Brasil da pele preta discute racismo e cultura afro

Autor: Leonardo Túlio Rodrigues - Estagiário de Jornalismo

De maneira mais direta ou de forma quase imperceptível, o preconceito racial continua afetando as vidas de cerca de metade da população brasileira. Resultado de mais de 300 anos de escravidão, esse comportamento degradante reforça a desigualdade entre indivíduos, provoca a exclusão e muitas vezes legitima práticas violentas contra pessoas de pele negra no Brasil.

Ana Olimpia, vice-coordenadora do Fórum da Diversidade de Pinhais (PR), lembra que a teoria de branqueamento, oriunda do final do século 19, ainda encontra reflexos nos dias de hoje. Difundida pelas elites do país, baseava-se na premissa de que era necessário embranquecer a população para que nos tornássemos um país civilizado aos olhos do mundo. Essa tese levou ao incentivo da imigração europeia, no final do século 19 e início do século 20, como um projeto do Estado, constituindo-se numa marca histórica do racismo em nossa República.

Ser negro é enfrentar barreiras no Brasil, mas ser uma mulher negra é ainda mais difícil. As mulheres negras representam somente 10% entre todas a mulheres em universidades, deixando evidente que, mesmo com muita luta, ainda estamos longe de reverter a situação. Ana ressalta como o racismo estrutural se manifesta em diversos ambientes, na escola, na universidade, no trabalho etc.

Cultura negra

Um dos aspectos mais marcantes do visual da mulher negra é o uso de tranças. Utilizadas no antigo Egito como símbolo de poder, e em tribos antigas para a identificação de indivíduos, as tranças foram difundidas no Brasil através da cultura afro e atualmente são também usadas como símbolo de resistência feminina.

A cultura afro está presente em nosso cotidiano e foi responsável por muito do que conhecemos. A dança e a música estão entre as heranças culturais africanas mais fortes em nosso país, ressalta Alysson Siqueira, professor da professor da área de linguagens cultural e corporal da Uninter.

Laremi Paixão é professora de dança e participa do grupo Kanoambo, em Curitiba. Ela vem trabalhando a cultura musical afro na cidade desde 2013, valorizando o contato com a terra e a natureza, divulgando os mais diversos tipos de danças africanas.

Arte e expressão servem de combustível

Edmilson Mota é professor, graduado em história e geografia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Nascido no interior, desde cedo já tinha tomado a decisão: queria ser professor. Ele conta que sofreu com a descrença dos que estavam a sua volta, num lugar em que se duvidava que “alguém de lá” pudesse ser alguém na vida.

Hoje, professor universitário e pesquisador, ele fala sobre sua paixão mais recente. Edmilson também é aluno do curso de Artes Visuais da Uninter. “A arte está presente em toda minha vida e sempre achei muito limitador me expressar somente através do texto”, explica.

Edmilson também desenvolve o projeto chamado Cidade Imaginária, que promove a reflexão sobre espaço e lugar para alunos universitários de geografia, explorando as relações de poder que estão por trás do desenvolvimento da sociedade.

Esses assuntos foram debatidos no programa Arena Cultural, transmitido em 26 de agosto de 2021 pelos canais do YouTube e Facebook da Escola Superior de Educação da Uninter. Com o tema Brasil de Pele Preta, a live recebeu também Regiane Moreira, Ana Zattar, Flor Pimentel, Evelyne Correia e Marcos Ruiz da Silva, professores da Uninter da Escola de Educação. Além dos debates, aconteceram também oficinas artísticas ao longo da transmissão.

Para assistir o evento completo na integra, clique aqui.

Incorporar HTML não disponível.
Autor: Leonardo Túlio Rodrigues - Estagiário de Jornalismo
Edição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro
Créditos do Fotógrafo: Observatório do Terceiro Setor


Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *