Cinco passos para o desenvolvimento da inteligência emocional

Autor: Nayara Rosolen - Estagiária de Jornalismo

O momento atual vem causando aumento na sensação de instabilidade, angústia e estresse, já que nós jamais havíamos passado por uma situação de pandemia como essa. Além de mudar a rotina de milhões de pessoas da noite para o dia, a Covid-19 também influenciou na saúde física e mental dos indivíduos.

Sentimentos de dúvida, ansiedade, pânico, tristeza e desmotivação se tornaram constantes sob o impacto do isolamento social. Perdeu-se a liberdade para atividades presenciais importantes para o bem-estar, como os encontros com amigos, interações com os colegas de trabalho, passeios e convívio com a sociedade em geral para além das telas de aparelhos eletrônicos.

Elizabeth Sinnott, psicóloga e professora da Escola Superior de Negócios da Uninter, afirma que em meio a tudo isso é importante desenvolver uma inteligência emocional e observar também os impactos positivos do período. A base de todos os pilares é a autopercepção, além de aspectos como a gestão das emoções, a automotivação, a empatia e o relacionamento interpessoal.

“O mais importante é elevar o nível de satisfação da sua vida, seja profissional ou pessoal. Porque aí, dentro dessa condição onde você está satisfeito, você tem um entusiasmo em relação àquilo que você faz, como você está, qual é a sua proposta nesse momento. Isso com uma maior clareza vai te dar mais recursos para entender que você tem muito mais condições do que acredita”, conta.

Diante das adversidades, ela aponta duas opções de escolha: ficar com medo e fugir ou enfrentá-las. Para começar, é fundamental que as pessoas comecem a se conhecer, a perceber do que gostam, o que querem, o que as faz felizes. A profissional ressalta que esse é um processo “contínuo e interminável”, pois somos diferentes em diversas situações e também mudamos com o tempo.

“Eu não consigo mudar nada se eu não enxergo o que está acontecendo. Se eu não perceber como que eu estou com o outro, como que eu me comporto com o outro, quais são as minhas atitudes, quais são as minhas reações e as minhas ações nessa relação, se eu não me perceber, eu não vou me adaptar a novas circunstâncias”.

Quando se sentem insatisfeitos consigo próprios e não consegue mudar, os indivíduos tendem a apontar os defeitos dos outros e a querer forçar a mudança alheia. Elizabeth ressalta que as pessoas se satisfazem, se entristecem e se alegram por coisas diferentes, logo não há como fazer com que o outro funcione da mesma maneira. Assim como querer mudar o outro não resolve questões que estão em você.

“Você só vai poder mudar o seu comportamento quando perceber como você está funcionando e os impactos de como você está funcionando. É a mesma coisa enquanto profissional. Eu só vou poder mudar, eu só vou poder criar, desenvolver novas habilidades, desenvolver competências, se eu perceber o que o mercado está demandando. Qual é a sua contribuição para os resultados que você tem na sua vida hoje?”, indaga.

Pensando nessas relações internas e externas, e de que maneira elas estão impactando a vida humana, a profissional cita cinco pontos importantes para o desenvolvimento de uma boa inteligência emocional, para passar por momentos adversos da maneira mais saudável possível.

  1. Conhecimento: O que estamos vivendo?

O medo surge da incerteza, logo entender o contexto, buscar informações sobre como deve se comportar para maior segurança, é fundamental. Neste momento de pandemia, é importante ter uma visão geral para ponderar pensamentos ruins e entender que não é um problema individual. O planeta todo está vivendo isto e ter isso em mente ajuda a nortear decisões sobre escolhas inconsequentes.

“Conhecimento para ter subsídio e saber o que eu devo fazer, o que eu não devo fazer, quais são os impactos das minhas atitudes. Isso traz uma amplitude muito maior daquilo que nós pensamos, lamentamos ou vivenciamos”, explica Elizabeth.

  1. Percepção: Como estamos vivendo?

É importante perceber as reações físicas e pensamentos que aparecem em meio a tudo isso. Analisar quais sensações vêm à tona com as limitações de circulação. E mais que isso, não negar esses sentimentos. É natural que existam dias mais tristes, outros mais alegres, ansiosos ou motivados. De acordo com a professora, o mundo ao nosso redor muitas vezes não permite que a tristeza, por exemplo, seja sentida.

