Cine Clube debate o filme Alice Júnior, com participação do diretor Gil Baroni

Autor: Evandro Tosin – Assistente de Comunicação Acadêmica

Prepare a pipoca e reserve o final de semana para assistir ao filme “Alice Júnior”. Tudo isso porque a próxima sessão de debate do Cine Clube: Luz, Filosofia e Ação irá ocorrer no dia dia 27.jul.2021, às 19 horas. Desta vez, o bate-papo será sobre o filme dirigido por Gil Baroni, que é o convidado especial do evento. O encontro terá transmissão ao vivo pelo canal do YouTube da Escola Superior de Educação (ESE) da Uninter e pela página do Facebook da Área de Humanidades (clique aqui).

O filme conta a trajetória de Alice (Anne Celestino Mota), uma youtuber trangênero que se muda de uma área nobre de Recife (PE) para residir em uma cidade do interior do Paraná. Isso por causa de um desafio profissional do pai, Jean (Emmanuel Rosset). Alice, que já era vítima cyberbullying no ensino médio, enfrenta o preconceito na nova escola em uma sociedade conservadora. Um dos grandes desafios da trama é a jovem dar o primeiro beijo.

Festival de premiações

A obra participou do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, no qual recebeu os prêmios de melhor atriz para Anne Mota, melhor montagem, trilha sonora e atriz coadjuvante para Thaís Schier. No Festival do Rio, foi escolhido pelo público como o melhor filme. Na 27ª edição do Festival Mix Brasil, ganhou três prêmios: melhor interpretação, menção honrosa e o 1º lugar entre os longas-metragens nacionais, de acordo com o público.

Alice Júnior alcançou repercussão pelo mundo afora. Circulou em festivais internacionais e faturou o Prêmio do Júri no aGLIFF, Austin Gay and Lesbian International Film Festival, fazendo parte da seleção do Outfest Los Angeles LGBTQ Film Festival, considerado maior festival com temática LGBTQIA+ do planeta.  E ainda, neste ano foi selecionado para mostra Generation no Festival de Berlim 2021.

Baroni nasceu em Guarapuava, no Paraná. É roteirista e produtor. Suas obras cinematográficas têm enfoque nos direitos humanos, principalmente no universo LGBTQIA+. É um dos fundadores da Beija Flor Filmes, com produção de curtas e longas-metragens, exibidos em 240 festivais internacionais. Entre essas participações, ganhou 46 prêmios e 8 menções especiais.

As razões do filme

“Não é só uma história adolescente. Mas é história protagonizada por um personagem trans, interpretado por uma atriz trans. Isso é muito simbólico num país como o Brasil, o país que mais comete violência e mata pessoas transgênero no mundo. Ter um filme onde a personagem é acolhida pelo pai, pelos amigos, ela é uma heroína, bem resolvida, não tem medo de ser quem ela é. Ter um filme assim, e que chegou ao alcance do público através da NetFlix, Rede Globo, Canal Brasil, plataformas digitais é muito simbólico, significativo”, afirma o cineasta.

A fala de Baroni não é sem motivo. De acordo com a Associação Nacional de Travestis e Transexuais do Brasil (ANTRA), em 2020, foi registrado número recorde de assassinatos contra travestis e mulheres trans,  um total de 175 casos. Ainda, segundo levantamento da ONG Transgender Europe o Brasil está na primeira posição entre os países do mundo, que mais assassinam pessoas trans no planeta. Há doze anos, está à frente no ranking.

Para o cineasta, a intenção do filme é passar uma mensagem de respeito às pessoas como elas querem ser, e que estamos vivendo um momento único da humanidade com acesso às informações e de geração de conhecimento.

“A gente sempre sonhou que fosse uma inspiração para as novas gerações, se sentirem acolhidas, respeitadas. Principalmente as pessoas que não se identificam com o sexo, gênero que lhe imposto ao nascer. Dentro dessa sociedade que estabelece um binarismo, masculino e feminino, atrelado às características biológicas. É um manifesto de inspiração onde a gente está tendo cada vez mais a pluralidade de vozes, mais espaço, e principalmente por conta da internet, dizer que elas não estão sozinhas. Alice é isso: alegria, coletivo, diversidade, amor, respeito e a vida”, afirma o diretor.

A proposta do Cine Clube

Para um dos organizadores do CineClube, o docente Douglas Lopes, da Escola Superior de Educação (ESE) da Uninter, o debate reconhece o projeto na comunidade acadêmica e a integração com os produtores de cinema. “Alice Júnior é um filme premiadíssimo. Gil Baroni é um diretor paranaense reconhecido, respeitado internacionalmente, traz essa contribuição de conversar com os alunos e a comunidade acadêmica sobre produção fílmica em si. O cinema tem um papel muito relevante para a cultura, porque é capaz de refletir sobre as nossas questões sociais”, diz Douglas.

“O Gil faz isso de forma inaugural no Alice Júnior, porque ele trata de um tema bastante complexo, polêmico, no que diz respeito às pessoas transgênero. Mas, ao invés de fazer isso por meio de uma narrativa dramática, ele recorre justamente à comédia. A gente consegue abordar essa complexidade a partir da humanização, de forma muito natural”, completa o professor.

Nesse contexto, o Cineclube cada vez mais consegue atingir os seus objetivos. “Principalmente a cultura brasileira, dos nossos filmes, propõe uma reflexão sobre os nossos problemas e fazer um debate acadêmico. A proposta é observar o cinema de forma mais crítica e construção na nossa sociedade sobre esses temas”, explica o professor.

Em 2021, o projeto Cineclube Luz, Filosofia e Ação completa a sua 4ª edição, e já alcançou mais de 80 mil inscrições. A iniciativa funciona como um curso de extensão e tem contribuído para a formação de professores e bacharéis. A programação do CineClube deste ano está alinhada aos Objetivos do Milênio, estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU).

O projeto aproxima o público externo à academia, contribui com a democratização do acesso ao cinema e ao incentivo à cultura. As sessões abordam assuntos que envolvem os direitos humanos, o cotidiano escolar, permitindo a capacitação para o enfrentamento de temas como a pobreza, a violência, a degradação ambiental e desigualdade de gênero.

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Autor: Evandro Tosin – Assistente de Comunicação Acadêmica
Edição: Mauri König


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