Das histórias da avó ao catálogo da Amazon, Marcos Vinicius leva ficção e realidade para a literatura

Autor: Daniela Mascarenhos - estagiária de jornalismo

Vivemos hoje em um mundo tão regrado que, por vezes, até mesmo os sonhos estão limitados apenas às crianças. Ou talvez para quando estamos dormindo.

Cada vez mais, estamos presos em rotinas estritamente resumidas a cumprir horários e agir sempre no “tempo certo”. É comum quando escutamos que em tal horário se deve almoçar, trabalhar, estudar ou qualquer uma das infinitas atividades que temos no dia a dia. Mas, é raro ouvir que é hora de sonhar e de viver no mundo da fantasia.

No entanto, as restrições à imaginação passaram longe do caminho de Marcos Vinicius Ferreira, de 36 anos. Aluno de Teologia Bíblica Interconfessional do Polo Uninter de Itajaí, ele nunca abandonou suas fantasias de infância, pelo contrário: tornou-as realidade com o lançamento de seu livro Combatendo o Sobrenatural.

O livro é uma aventura pelo místico e desconhecido, trilhada por protagonistas tão humanos quanto qualquer um de nós. Resgatando a cultura e o folclore nacional, a história é ambientada em um mundo de fantasias com o qual nós, brasileiros, estamos familiarizados.

A obra traz a história de Oliver e Lívia, um casal dotado de habilidades especiais que enfrenta criaturas já bem conhecidas e que estão presentes no folclore brasileiro, nas lendas urbanas, entre outros. “Além do aspecto sobrenatural, eu tentei trazer humanidade para os personagens, misturando dilemas fictícios e reais. As pessoas podem facilmente se identificar”, conta o autor.

Sonhos de infância

No trabalho de Marcos, contos populares tão conhecidos por muitos de nós, como histórias relatadas por pessoas mais velhas ou causos de acontecimentos estranhos da vizinhança, podem ser vistos com outros olhos, pois ali pode habitar o sobrenatural.

E foi dos relatos ouvidos durante a infância, que Marcos Vinicius tirou a inspiração para a sua escrita. Tudo começou com sua avó materna, Clecir, ou como era mais conhecida, Ciça. “Praticamente todos os finais de semana eu passava no sítio onde ela morava. Era à noite, na beira do fogão de lenha, que ela nos contava as histórias de terror do folclore brasileiro”, relembra.

A vontade de escrever é algo que também cresceu com ele, acompanhando-o desde a infância. O autor conta que, além do material escolar, costumava sempre carregar na bolsa seu caderno, onde escrevia suas histórias e ideias.

Mas, em 2011, os sonhos começaram a tomar contornos de realidade, quando ele foi convidado para participar de uma antologia nórdica chamada Asgard: a Saga dos Nove Reinos, produzida por Soira Celestino e Evandro Guerra pela editora Jambô. Neste livro, ele escreveu o conto intitulado Erlend Berseker Saga. Na época, a produção foi como um marketing para o lançamento do filme Thor, personagem fictício do universo cinematográfico da Marvel, no Brasil.

Depois dessa primeira aventura, surgiu a vontade de publicar seu próprio livro. “Eu já tinha a história pronta há muito tempo, só tive o trabalho de organizar as ideias e colocar em sequência, já que juntei todas as histórias em apenas um livro”, explica.

A publicação foi totalmente independente, desde a produção até a diagramação. “A arte da capa também foi de minha autoria, reuni os itens e fiz a fotografia em minha casa. Somente utilizei a plataforma da Amazon para publicações independentes”, conta Marcos.

Marcos também já fez uma participação na parte editorial de preparação de textos do livro de autoria do pastor Júnior Rostirola, intitulado Café com Deus Pai, obra que é best-seller em vendas em sua categoria na Amazon.

Embora já graduado em Direito pela Universidade do Vale do Itajaí (Univali), sua escolha por gêneros ficcionais foi um dos motivos que levaram Marcos a ingressar no curso de Teologia da Uninter. O objetivo é se preparar para novos projetos e ter mais aproximação com o tema, afinal, são temas que necessitam de um estudo aprofundado.

E o trabalho como escritor continua. Ele revela que já tem duas continuações para Combatendo o Sobrenatural preparadas e que também segue trabalhando em outro projeto que iniciou em 2013. “Quando seguimos a linha de criação de mundos, é difícil conseguir colocar limites, então a obra tem ficado um pouco maior do que eu imaginava. Às vezes até me sento para discutir com a minha esposa como se estivéssemos falando sobre a escola da nossa filha”, revela, com entusiasmo, sobre o universo da ficção no qual transita.

E, para aqueles que também sonham em seguir por esse caminho, o autor deixa um recado: “Não vai ser fácil. A escrita é uma coisa que não se tem muito retorno, tem muita fantasia em cima dos escritores, na verdade. Mas eu digo para não desistirem e persistir! Escrevam para si mesmos, falem até com a parede sobre uma ideia, eu garanto que uma hora alguém vai reconhecer. Resiliência é a chave de tudo”, finalizou.

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Autor: Daniela Mascarenhos - estagiária de jornalismo
Edição: Larissa Drabeski


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