Cantando com as mãos, Coral de Libras promove inclusão

Autor: Evandro Tosin – Jornalista

Um coral que “canta” com o uso das mãos. Integrantes se expressam através da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) de modo simultâneo acompanhando os movimentos do regente-intérprete.

A criação do coral foi resultado do curso de extensão em Libras realizado em 2022 pelo polo de apoio presencial da Uninter em Sombrio (SC), em parceria com a Secretaria de Educação do município. A iniciativa fez tanto sucesso, que viabilizou apresentações de música em Libras na cidade e região.

O coral em Libras foi composto por 20 pessoas, 15 alunos de cursos da área de Educação da Uninter vinculadas ao polo, e cinco pessoas da comunidade. As aulas que iniciaram em março do ano passado, com encontros semanais, foram ministradas pelo professor e intérprete de Libras Ramon Cunha e realizadas no polo de educação a distância de Sombrio (SC).

No dia 26 de setembro – data é considerada o Dia do Surdo no Brasil – foi a primeira vez que os estudantes se apresentaram com o coral. Foram 10 apresentações para 200 professores da Educação Infantil de Sombrio no auditório da Escola Municipal Nair Alves Bratti. Na abertura do evento, o encontro teve a presença da intérprete de Libras Ana Paula Matta, que explicou a importância da Língua Brasileira de Sinais. A atividade foi mediada por Cunha e pela diretora do polo Valdete Homem.

Duas músicas foram incluídas no repertório: “A flor e o beija-flor” de Marília Mendonça e o compositor Juliano Tchula, e a segunda música, “Anunciação” de Alceu Valença. Confira o vídeo abaixo.

O sucesso foi tanto que a iniciativa recebeu outros convites. O grupo participou das festividades do Natal de 2022 no centro da cidade em 12 de dezembro do ano passado, por meio de um pedido da Casa da Cultura do município. Outro convite foi para a abertura do Verão Cultural de Balneário Gaivota (SC), cidade vizinha, no dia 16 de dezembro.

Cunha que é responsável pelas aulas possui ampla experiência na área de linguística, é especialista em Libras e Mestrando em Tecnologias da Informação e Comunicação. De acordo com ele, o curso de extensão foi importante para o desenvolvimento das sinalizações da comunicação e no entendimento da cultura surda.

Uma ação que potencializa o desenvolvimento da língua brasileira de sinais, da língua portuguesa e da modalidade escrita. A atividade contribui para o atendimento ao aluno surdo, seja no processo de alfabetização da criança, durante a formação do adolescente com deficiência auditiva no ensino fundamental e médio, e também na carreira profissional, para transformar vidas no ensino superior.

“A educação bilíngue para os surdos tem a ver com as leis e diretrizes de bases da educação Lei 14.191/2021, e isso estabeleceu a oportunidade para que os alunos do curso pudessem dar o pontapé inicial para aprendizagem e desenvolvimento como futuros professores de Libras, ou até mesmo professores bilíngues. Com o tempo e dedicação podendo se tornar tradutores e intérpretes da língua brasileira de sinais através de informações de nível superior e pós-graduação”, explica Cunha.

A diretora do polo da Uninter de Sombrio destaca a relevância da acessibilidade da língua, tão importante quanto a rampa para o cadeirante. “Ela tem que ser levada mais a sério, nós temos aqui na comunidade vários surdos, cadeirantes. Todo cadeirante pode chegar em qualquer comércio, mas não tem o intérprete de Libras para atender. O curso de extensão veio para mostrar a urgência de capacitar mais profissionais”, relata Valdete.

Ela ainda revela que já existe reunião marcada com a secretária de educação de Sombrio para a continuidade do projeto em 2023, apresentações em futuros eventos culturais.

Educação inclusiva

Luana Pereira é docente da rede pública de educação do município, foi em busca de maior conhecimento com o curso de extensão. Atualmente, ela é estudante do curso pós-graduação em Neuropsicopedagogia Clínica e Institucional da Uninter. Para Luana a experiência foi excelente, com muitas aulas dinâmicas e trocas entre colegas.

“Quando falamos de inclusão, não precisa nem dizer o quanto é importante para o aluno surdo se sentir inserido na comunidade escolar, coisas simples para o ouvinte como dar um ‘oi’ na entrada da escola, e que o aluno surdo não consegue se comunicar, e através do curso tivemos várias palestras da Uninter”, relata a docente.

A estudante também relata que foi gratificante ver as crianças da escola em que trabalha acompanhando na plateia, e observar que algumas estavam vendo pela primeira vez.

“O coral em Libras foi enriquecedor, ampliamos o nosso vocabulário em Libras, aprendemos na prática sobre tradução e interpretação. As músicas normalmente trazem um sentido abstrato e o momento de transmitir isso, através da Libras, requer muito estudo e cuidado para conseguir retratar o que está na música”.

Com a iniciativa, é possível a inclusão e ampliar o espaço na sociedade para a pessoa com deficiência auditiva. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil possui 9,7 milhões de pessoas com algum nível surdez, ou seja, 5% da população brasileira – e entre eles, 2,7 milhões não ouvem nada.

Formação superior

Para ampliar o acesso à formação na linguagem de sinais, em 2023, a Uninter lançou o curso de Licenciatura em Letras – Libras com o objetivo de formar profissionais da educação para o uso e ensino de Libras em todas as etapas educacionais. Para saber mais, leia a matéria publicada clicando aqui.

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Autor: Evandro Tosin – Jornalista
Edição: Larissa Drabeski
Créditos do Fotógrafo: Arquivo PAP Sombrio


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