Dia Nacional do Surdo recebe homenagem do projeto Céu em Libras

Autor: Nayara Rosolen - Estagiária de Jornalismo

O Dia Nacional do Surdo é celebrado em 26 de setembro, mês marcado pela campanha Setembro Azul. O intuito é a promoção de debates acerca da inclusão social e melhores condições para o surdo em todos os âmbitos da vida. A data foi instituída legalmente pela Lei nº 11.796/2008, já que a primeira escola para surdos do Brasil, hoje Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES), foi inaugurada no mesmo dia, no ano de 1857.

Além dessa, outras datas que integram a comunidade surda são comemoradas no mesmo mês: o Dia Nacional de Luta das Pessoas com Deficiência (21.set), o Dia Internacional das Línguas de Sinais (24.set) e o Dia Internacional do Surdo (30.set). A Língua Brasileira de Sinais (Libras) se tornou oficial nacionalmente no dia 24.abr.2002, com a Lei nº 10.436, e foi regulamentada no dia 22.dez.2005 com o Decreto nº 5626.

Para prestar o melhor atendimento para estudantes com surdez, a Uninter possui o Serviço de Inclusão e Atendimento aos Alunos com Necessidades Educacionais Especiais (Sianee). Sob coordenação da professora Leomar Marchesini, a equipe do departamento presta todo apoio aos alunos, além de tornar os eventos e materiais audiovisuais acessíveis para a comunidade, através dos intérpretes de Libras. A instituição também valoriza o trabalho dos professores que se envolvem com a inclusão – recentemente aconteceu a 12ª edição do Prêmio Professor Inclusivo, realizado pelo setor.

A coordenação de Pesquisa e Publicações Acadêmicas da Uninter realizou uma live para celebrar e homenagear o Dia Nacional do Surdo. A transmissão aconteceu ao vivo através da página do Facebook e canal do Youtube do Grupo Uninter, com o tema “Céu em Libras”. O evento contou com a participação dos professores Germano Afonso e Siderly Almeida, do Mestrado de Educação em Novas Tecnologias da instituição, e da professora Caroliny Martins, mestranda da mesma área.

Projeto Céu em Libras

Céu em Libras é nome do projeto e canal do Youtube desenvolvido por Caroliny sob orientação do professor Germano. De acordo com ela, a proposta inicial era promover a acessibilidade de materiais sobre Astronomia Indígena para estudantes surdos. Através de uma pesquisa, percebeu-se que não havia muitos vídeos sobre o tema que pudessem ser traduzidos, até que Hélio Ziskind, do ZiS é o Canal, produziu uma música baseada em estudos do professor Germano, Céu dos índios.

“Com a repercussão que teve esse primeiro vídeo, alguns pais e professores responderam positivamente. Demos continuidade ao projeto, fazendo uma adaptação do segundo vídeo: uma entrevista temática do Observatório Solar Indígena, construído dentro do Centro Universitário Internacional Uninter, em Curitiba (PR)”, conta Caroliny.

Devido ao excelente feedback recebido, eles continuaram com a produção de outros vídeos, entre eles o Sinais de astronomia indígena em Libras, Feira multidisciplinar de cultura afro e indígena, e o mais recente, a música Origem do universo em Libras – Guarani Mbyá. Aconteceu também a inserção de novos recursos, como o aplicativo Plotagon Story, de tecnologia interativa e que proporciona a criação de vídeos e animações personalizadas.

“Essa é a primeira vez que nós apresentamos, então nós estamos abertos a críticas e sugestões, porque se der tudo certo, nós pretendemos, cada vez que tiver um evento interessante, apresentar para vocês em Libras”, comentou Germano ao iniciar o evento.

Segundo Caroliny, o projeto ainda está em processo de desenvolvimento, mas há a pretensão de ampliá-lo para que mais pessoas possam conhecer e reconhecer “esses sinais mais específicos da área de astronomia ocidental e, principalmente, sobre história, mitologia, tradições que envolvam a cultura indígena”.

“Nós queremos continuar com ele e fazer sobre o Céu indígena em línguas de sinais indígenas, porque tem muitos indígenas no Brasil que têm suas línguas de sinais também. Nós queremos resgatar esse conhecimento e ao mesmo tempo resgatar o conhecimento que eles têm do céu, que está se perdendo cada vez mais, infelizmente”, afirma Germano.

Leitura do céu

Após apresentar o projeto para aqueles que acompanhavam a transmissão, o professor Germano fez uma leitura astronômica e apresentou imagens do céu nos dias 25 e 26.set.2020, em homenagem à comunidade surda, devido a data especial de celebração.

Através de ilustrações do aplicativo Carta Celeste, ele mostrou as posições da lua, dos planetas e das constelações indígenas, dando dica dos melhores horários para que as pessoas pudessem observar. Durante a live, citou duas das 88 constelações existentes e reguladas pela União Astronômica Internacional (IAU).

Apesar do dado oficial, segundo Germano, pajés de comunidades indígenas são capazes de apontar mais de 100 constelações, que os ajudam no cotidiano, desde a antiguidade até os dias de hoje. Os índios utilizam o céu para norteá-los, como na caça, na pesca, em rituais, nascimentos e batismos das crianças. O professor também deu mais detalhes da conexão da Terra com o céu no evento Dialogando com a Geociências sobre Astronomia indígena.

“Tem muita gente que fala, ‘mas índio não sabe essas coisas’. Se os indígenas do mundo inteiro não conhecessem e não usassem o céu como calendário, nós não estaríamos aqui, porque era usado para a própria sobrevivência”, afirma.

O evento, em homenagem ao Dia Nacional do Surdo, foi mediado pela professora Siderly e contabiliza até o momento quase cinco mil visualizações. A transmissão continua disponível para os interessados na página e no canal do Grupo Uninter.

Incorporar HTML não disponível.
Autor: Nayara Rosolen - Estagiária de Jornalismo
Edição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro


Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *