Cuidado com as toxinas na sua água

Autor: Leonardo Tulio Rodrigues- Estagiário de Jornalismo

O período prolongado de estiagem pelo qual estamos passando vem mudando nossa percepção sobre o valor da água. Ao ter o acesso restrito a esse bem essencial à vida, somos levados a pensar sobre nossos padrões de consumo, e também sobre o que está mudando no meio ambiente que tem causado esse problema.

O crescimento populacional constante, assim como da indústria e da agricultura, aumenta as demandas sobre recursos naturais que são limitados. Mas, além da questão do acesso, temos também que pensar na qualidade da água que consumimos.

O professor Augusto Lima, coordenador dos cursos de Saneamento Ambiental e Gestão em Vigilância em Saúde da Uninter, explica que nós, seres humanos, temos alterado o equilíbrio da vida no planeta de uma forma que não entendemos muito bem, causando impactos inclusive no controle de doenças. “Se por um lado nós temos o desenvolvimento econômico bem evidente após a revolução industrial, por outro temos a questão da degradação ambiental”.

A poluição vai além da famosa emissão de CO2 na atmosfera. O principal agente para a contaminação da água é o descarte inadequado do esgoto em lagos, rios e mares, e a contaminação por agrotóxicos através da atividade agrícola. “O esgoto, quando chega no ambiente aquático, modifica as relações que os seres vivos apresentam naquele ambiente”, afirma Augusto.

Eutrofização

Com certeza você já reparou na coloração turva de alguns rios e lagos. Esse é o sinal mais perceptível da eutrofização. Mas como isso acontece? Rodrigo Silva, coordenador do curso de Gestão Ambiental da Uninter, afirma que, com o descarte inadequado de substâncias tóxicas, a água sofre um aumento na quantidade de nitrogênio e fósforo, favorecendo o crescimento de microalgas tóxicas no ambiente. Essas algas consomem o oxigênio da água, causando a morte de peixes e vegetais, e produzem o que chamamos de toxinas.

Dentro dos ambientes eutrofizados, surgem as chamadas cianobactérias. Presentes há mais de 3,5 bilhões de anos no nosso planeta, elas são células procariontes fotossintéticas que produzem as toxinas mencionadas. “Esse organismo tão pequeno é capaz de causar um desastre”, ressalta Rodrigo.

Dentro do corpo humano, essas bactérias podem atingir órgãos específicos como o fígado, o sistema nervoso central e a pele. Há ainda outras toxinas mais generalistas, que podem atingir todo o organismo de uma pessoa, com o potencial de desenvolver o câncer.

Para avaliar o nível de poluição na água, é necessário analisar as toxinas presentes. “Quando detectada a presença em massa de cianotoxinas na água tratada, deve ser comunicado às autoridades de saúde pública”, explica Rodrigo. Infelizmente, o sistema de tratamento de água atual ainda não consegue eliminar 100% das toxinas, que, mesmo em pequenas quantidades, ainda estão presentes na água que recebemos e nos peixes que consumimos.

 ODS 6

Os ODS (Objetivos de desenvolvimento Sustentável) são parte de um pacto global firmado em 2015 pela ONU para a melhoria do planeta. Dentre as propostas, a ODS de número 6 visa garantir a disponibilidade e a gestão sustentável da água potável e do saneamento para todos. O comprometimento com esse projeto é urgente em nosso país.

Atualmente, 35 milhões de brasileiros ainda não têm água tratada e 45% da população não têm tratamento de esgoto. Precisamos de mais políticas públicas para o tratamento adequado de água e esgoto e para a diminuição no uso de fertilizantes.

O tema foi abordado durante a 2ª Maratona Ecos do Brasil, realizada pela Escola de Saúde, Biociência, Meio Ambiente e Humanidades da Uninter e transmitida no dia 24 de setembro de 2021 pelo canal do Youtube do Grupo Uninter. Para assistir ao conteúdo do evento, clique aqui.

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Autor: Leonardo Tulio Rodrigues- Estagiário de Jornalismo
Edição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro
Créditos do Fotógrafo: Yogendra Singh/Pixabay


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