Como a fisioterapia pode atuar na prevenção e manutenção da saúde?

Autor: Nayara Rosolen - Estagiária de Jornalismo

Todo mundo sabe que o corpo humano precisa estar preparado para combater os mais diversos organismos que possam vir a entrar em contato com ele. Nos últimos meses, isso se tornou ainda mais emergente devido à pandemia do Covid-19. Nunca se pesquisou e se falou tanto em relação à qualidade de vida, sistema imunológico e prevenção de doenças.

A fisioterapeuta Fernanda Cercal, coordenadora do curso de Fisioterapia da Uninter, pontua que hoje muitos profissionais da área de saúde começaram a atuar apenas em áreas específicas, mas que esse é exatamente o momento de abrir a visão profissional e olhar para o corpo humano como uma integração de sistemas que dependem um do outro para funcionar de forma efetiva.

“A gente não pode dividir o corpo humano por segmento. Eu posso sim me especializar na atuação e no tratamento de uma região, porém eu jamais, como profissional da saúde, posso dissociar os segmentos do corpo. Eu preciso, na verdade, ter um conhecimento extremo e aprofundado em relação não só aos segmentos do organismo, mas também à fisiologia desse organismo como um todo”, afirma.

De acordo com a profissional, o organismo humano é muito complexo e tudo começa na formação dos átomos, desenvolvendo as células, que juntas produzem os tecidos dos órgãos. Estes últimos se organizam em sistemas próprios, mas que trabalham em conjunto em prol do funcionamento do organismo como um todo.

“Por exemplo, quando a gente caminha, nós fazemos uma contração na musculatura da panturrilha, que faz com que o retorno venoso seja possível. Quando a gente tem todas as atividades da marcha preservada, com o andar nós fazemos um massageamento em todos esses órgãos intestinais e pélvicos. A questão de contração abdominal também vai facilitar o diafragma a trabalhar para que o ar entre nos pulmões, fazendo as trocas gasosas necessárias para filtrar o sangue que vai ser carregado, provido de nutrientes para todo esse organismo. Toda essa integração deve funcionar exatamente para que nós possamos executar, com qualidade, todas as atividades funcionais da nossa vida diária”, explica Fernanda

Os especialistas da área de saúde têm que trabalhar com a noção de que os sistemas articular, muscular, neural, locomotor, cardiovascular, respiratório, entre todas as outras funções, precisam estar em sintonia. Só assim eles poderão aplicar os conhecimentos nos mais variados tipos de pacientes, quando já possuem alguma patologia, ou ainda com aqueles que buscam a prevenção de doenças. Os fisioterapeutas podem atender pessoas que buscam sair do sedentarismo, atletas e outras categorias específicas, como a gerontologia, que visa o processo de envelhecimento.

Desenvolvimento de doenças a partir da disfunção de sistemas

Todos os sistemas do organismo humano são vitais para o corpo, mas alguns são essenciais para a manutenção da vida. Um destes é o sistema respiratório, porta de entrada para todos os outros sistemas, como o cardíaco e o neurológico. O oxigênio que a gente inspira é levado para a nossa circulação, ocorrendo uma transição entre questão respiratória e vascular. Ao mesmo tempo que a circulação leva o oxigênio, ela também libera o CO2 (gás carbônico) do organismo na expiração.

“Se eu tenho algum problema, algo que bloqueia essa cascata toda, eu paro para pensar que o restante todo dela vai ficar comprometido, em menor monta ou maior, mas eu vou ter um comprometimento desse sistema todo integrado”, ressalta a professora Thayse Dias, do curso de Fisioterapia da Uninter.

Quando acontece alguma deficiência nesse transporte, muitas patologias podem ser desenvolvidas. Como, por exemplo, a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC). Neste caso, o CO2 não consegue ser enviado totalmente para fora, fica acumulado no pulmão, perdendo eficiência na questão ventilatória. Com o excesso de CO2, automaticamente vai ocorrer uma oxigenação muito baixa. Dois fenótipos de pacientes podem ser observados a partir do desenvolvimento da DPOC.

