Como o setor privado pode contribuir com a pesquisa científica no Brasil

Autor: Barbara Carvalho - Jornalista

O Brasil possui uma trajetória lenta e basicamente recente quando o assunto é pesquisa científica. As instituições de ensino superior começaram suas atividades no país no período colonial, quando se oferecia somente a formação técnica e profissionalizante. A pioneira a desenvolver pesquisas científicas no Brasil foi a Universidade de São Paulo (USP) a partir de sua fundação, em 1934. Desde então, vem coordenando alunos a desenvolverem o pensamento humano-científico. O segundo grande avanço nessa área aconteceu no Brasil durante a Segunda Guerra Mundial, quando o Exército observou uma necessidade das pesquisas científicas para o desenvolvimento humano.

Nos últimos anos, o Brasil perdeu posições no ranking mundial de pesquisa científica. Em 2010, o país ocupava a 13° posição, mas entre 2011 e 2018 caiu posições, ficando atrás de países de menor PIB, como Egito, Irã e Israel. Aqui, 1,1% do Produto Interno Bruto é direcionado para o andamento da pesquisa científica, o que não é considerado suficiente para que o país se torne destaque mundial, sendo que estas pesquisas estão concentradas na região Sudeste e financiadas pelo setor público. Então, se a burocracia é alta e os cortes nos recursos vêm acontecendo a cada ano, o que seria uma alternativa para o aumento do número de pesquisa científica no Brasil?

O artigo “Novas práxis do setor privado das pesquisas científicas no Brasil” indaga como as empresas privadas podem funcionar de alternativa de investimento para o progresso da pesquisa científica brasileira. O artigo, escrito por Naccer Cayc Ribeiro Donato e Eduardo Biacchi Gomes, integrantes do grupo de Programa de Iniciação Científica (PIC) em Direitos Humanos da Uninter, foi publicado no Caderno da Escola Superior de Gestão Pública, Política, Jurídica e Segurança. De acordo com os autores, o trabalho busca “compreender como as pesquisas científicas privadas são estruturadas no Brasil e as razões pelas quais o setor é carente de cientificidade”.

As pesquisas científicas são introduzidas no Brasil em projetos de iniciação científica vinculados ao ensino superior, ou também em projetos de extensão que visam formar futuros cientistas. Em contrapartida, os autores questionam que no país a grande maioria das universidades se preocupa somente em priorizar uma formação profissionalizante, e não científica. Também ressaltam que essa falta de incentivo, tanto do próprio ensino superior quanto das empresas público-privadas para as pesquisas científicas, acaba causando um aumento do uso de dados da ciência estrangeira, de forma que a grande maioria dos estudos que aparecem na mídia acabam sendo sobretudo norte-americanos, alemães e britânicos. Para eles, isso diminui a credibilidade da ciência nacional.

Voltando à ideia de se investir em pesquisas independentes do setor público e fazer a associação às empresas privadas do capital interno, Naccer e Eduardo dizem que “as mudanças no cenário das pesquisas científicas seriam positivas; contudo, para que isto ocorra são necessários muitos fatores históricos e sociais que transformem a realidade dos investimentos em pesquisas científicas. É preciso analisar, dessa forma, como as pesquisas brasileiras estão se organizando no presente para seu futuro promissor”.

Os autores finalizam salientando que o primeiro obstáculo é o desinteresse da sociedade com os projetos científicos. Tendo uma comunidade científica formada majoritariamente por acadêmicos envolvidos nas políticas públicas, eles reforçam que essa base intelectual não é capaz de suprir a necessidade de conhecimento de uma sociedade cada vez mais individualista e capitalista. “Os novos conhecimentos científicos, embora em sociedades particularizadas, estão globalizados. Isto permite que os conhecimentos científicos sejam mais democráticos, sem precisar diretamente das intervenções e dos investimentos do poder do Estado”, concluem.

Para conferir o artigo na íntegra e saber tudo sobre o assunto, basta a acessar Cadernos Uninter.

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Autor: Barbara Carvalho - Jornalista
Edição: Mauri König
Créditos do Fotógrafo: Pixabay


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