Como se comunicar com eficiência em uma entrevista de emprego

Autor: Nayara Rosolen - Estagiária de Jornalismo

Entrevistas de emprego são momentos que normalmente geram ansiedade, mesmo para as pessoas consideradas mais calmas. Isso pelo fato de que o indivíduo é tirado da zona de conforto e sabe que está sendo analisado e avaliado. A psicóloga Andressa Costa, com 20 anos de experiência na área de recursos humanos e recrutamento, explica que apenas o nervosismo não elimina um candidato, já que a aprovação se dá por uma soma de aspectos, e por isso é importante se atentar para cada um deles.

As pessoas se expressam muito por meio da linguagem corporal. “O nosso corpo acompanha o que a gente está falando”, pontua Andressa. Muitas vezes, em momentos de tensão, os indivíduos tendem a querer controlar os movimentos, mas a profissional garante que “é pior, porque a gente acaba tirando a atenção, o foco daquilo que realmente preciso transmitir, que é minha verdade, autenticidade, experiências”.

A psicóloga afirma que “o recrutador sabe que o nervosismo é normal, isso também é levado em consideração”, mas se a ansiedade trava o candidato ao falar e se expressar, pode sim o desclassificar. Portanto, Andressa dá algumas dicas sobre pontos que podem ser decisivos. A preparação é fundamental e o treino de respostas pode ser gravado pelo entrevistado, para garantir maior confiança.

Pesquisar e conhecer a empresa é importante para compreender como a instituição funciona e o que busca desenvolver com o apoio dos colaboradores. Até mesmo para verificar se está enquadrada o perfil profissional do candidato e ter maior domínio ao conversar com o recrutador.

“É extremamente importante e pode eliminar o candidato, sim. Quando a gente fala sobre se preparar, é sobre esse conjunto. Mostra o seu interesse pela vaga, por aquela organização. Acho que o primeiro passo é entrar no site. Um dos pontos mais essenciais da preparação e estudar a empresa”, diz Andressa.

O domínio da oralidade e da escrita também transmite maturidade e profissionalismo. Isso é importante já na hora de enviar um e-mail com o currículo e pretensões sobre o cargo. Vale pedir para alguém próximo e de confiança ler o documento. Assim como criar um endereço de e-mail profissional, que reflita o momento atual da carreira, pois muitos utilizam o mesmo desde a adolescência, o que não passa credibilidade.

“O seu currículo é o seu cartão de visitas. Aquele e-mail que você manda pode abrir portas, pode dizer se o recrutador vai te chamar para a entrevista ou não. Se o recrutador bate o olho e vê que tem diversos erros e que o de outro profissional com a mesma experiência que você não tem nenhum, ele vai priorizar aquele que não tem nenhum erro”, garante Andressa.

Existem diversos modelos para a construção do documento, muitos disponíveis gratuitamente na internet, mas a profissional destaca alguns tópicos essenciais. Os dados pessoais, com o nome completo, nacionalidade, idade ou data de nascimento, e-mail e perfil do Linkedin; experiências profissionais, com nome da empresa, período, cargo, resumo das principais atividades desenvolvidas e resultados que obteve; a formação, com todos os cursos da área que já realizou; cursos de extensão; idiomas; e informações adicionais, como trabalhos voluntários em que tenha participação regular.

“O currículo é o que vai despertar o interesse do recrutador. Tem uma pesquisa que diz que você tem de 15 a 30 segundos para impressionar. Então, ele tem que bater o olho e ter interesse em se aprofundar naquilo. Tem que ser um documento limpo, organizado, bem escrito, com informações fáceis de serem identificadas. No currículo, não se coloca foto, pretensão salarial. Essas são informações que o recrutador vai te perguntar na entrevista”, salienta a psicóloga.

