Entre rap e samba, Janine Mathias discute música e ancestralidade

Autor: Natália Schultz Jucoski - Estagiária de Jornalismo

Trazendo a música preta brasileira para os holofotes, Janine Mathias abriu a temporada 2023 do Papo Castiço. A apresentadora Sandy Lylia da Silva conversou com a cantora, compositora, atriz e empresária sobre as raízes de sua carreira e ancestralidade. Transitando entre o rap e o samba, essa mistura de estilos inspirou o nome de sua última turnê estadual: “O rap do meu samba”. Ao longo dos anos, já fez shows com figuras marcantes do cenário musical brasileiro, como Elza Soares, Sandra de Sá e Criolo. Para ela, a música é como uma missão ancestral, o rap e o samba conversam justamente porque vêm da mesma raiz.

Nascida em Brasília e radicada em Curitiba, Janine só se envolveu de fato com a música ao tornar a capital paranaense sua casa. Sempre compondo, mas nunca cantando, levou um tempo até perceber que tinha mais de um talento. Ao ser chamada para fazer participação em um projeto musical, foi convencida de que tinha vocação para ser uma artista, e assim nasceu seu primeiro EP intitulado “Eu quero mergulhar”, produzido pela Track Cheio, em 2012.

Mesmo atuando como cantora, seguiu com um trabalho fixo, em lojas de departamento até ser capaz de viver só da sua arte. “Já comecei a ter a vontade de cantar e de levar isso como um trabalho. Mas foram dez anos para conseguir. Hoje vai fazer seis anos que vivo do ofício de cantora”, declara. Existe uma dificuldade de a sociedade enxergar o artista como um profissional e isso se deve, na visão de Janine, principalmente à falta de valorização da cultura.

A turnê “O rap do meu samba” alçou voos maiores. Além das apresentações, foi feito um trabalho sociocultural nas escolas públicas das cidades por onde passou. O projeto teve o incentivo da Copel, do Programa Estadual de Incentivo a Cultura e do SESI Cultura. “A gente teve toda uma programação. Eu chegava na cidade um dia antes e nós tínhamos uma contrapartida social estando nas escolas”, relata.

É importante investir na base, para quem esteja começando a trilhar seu caminho saiba que tem apoio vindo de algum lugar. Essa medida sociocultural é fundamental para pessoas estarem em ambientes que muitas vezes não iriam ocupar. O show se torna algo a mais, é a transformação de acessibilidade, e, enquanto artista, ocupar os espaços é imprescindível. Para Janine, é importante ter essa conexão com o público, ser capaz de ver o brilho no olhar das pessoas, “de elas enxergarem também o quanto a música transforma a vida delas”.

“O samba é quem conta a história do nosso Brasil. […] A música precisa de nós. As nossas raízes precisam se aprofundar, elas precisam de continuidade. Somos nós quem fazemos isso, ouvindo, divulgando, apreciando. Que a música preta brasileira, que é a MPB, seja cada vez mais valorizada e que os nossos artistas, que a nossa arte, que espaços como esse tenham a audiência que merecem”, finaliza.

O trabalho da artista está sendo entregue de um canto a outro e o próximo disco já está em andamento. “Me enfeita” e “Devoção” são as primeiras músicas do projeto.

A íntegra da live, transmitida em 18 de janeiro, pode ser conferida clicando neste link. O Papo Castiço é transmitido pela Rádio Uninter e vai ao ar todas as quartas-feiras, às 10h.

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Autor: Natália Schultz Jucoski - Estagiária de Jornalismo
Edição: Arthur Salles - Assistente de Comunicação Acadêmica
Créditos do Fotógrafo: Reprodução YouTube e Spotify


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