Cientista político analisa expansão do eleitorado evangélico no Brasil

Denise Becker – Estudante de Jornalismo

Os evangélicos somavam 7,2 milhões de brasileiros em 1980, ou 6,6% da população do país. Essa representação subiu para 42,3 milhões de pessoas em duas décadas, chegando a 22,4% da população em 2010. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) projeta que eles serão 55 milhões em 2018, dos quais 38,6 milhões seriam eleitores.

“Paralelamente a essa expansão numérica da população neopentecostal, observa-se outro fenômeno: a presença cada vez maior deste grupo na arena política por intermédio de políticos que se declaram defensores dos valores evangélicos”, analisa Doacir Gonçalves Quadros, professor de Ciência Política e do Mestrado Acadêmico em Direito do Centro Universitário Internacional UNINTER.

Na avaliação do professor, as estratégias eleitorais direcionadas para conquista do voto evangélico estão cada vez mais frequentes. “Pelo peso do eleitorado neopentecostal no Brasil, é importante levarmos em conta que hoje eles se colocam como aliados para o sucesso eleitoral dos aspirantes ao Executivo e ao Legislativo no país”, diz Doacir.

O professor apresenta dados do TSE das eleições de 2014, em que a bancada evangélica na Câmara Federal conseguiu reeleger 53% de seus deputados. Esse índice se aproxima ao índice geral de candidatos reeleitos, que atingiu 56,5%. Ele observa que o peso da bancada evangélica tem contribuído para que esse grupo ocupe espaços centrais na Câmara dos Deputados, influenciando em decisões importantes para o país.

Segundo Doacir, observa-se que após eleitos os integrantes da bancada evangélica vêm confirmando o seu discurso. “Um comportamento pautado na defesa de bandeiras socioeconômicas direitistas tradicionais e na defesa dos valores morais e familiares”, pontua. Com base em estudos recentes, o professor considera que no momento de decisão do voto o comportamento do eleitor mostra fidelidade ao “seu local de culto e autoridade religiosa”, e que elas podem influenciar decisões durantes os cultos em igrejas.

“Indicadores demonstram que os evangélicos são os fiéis mais assíduos aos cultos e apresentam baixo índice de exposição às informações oriundas dos diferentes veículos de imprensa”, diz o professor. “Consequentemente, presume-se que suas atitudes e opiniões sobre o mundo da política têm grandes possibilidades de se formar a partir do contato direto com outras fontes primárias de informação, como família, amigos e local de trabalho, além das autoridades religiosas”, salienta.

Números de 2015 apontam 75 deputados na Frente Parlamentar Evangélica, incluindo Eduardo Cunha (PMDB-RJ), membro da Assembleia de Deus e ex-presidente da Câmara. Nas eleições de 2016, um partido ligado à Igreja Universal lançou 43 candidaturas pentecostais e neopentecostais para concorrer a prefeituras espalhadas pelo Brasil. Em 16 capitais tivemos candidatos evangélicos concorrendo a prefeito, entre elas estava Marcelo Crivella, eleito para a prefeitura do Rio de Janeiro, a segunda maior cidade do país. O líder evangélico está licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus.

“Portanto, pelo peso do eleitorado neopentecostal no Brasil, é necessário levarmos em conta que hoje em dia eles se colocam como um importante aliado para o sucesso eleitoral dos aspirantes ao Executivo e ao Legislativo no país”, conclui Doacir.

Edição: Mauri König

 

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