Do EAD para as salas de aula do ensino médio

Autor: Nayara Rosolen - Jornalista

Ser professor não estava nos planos de Eliseu Quintana Junior, mas foi essa a profissão na qual o jovem se encontrou e conquistou espaço antes mesmo de se formar. No 7º período do curso de licenciatura em Ciências Biológicas da Uninter, o estudante já leciona aulas na rede estadual de ensino de São Paulo e ficou classificado como 3º colocado em um concurso da cidade de Taquarivaí (SP).

Com 31 anos de idade, desde os 16 já atuava no comércio, na cidade de Itapeva (SP), onde reside. Em meio à pandemia, veio o desejo de um “algo a mais” com uma formação no ensino superior. Ainda sem saber qual área seguir, Junior se recordou do quanto gostava das ciências biológicas na época do colégio. Nesse momento, recorreu a um amigo que realizou a faculdade e que “prontamente o incentivou a fazer”.

“Graças a esses conselhos, eu escolhi essa área. Primeiro por amor às ciências e depois para melhorar minha vida profissional […] no início não tinha planejado [ser professor], porém, conversando com outros amigos professores, resolvi me arriscar e me encontrei na profissão. Hoje vinculado à área que eu amo, faço das minhas aulas como se eu fosse o aluno. Tento o máximo possível trazer metodologias que divirtam, entretenham, unindo com o conhecimento”, conta o estudante.

Junior procurou por várias instituições e teve receio ao pensar na possibilidade da educação à distância (EAD), mas decidiu “arriscar” e aponta que um dos diferenciais da Uninter se deu “pelo kit laboratório, que é maravilhoso”.

Em 2021, Junior decidiu deixar o comércio definitivamente para estagiar em uma escola municipal. Embora o salário tenha caído pela metade na época, ele entendia que “era uma preparação para o futuro”.

No ano seguinte, o estado de São Paulo abriu inscrições para a oportunidade de estudantes lecionarem a partir da carga horária de 160 horas de graduação. Foi assim que conquistou o contrato com a rede estadual por meio do processo seletivo simplificado (PSS) e começou a lecionar para todas as séries do ensino médio na Escola Antonio Deffune, em Itapeva.

Práticas: da graduação para o ensino básico

A professora Nicole Witt, que atua na área de Geociências da Escola Superior de Educação (ESE) da Uninter, diz que Junior tem se destacado com as entregas dos trabalhos práticos, em muitos dos quais utiliza o laboratório portátil individual (LPI).

Quando assumiu as aulas de Química e Itinerário no ensino médio, Junior passou a replicar as atividades realizadas dentro na Uninter com os próprios alunos no ensino médio. Os portfólios promovidos pela área de Geociências são uma metodologia de pesquisa e estudo que passa por pesquisa e prática, sobre temas atuais que desenvolvem habilidades de leitura, escrita e oralidade.

De acordo com a professora Nicole, o principal foco do desenvolvimento do portfólio acontece a partir dos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), pois o corpo docente acredita “na possibilidade da cidadania, da preservação da vida para as novas gerações a partir do empreendedorismo de cada ser social”.

Por isso, Junior foi convidado a participar de atividades ao vivo, nas quais apresentou o que vem desenvolvendo na educação básica. No primeiro trabalho sobre os microrganismos, em especial os protozoários, ele aprofundou conhecimentos sobre os seres unicelulares com estudantes do 1º ano.

Já com o 2º ano, utilizou o mesmo material para trabalhar sobre o potencial hidrogeniônico (PH) e análise da água, no qual também trouxe o debate sobre sustentabilidade. Como atua em uma área rural, sem água encanada, teve a oportunidade de abordar ainda a parasitologia e o risco que correm devido às condições.

“Percebi que muitos dos estudos de caso e dos portfólios poderiam ser usados nas aulas e instigar os alunos a se interessarem, e foi o que eu fiz. Todos os trabalhos que eu fiz, hoje replico como professor onde atuo, além de ver os alunos interessados e adquirindo conhecimento em cada aula que trabalhamos”, conta.

Nos itinerários, em que aprofundam algumas disciplinas, o professor trabalha no momento sobre botânica. Junior, junto com seus estudantes, produz um herbário físico e virtual, que nada mais é do que uma coleção de plantas secas prensadas, catalogadas e identificadas, usadas para comparação com espécies coletadas. Eles utilizam para a diferenciação de grupos de botânicas como briófitas, pteridófitos, gimnospermas e angiospermas.

Nicole pontua que a atividade proposta pela Uninter e que resultou nessa confecção tem relação com o ODS 16, que diz respeito a “promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis”.

“Também teve um portfólio em que foi trabalhado o solo e sua alteração. Trouxe para eles junto com a montagem de horizontes, seguindo os mesmos critérios que foi proposto na faculdade. Esses trabalhos e portfólios têm sido essenciais para a didática e replicabilidade de cada conteúdo abordado no cotidiano na sala de aula”, salienta Junior.

O acadêmico agradece a Uninter “pela oportunidade e trabalho diferenciado que fazem”, especialmente a professora Nicole Witt, que “sempre auxilia”. Assim como os colegas da graduação, com quem, mesmo à distância, tem uma troca e estão em constante auxílio.

Com a formação, Junior busca conquistar uma vaga no concurso do estado de São Paulo e, no futuro, se dedicar para ingressar na coordenação escolar.

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Autor: Nayara Rosolen - Jornalista
Edição: Larissa Drabeski


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