão de que o longa é ambientado nos anos 50. Esse fator já foi suficiente para que várias especulações surgissem acerca da cena inicial, onde vemos os avós de Mirabel, Alma e Pedro, fugindo de sua cidade natal.

Muitos fãs chegaram à conclusão de que se tratava de uma referência a um dos eventos mais importantes da história colombiana: a Guerra dos Mil Dias. Um conflito que surgiu como produto de uma guerra civil entre grupos conservadores e liberais. Nesse período, muitas cidades e vilas foram saqueadas e seus moradores se tornaram refugiados. Assim como no filme.

A roteirista Charise Castro Smith, confirmou em uma coletiva, que apesar das semelhanças e inspirações reais, o filme não pretendia retratar um momento histórico em específico. E que o movimento migratório forçado era tanto uma representação, quanto um plano de fundo para o foco principal do longa: a família.

Família e estigmas no filme Encanto foi o tema da última edição do MGM – Music, Games and Movies, realizado no dia 28.maio.2022. O programa é promovido pela Escola Superior de Línguas da Uninter e contou com a participação da professora Fabielle Cruz. Para assistir ao conteúdo completo, clique aqui.

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Autor: Daniela Mascarenhos - estagiária de jornalismo
Edição: Larissa Drabeski
Créditos do Fotógrafo: Divulgação Disney e reprodução Rádio Uninter


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