Caridade é um convite para mudar a rotina
Autor: *Thais Marion Cordeiro
Neste mês comemoramos a Caridade em homenagem ao aniversário de morte de Madre Teresa de Calcutá, que dedicou sua vida a ajudar os mais necessitados e recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1979. O Dia Internacional da Caridade, em 05 de setembro, foi instituído pela Assembleia Geral das Nações Unida, em 2012, com o apoio de 44 países-membros. Na declaração de lançamento deste dia, o Sr. Csaba Kőrösi, representante da Hungria na ONU, afirmou que a caridade contribui para a criação de sociedades mais inclusivas e resilientes, aliviando os impactos de crises humanitárias e complementando os serviços públicos.
Em um mundo volátil e hiperconectado, muitas relações se tornaram superficiais. O tempo parece curto demais, e, embora a tecnologia nos permita aproximar de pessoas queridas, contraditoriamente, também pode nos distanciar daqueles que estão próximos. Usamos pontes tecnológicas para nos conectar, mesmo estando tão perto.
Fala-se de caridade como ato ao próximo, de dar, de oferecer trabalho oculto em ações de bondade. Podemos dizer que é também um exercício de aperfeiçoamento contínuo de nossa estrutura psíquica, emocional, psicológica, relacional. Porém, acredito que a caridade deveria começar em nós mesmos, reconhecendo fragilidades, aceitando que sofremos e somos falhos e, por vezes, incapazes em diversos aspectos da vida, precisando do outro. A partir dessa consciência conseguimos agir da mesma forma com os demais.
A homenagem do dia da caridade é uma forma de celebrar quem dedicou sua vida ao próximo recordando o significado de amor e ternura. No sentido mais amplo, a caridade abrange atos de benevolência, filantropia e solidariedade, tanto materiais quanto imateriais, manifestando disposição para o bem. Para Madre Teresa a caridade não se limitava apenas ao ato de ajuda material, mas incluía gestos como um sorriso, um olhar acolhedor ou uma palavra de conforto, que considerava igualmente valiosos. Portanto, as experiências que colhemos ao oferecer compaixão constituem uma troca imensurável.
O Relatório de Riscos Globais, publicado em 2025 pelo Fórum Econômico Mundial, indica que os riscos de natureza social, como desigualdade de renda e polarização como preocupações globais para os próximos dois anos. Segundo o relatório, a estabilidade social será frágil, enfraquecendo a confiança e diminuindo nosso senso coletivo de valores compartilhados.
Diante dessa fragilidade, a caridade pode se tornar essencial para a construção social, desenvolvendo habilidades humanas diversas. Ao participar de iniciativas solidárias, as pessoas desenvolvem competências que favorecem maior harmonia social em um mundo fragmentado. Um estudo realizado por Maria Luisa Giancaspro e Amelia Manuti, da Universidade de Bari, mostrou que o voluntariado contribui para o desenvolvimento de capital de empregabilidade em jovens, fortalecendo soft skills como trabalho em equipe, resiliência e comunicação.
A caridade nos coloca em contato com realidades diversas e cenários distantes do nosso cotidiano. Nesse encontro, somos levados a explorar competências pouco requeridas em nossa rotina habitual, como empatia, flexibilidade e abertura ao novo. Que a data sirva de convite para gestos possíveis, como um sorriso, um abraço, escutar alguém que precisa desabafar, doar roupas, alimentos ou livros, tocar e cantar para alguém, entre tantas ações possíveis. Assim, uniremos pessoas e forças, fortalecendo laços sociais que nos tornam mais resilientes frente às dificuldades e desafios da vida.
*Thais Marion Cordeiro é graduada em Administração, especialista em Recursos Humanos e Desenvolvimento de Equipes e Professora no Centro Universitário Internacional – UNINTER
Autor: *Thais Marion CordeiroCréditos do Fotógrafo: G1/AFP Photo