Uma modalidade em ascensão é o videocurrículo, que cresceu ainda mais com a pandemia e as entrevistas realizadas de forma remota. Mesmo que as empresas voltem para o trabalho 100% presencial após o período de distanciamento, Andressa diz que essa forma de apresentação “veio para ficar, porque otimizou os processos seletivos. Ali eu já tenho uma impressão de como a pessoa fala, se posiciona, já tenho uma ideia sobre aquele profissional”.

Outro ponto essencial é prestar atenção às instruções que a vaga apresenta para o envio. Não colocar no campo do assunto e corpo do e-mail o que se pede pode fazer com que o candidato perca a oportunidade, já que os recrutadores recebem centenas de e-mail diariamente, para diferentes vagas de emprego.

Questionada sobre a vestimenta mais adequada, Andressa diz que “a roupa não pode chamar mais atenção do que aquilo que estou falando, das minhas experiências. Tem que ser neutra nesse sentido, do recrutador prestar atenção no que eu estou falando e não no brinco, no colar, na camisa que eu estou vestindo”.

Uma preocupação dos candidatos ainda são os cabelos coloridos e os piercings e tatuagens pelo corpo. A profissional afirma que é possível que esses aspectos causem uma desclassificação, mas que “hoje, cada vez menos isso tem impactado na escolha”. E ainda garante que “a riqueza está na diversidade”.

“Acho que essa foi uma grande luta minha nas empresas que trabalhei. O gestor tende a contratar pessoas muito parecidas com ele, com o jeito dele. Essa diversidade de pessoas, de riqueza, conhecimentos e experiências é que vai trazer a riqueza da área, com que entregue resultados diferentes para não fazer sempre tudo igual e do mesmo jeito. Hoje, eu vejo que está tudo mais aberto nesse sentido, as empresas estão querendo realmente avaliar as pessoas, o profissional, além da roupa, do piercing, do cabelo cor-de-rosa”, conclui.

Primeiro emprego e transição de carreira

Muito se discute sobre vagas de emprego que exigem uma extensa experiência profissional, mesmo que para cargos iniciais, como de estágio, por exemplo. No entanto, Andressa afirma que o segredo está em saber procurar por oportunidades certas. De acordo com a profissional, existem muitas vagas que não pedem por essas qualificações, mesmo para quem está fora do ensino superior. Muitas empresas disponibilizam essas vagas de entrada na área administrativa, como auxiliar ou assistente.

O que os recrutadores buscam nesses casos, é a força de vontade, o querer. “Hoje, quando a gente vai para uma entrevista, tem que procurar ser autêntico, verdadeiro, transparente, para que eles realmente conheçam você”, ressalta a psicóloga. Pesquisar sobre a empresa e apresentar exemplos de trabalhos escolares, na comunidade onde vive ou igreja que frequenta, conta muitos pontos. “A gente não nasce trabalhando. As nossas experiências de vida que compõem aquilo que a gente sabe fazer”, assegura.

No caso da mudança de carreira, Andressa afirma que o planejamento é fundamental. Muitas empresas possibilitam e colaboram com essas transições, mas para isso é preciso muito preparo, ampliação de conhecimento através de cursos e a aplicação da prática, mesmo que em trabalhos voluntários.

“As empresas dão oportunidade, sim, porque quando você troca de área, tem uma visão ampla, sistêmica, muito maior. Consegue entender melhor todas as partes que compõem aquela empresa. É bem importante fazer isso de forma planejada, estudar, fazer cursos de extensão, negociação, para que conheça melhor daquela área e realmente consiga fazer a transição”, finaliza.

Andressa deu mais dicas de como se destacar em uma entrevista de emprego no programa Entre Letras e História, sobre o tema Entrevista de emprego: como se comunicar com eficiência?, apresentado pela professora Deisily de Quadros, coordenadora da área de Linguagens e Sociedade da Escola Superior de Educação (ESE). Assista ao bate-papo completo por meio deste link.

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Autor: Nayara Rosolen - Estagiária de Jornalismo
Edição: Mauri König
Créditos do Fotógrafo: Kindel Media/Pexels


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