No primeiro, tem-se a enfisema. O paciente perde muita musculatura e capacidade de respiração. Utiliza a boca para ajudar a expelir, portanto fica com os lábios sempre semiabertos. Devido ao comprometimento do pulmão e a fraqueza muscular, muitas vezes não consegue realizar as atividades de vida diárias, caminhar se torna difícil. Em um segundo caso, há a bronquite crônica. Com isso, o indivíduo acumula muito CO2, inchando por falta de oxigênio. Muitas vezes tem a ponta do nariz, os lábios e os dedos azulados, pois a função celular dessas extremidades e até os órgãos internos não funcionam adequadamente.

A doença primária da DPOC é o comprometimento pulmonar, mas ele não fica apenas nos pulmões. Esses pacientes podem facilmente evoluir para problemas cardíacos, oncológicos e renais. Apesar de parecer, as funções dos rins não se limitam apenas à filtragem da urina, este órgão tem uma repercussão global no corpo e é utilizado, inclusive, para embasar dietas. Sem a filtragem adequada ele pode, por exemplo, acumular água no corpo gerando um edema generalizado e pode ocasionar um edema agudo de pulmão (EAP), em que o pulmão fica encharcado de água e impossibilita a respiração.

“Por que que a gente vê todo mundo falar em mudar estilo de vida? É porque a gente vê que o corpo todo é integrado. Se eu tenho um hábito de vida saudável no sentido de uma alimentação adequada, não é só para eu não ficar obeso ou só para ser fitness, para ser moderninho, não. O benefício dessa dieta vai repercutir no corpo todo”, ressalta Thayse.

 A atuação dos fisioterapeutas

Os profissionais que atuam na área de fisioterapia são conhecidos por reabilitar os pacientes e devolver a eles suas funções motoras que, por algum motivo, foram comprometidas. Mas, ao contrário dos que muitos pensam, eles também trabalham com a promoção e prevenção da saúde. Além de aplicar os conhecimentos na orientação para que um paciente não tenha maiores complicações em uma patologia já existente, eles também podem ensinar a ter um estilo de vida mais adequado para aqueles que não possuem nenhum problema ou doenças graves.

“A prevenção ainda é muito pouco explorada pelo fisioterapeuta, mas tem uma importância muito significativa, quando a gente pensa nas diversas patologias que a gente atende, na complexidade dos seus sistemas. Desde uma dieta adequada até nos exercícios, uma possível prevenção de lesão, uma biomecânica”, afirma Thayse.

De acordo com Fernanda, este paradigma já vem sendo quebrado perante a sociedade, mas a pandemia e a maior procura por um estilo de vida mais saudável também colaboraram com esse movimento em maior velocidade.

“A gente vai conseguir trazer esse profissional mais para perto da comunidade, fazendo com que a fisioterapia seja também uma opção de desenvolver novas habilidades, de trazer integração tanto de preservação quanto de prevenção em saúde, também manutenção e – por que não? –  a recuperação de alguma coisa. Nunca se falou tanto na questão de biossegurança, na questão de higiene brônquica respiratória, e podemos auxiliar nessa questão dos nossos pacientes”, finaliza a fisioterapeuta.

As profissionais abordaram estes assuntos em uma live intitulada Fisioterapia sob o olhar da prevenção e manutenção da saúde, durante a primeira maratona de saúde da Uninter. O bate-papo foi mediado pelo professor Vinícius Bednarczuk de Oliveira, coordenador dos cursos de Farmácia e Práticas Integrativas e Complementares da Uninter. A transmissão continua disponível na página de Maratonas para desenvolvimento sustentável para os interessados.

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Autor: Nayara Rosolen - Estagiária de Jornalismo
Edição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro
Créditos do Fotógrafo: Bruno /Germany/Pixabay


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