Competências globais: o que é preciso para construir uma carreira internacional

Autor: *Sérgio Vogt

Cerca de 20% da força de trabalho nos países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) já atua em ocupações ligadas a demandas globais. Em um mundo interconectado, as carreiras internacionais deixaram de ser exceção e viraram realidade para profissionais de diferentes áreas. Segundo o relatório OECD Employment Outlook 2024, os mercados de trabalho seguem com níveis historicamente altos de emprego e baixos índices de desemprego — com taxa média de 4,9% entre os países membros da OCDE.

Assim, a globalização não é apenas um fenômeno econômico, mas também uma realidade que transforma profundamente os caminhos profissionais, exigindo novas competências, posturas e estratégias de desenvolvimento. Isso gera oportunidades de atuação que permitem que os profissionais desenvolvam suas atribuições para empresas presentes em diferentes países. Ou seja, construir uma carreira internacional vai além de ser expatriado, tendo que trabalhar em uma unidade da empresa em outro local.

Atuar internacionalmente não significa apenas “ir” trabalhar em outro país. Trata-se de compreender culturas diversas, adaptar-se a diferentes estilos de liderança, comunicar-se com eficácia em ambientes multiculturais e, sobretudo, desenvolver uma visão global de negócios e relações humanas. O profissional que deseja trilhar esse caminho precisa ir além do domínio técnico: é necessário cultivar inteligência cultural, fluência em idiomas, flexibilidade e resiliência.

Do ponto de vista de recursos humanos, o processo de seleção para carreiras internacionais exige critérios específicos. Mais do que avaliar competências técnicas, é preciso identificar o potencial de adaptação, a capacidade de trabalhar sob diferentes fusos horários e o alinhamento com os valores da organização em escala global. Ferramentas como entrevistas comportamentais, testes de perfil internacional e simulações de cenários multiculturais são cada vez mais utilizadas para garantir escolhas assertivas.

No desenvolvimento de profissionais que atuam além das fronteiras, o papel do RH é estratégico. Programas de mentoria internacional, trilhas de capacitação em soft skills globais e acompanhamento contínuo são fundamentais para garantir que o colaborador não apenas se adapte, mas se desenvolva e tenha qualidade de vida no trabalho. A atuação em projetos internacionais também pode ser uma excelente porta de entrada para quem deseja iniciar essa jornada, permitindo vivências interculturais mesmo sem sair do país.

No entanto, os desafios são reais. Barreiras linguísticas, diferenças legais e regulatórias (como, por exemplo, o imposto de renda local e tantas outras burocracias), choque cultural e até questões de saúde mental podem impactar significativamente a experiência internacional. Por isso, é essencial que as empresas ofereçam suporte completo — desde orientação pré-embarque até acompanhamento psicológico e jurídico. O teletrabalho também abre portas para carreiras globais sem sair do país.

Assim, diante desse cenário, cabe perguntar: estamos preparando nossos talentos para atuar em um mundo verdadeiramente global?  Você está se preparando?  As carreiras internacionais não são apenas uma oportunidade de crescimento individual, mas também uma alavanca para a inovação, a diversidade e a competitividade organizacional. Investir nesse desenvolvimento é, portanto, uma escolha estratégica.

 

*Sérgio Vogt é Doutor e Bacharel em Administração, além de professor do Centro Universitário Internacional – Uninter, onde atua na tutoria dos cursos de Gestão Estratégica Empresarial e Gestão Comercial.

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Autor: *Sérgio Vogt
Créditos do Fotógrafo: Pexels/Gustavo Fring


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