Comunidade científica investiga possível contaminação dos esgotos urbanos pela Covid-19

Autor: Valéria Alves - Assistente multimídia

O homem conhece apenas uns 3 mil entre um número estimado de 1,6 milhão de vírus presentes na vida selvagem, segundo o especialista em ecologia de doenças Peter Daszak, em depoimento à série documental Explicando, da Netflix. O episódio A próxima pandemia, produzida em 2018, relata a origem de pandemias passadas, como elas se propagaram, suas consequências, além de trazer um alerta de que outra pandemia poderia acontecer. E não demorou muito.

Hoje, o que tem movimentado a comunidade científica é a Covid-19. Afinal, por onde ele circula? Como poderemos evitar ainda mais o contato com ele, de que modo iremos tratar a doença e qual é a sua resistência? Ainda não há respostas suficiente para essas perguntas pois é algo muito recente, mas grande parte do mundo no momento busca alternativas para solucionar esse problema.

A pandemia do novo coronavírus foi tema do programa Brasil: Nosso País em Transformação, da Rádio Uninter. As professoras Sandra Maria Lopes e Márcia Kravetz falaram sobre dois estudos bem específicos e bastante importantes que avaliam a contaminação do vírus nos esgotos das cidades: um em Belo Horizonte (MG), e outro em Niterói (RJ).

Segundo informações repassadas por elas e também pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), até o final de abril deste ano foram coletadas amostras do esgoto em 12 pontos de Niterói, em locais georreferenciados e distribuídos de forma estratégica. Apesar de o Brasil possuir somente 46% dos esgotos tratados, os da cidade Niterói somam 95%.

Não há como afirmar se a água dos esgotos urbanos possui capacidade para transmitir a doença, porém na primeira semana de coleta desses locais selecionados, 5 possuíam o vírus da Covid-19. A previsão era de que em sua primeira etapa, o projeto fosse realizado em um período de quatro semanas, com possibilidade de durar ainda mais tempo. Os resultados finais ainda não foram publicados.

Quanto a Belo Horizonte, ainda nesse mês de junho foi divulgado em pesquisa do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) que todas as amostras coletadas no esgoto da Bacia da Onça possuíam o coronavírus. Já na Bacia do Arrudas a porcentagem cresceu, e o que antes possuía 71% de contaminação, foi para 86%.

No programa, as professoras frisaram que o objetivo da divulgação dessas pesquisas não é alarmar a população, mas sim evidenciar esses estudos que são de interesse de todos. Ainda, falaram sobre a importância da qualificação das pessoas que realizam essa tarefa.

“Tudo precisa ser válido e verídico. Os pontos precisam ter hora marcada, esgoto canalizado, georreferenciamento, parceria com instituições de ensino, laboratórios para fazer análise, pessoas qualificadas para a coleta, transporte e estudo dessas amostras. É um estudo complexo para ser feito, tem todo um protocolo. A pessoa precisa conhecer sobre”, afirma Sandra.

Além disso, as pesquisas são importantes para a sociedade não só no presente, mas como também para prevenir futuras contaminações. Segundo o documentário da Netflix, foram as tecnologias e antibióticos que tornaram as doenças transmitidas por bactérias se tornarem menos fatais. E, para isso, o conhecimento é fundamental.

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Autor: Valéria Alves - Assistente multimídia
Edição: Mauri König
Créditos do Fotógrafo: WikimediaCommons


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