Como lidar com os medos

Autor: Matheus Pferl - Estagiário de Jornalismo

Quando enfrentamos uma situação que foge ao nosso controle, muitas vezes nos deparamos com o medo. Cada um age de uma maneira frente a esse sentimento, algumas pessoas encaram como um desafio, outras têm suas reações bloqueadas e não seguem em frente. Por isso é preciso entender que este é um instinto natural do ser humano, e devemos aprender a lidar com ele.

A última edição do programa Nas Ondas da Politécnica falou sobre o medo, e como esse sentimento leva as pessoas a agir de formas inusitadas. O programa contou com a presença da coordenadora do curso de Engenharia Civil Adriana Regina Tozzi e do engenheiro de produção Felipe David Formento, com apresentação do professor Guilherme Lemermeier Rodrigues.

A Guerra dos Mundos

Um episódio marcante que levantou questões acerca do medo na sociedade e do poder da informação aconteceu no rádio, em 1938. Mais precisamente na rádio CBS (Columbia Broadcasting System), de Nova York (EUA). O ator e cineasta Orson Welles (foto) apresentou ao vivo a dramatização de uma história de ficção científica, descrevendo a invasão de alienígenas à Terra. Ele apresentou em forma de noticiário, o que aterrorizou parte dos ouvintes, que acreditaram ser real. O episódio de radioteatro foi uma livre adaptação de “A Guerra dos Mundos” (1898), do escritor George Wells.

Para deixar tudo ainda mais dramático (ou temático), era dia 30 de outubro de 1938, um domingo, véspera de Halloween, data em que se costuma contar histórias de terror. Não era o objetivo de Wells enganar os ouvintes – seu programa já estava no ar havia algum tempo, sempre com a mesma proposta de dramatização de clássicos da literatura. Porém, apesar de tudo ocorrer conforme a programação normal da rádio, muitas pessoas foram pegas de surpresa e entraram em pânico, fugindo da cidade e se escondendo.

Adriana ressalta que essa estratégia, de interpretar a história como se fosse um acontecimento real, foi algo inesperado. “Estamos falando de uma época em que não havia tevê, as pessoas ficavam sempre sintonizadas no rádio para se entreter. Como foi veiculado às 20 horas, muitas pessoas sintonizaram depois, e como foi feito de uma maneira jornalística, muitos acreditaram, pois não tinham como checar a informação. Então, houve um pânico por conta disso. Hoje, apesar do medo ser uma constante, temos meios de checar a veracidade das coisas”, explica.

 O medo hoje

Devido ao desenvolvimento tecnológico, a informação está ao alcance de todos. Basta dar alguns cliques na tela do celular, tablet ou computador e é possível checar qualquer coisa. “Antigamente tínhamos que acreditar naquilo que estava sendo passado, hoje temos uma fonte de informação muito maior”, afirma Adriana.

Com tanto acesso à informação, hoje situações como a do programa de rádio de Wells são difíceis de acontecer. Porém, o medo sempre foi e ainda é usado como uma ferramenta de controle. “A questão do medo é algo da formação social do ser humano, a própria questão religiosa, a maneira como é ensinada, é através do medo. O medo funciona como um controle social. Tem pais que falam para as crianças: ‘cuidado com o homem do saco’; isso sem falar das músicas para assustar. É uma forma de educar através do medo. O medo sempre foi usado como um controlador social”, ressalta Adriana.

Todos os seres humanos têm medo. É um sentimento primitivo, natural. Porém, cada um tem esse sentimento em uma escala diferente, e uma maneira de lidar com isso. “Eu não acho que hoje a gente tenha mais medo. Com a situação da pandemia, o isolamento social e tanto tempo em casa, eu fiquei muito tempo sem dirigir, e agora, quando precisei voltar, senti mais medo. O medo está presente, mas hoje com tanta informação a gente consegue ir atrás para checar se esse medo é infundado ou não, e é essa a diferença que eu vejo com o passado”, diz.

Egresso da Uninter, Felipe falou sobre os medos que enfrentou durante a vida acadêmica e na transição após a conclusão do curso. “O início da transição de estudante para profissional não é simples, os medos existem. O medo de adaptação, de mudança, e esses medos sempre afloram. No meu caso, eu sou de Blumenau (SC) e vim para Curitiba (PR), então existiu o medo da mudança. Eu ainda fiquei dois anos parado antes de ingressar na faculdade, então esse medo das novidades, de enfrentar algo novo, foi algo que aconteceu comigo”, afirma.

Encarar o medo é sempre um desafio. Adriana conta a situação de um estudante que saiu do país e, quando voltou, enfrentou alguns medos. “Tive um aluno que participou do Ciência sem Fronteiras e foi para fora do país. Quando retornou, voltou com outra cabeça e começou a ter vários planos, e ele me contou que sentia muito medo, mas mesmo assim continuou indo atrás. Ele me disse: ‘Eu aprendi a lidar com o medo, pois toda vez que eu sinto medo eu sei que uma coisa muito boa vai acontecer’. Nós encaramos o medo como algo ruim, mas na verdade o medo é um obstáculo. Depende de como você o encara. Quando você passa por esses obstáculos, coisas boas acontecem. O medo é um instinto de atenção, mas não pode te travar”, ressalta.

“Eu considero o medo como um termômetro da estupidez, não no sentido de burrice, mas de falta de conhecimento, de estupidez mesmo, de fazer coisas estúpidas, de por que acabei fazendo tal coisa. O medo é um excelente termômetro, e quando sentimos esse medo, o termômetro vai lá em cima, é o momento que temos que prestar mais atenção naquilo que se está fazendo”, explica Guilherme.

Felipe conta que os trabalhos desenvolvidos durante sua graduação na Uninter foram muito valiosos para sua carreira. “Um grande formador das minhas experiências, positivas e negativas, foram os PBL’s da Uninter, que eram os projetos semestrais, da parte de engenharia, baseados em problemas. Destes projetos saíram muitas coisas boas, isso nos trouxe a visão do trabalho, principalmente a questão das apresentações, que era sempre um grande desafio. Fizemos 4 apresentações nos simpósios, e esses momentos, essas trocas culturais que aconteciam, eram muito interessantes”, afirma.

Felipe ainda lembra de um filme muito especial que marcou sua infância. “Gosto muito do filme Monstros SA, me marcou muito. Foi o filme que me fez entender pela primeira vez como funciona o mercado de trabalho, uma lembrança que tenho dos meus oito, dez anos de idade. Na época, me trouxe essa ideia de como as coisas podem funcionar. Sou fã de animações de um modo geral, e esse filme eu acho maravilhoso”, conclui.

O evento foi ao ar na última sexta-feira, 30.julho.2021. Você pode conferir a gravação completa na página oficial da Rádio Uninter no Facebook.

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Autor: Matheus Pferl - Estagiário de Jornalismo
Edição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro
Créditos do Fotógrafo: Reprodução


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