“Pode ficar triste, sim, é permitido ficar triste, porque aí a gente não nega aquilo que nós estamos sentindo. Vou viver alguns momentos de tristeza, porque é real, e outros momentos eu vou identificar essa tristeza e vou saber que eu posso superar e impulsionar isso para fazer outras coisas que me façam bem também (…) Quando se vive esses momentos, você consegue identificar possibilidades e recursos internos”.

  1. Consciências: Por que estamos vivendo dessa forma?

Ter consciência do porquê é necessário viver esse momento cercado de restrições é tão importante quanto entender o que está acontecendo. É necessário ter em mente o quão perigoso pode ser se expor a uma doença como a Covid-19, não só para si e para as pessoas ao redor, mas para todo a planeta com a alta velocidade de disseminação.

“Se nós estamos dentro de uma instituição de ensino, sabemos que a ciência traz todos esses dados. Aí sim eu tenho que ter consciência”, diz Elizabeth em relação a todas as medidas decretadas por autoridades, como o uso de máscara, a não aglomeração e higiene pessoal.

  1. Resiliência: Como sairemos do que estamos vivendo?

Desde que a pandemia foi decretada e trouxe toda uma reflexão acerca do comportamento humano perante o meio ambiente e a sociedade, muitas questões surgiram sobre como a humanidade sairá desse momento. Muitos acreditam que a população sairá melhor e mais consciente, outros dizem que já perderam a esperança, devido à não obediência das orientações.

O conselho que a profissional dá em relação a isso é não ficar pensando e não criar expectativa sobre as pessoas, pois isso tira energia. A melhor posição diante disso, segundo ela, é conversar com amigos, familiares e colegas de trabalho, dizer o que sente, fazer acordos e combinados no próprio meio, que é o que está ao alcance.

“Isso é mais real e mais ativo, a expectativa é aquele modo passivo, na espera. Você perde uma energia danada, esperando que o outro faça algo e não faz, porque as pessoas são diferentes”.

  1. Evolução: E a inteligência emocional, para que serve?

“É um crescimento, é evolução, porém ela depende de todos esses aspectos acima. Você precisa saber onde está, você precisa saber perceber como você está nisso, você precisa estar consciente do que você sente, o que o outro sente e também saber que, passando por tudo isso, eu crio recursos que me fortalecem tanto na relação comigo mesmo, como na relação com o outro”, salienta Elizabeth.

Além de todos esses passos, a profissional aconselha a pensar sobre “quem você era antes do mundo te dizer quem você deveria ser?”. Ela incentiva os indivíduos a resgatarem a própria essência, acolherem a si próprios e a se identificarem. De acordo com Elizabeth, “o encontro com o propósito é um trabalho que passa por autoconhecimento, pela conexão consigo mesmo, por perguntas que, porventura, trazem desconfortos, mas produtivos”.

A quebra de crenças e comportamentos repetitivos no dia a dia também é importante. “Se eu faço as mesmas coisas repetidamente, os resultados vão ser os mesmos, aí o meu nível de satisfação fica lá embaixo, tanto na vida pessoal como na profissional. A dica é: faça coisas diferentes, durma aí na sua casa em lugares e posições diferentes, coma coisas diferentes em horários diferentes. Para que você perceba que é possível obter sensações diferenciadas, além daquelas que você tem no presente”.

Elizabeth abordou o assunto na palestra “Inteligência emocional em tempos de crise”, parte da I SIPAT 360º Uninter – Qualidade de vida no trabalho com equilíbrio emocional. A transmissão do evento foi realizada através do Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) Univirtus para os colaboradores da instituição. Elisandra Wolski e Rosilaine Morfinato, profissionais da área de gestão de pessoas da Uninter, mediaram o bate-papo.

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Autor: Nayara Rosolen - Estagiária de Jornalismo
Edição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro
Créditos do Fotógrafo: Flash Alexander/Pixabay


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