As pedagogias do urbanismo na construção de cidades educadoras

Autor: Leonardo Tulio Rodrigues - estagiário de jornalismo

Em constante mudança, as cidades do século 21 buscam se revitalizar a todo momento, fazendo o uso do espaço urbano para promover a educação, a cidadania e a socialização entre as pessoas, além de ensinar sobre a cultura, a memória e a valorização do território.

O movimento Cidades Educadoras, que nasceu em Barcelona (Espanha) em 1990, defende que a cidade tem grande potencial educativo, além de suas funções tradicionais. Busca abranger instâncias educativas que se configuram fora das salas de aula, valorizando o caráter pedagógico da vida social contemporânea.

O tema foi apresentado à comunidade acadêmica por meio do artigo científico Pedagogias do Urbanismo em Intervenções Urbanas (leia aqui), publicado pela Revista Intersaberes, uma das nove publicações científicas da Uninter.

Escrito pela doutora em educação Marisa Vorraber em colaboração com Rodrigo Barbieri, docente em arquitetura e urbanismo e mestre em Educação, o artigo apresenta a ideia de que a união entre a educação e o urbanismo é extremamente benéfica, mas ainda não é comum, mesmo sendo um dos objetivos de desenvolvimento sustentável da ONU.

“O artigo é um subproduto da minha dissertação de mestrado. Para mim foi uma oportunidade de unir questões de urbanismo e arquitetura, sobretudo simbólicas, ao universo da educação”, afirma Rodrigo.

Os autores explicam que as cidades educadoras prescrevem uma relação intensa de participação e apropriação do território, enquanto o urbanismo e seus métodos podem ou não respeitar estas premissas e, em último caso, até ignorá-las propositalmente.

Segundo a Associação Internacional das Cidades Educadoras, o Brasil possui 23 cidades ligadas à essa iniciativa. Entre elas estão Curitiba (PR), São Paulo (SP) e Vitória (ES).

O espaço urbano

A cidade carrega um conjunto de sentidos, tanto para os indivíduos quanto para os coletivos, de forma que o cenário estabelece elos entre pessoas de diferentes gerações, articulando as memórias pessoais e coletivas.

Para analisar os aspectos no campo do urbanismo, os autores empregam a noção de pedagogias culturais. Nessa abordagem, o espaço urbano não é neutro ou indiferente. “Nossas condutas são suscetíveis ao espaço urbano, não apenas por suas qualidades materiais, mas também pelas representações a ele associadas, e por constituir-se como agência de discursos e ideologias”.

A iniciativa mais recente de revitalização urbana com propósito educativo no Brasil é utilizada como exemplo no artigo. Fruto de concorrência pública realizada pelo governo do estado do Rio Grande do Sul em 2010, a proposta de revitalização do Cais Mauá de Porto Alegre (imagem) tomou forma em 2021.

Oficialmente, os projetos arquitetônicos apresentados são de autoria do arquiteto e urbanista brasileiro Jaime Lerner e o do arquiteto espanhol Fermín Vázquez. No caso do Cais Mauá, buscou-se verificar quais eram as estratégias adotadas no intuito de conduzir as percepções do público quanto ao que deveria ser a intervenção ideal.

Projetos como esse exaltam o movimento iniciado em Barcelona, trazendo novos contornos para as cidades, com o intuito de educar para além das escolas e valorizar a arquitetura local.

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Autor: Leonardo Tulio Rodrigues - estagiário de jornalismo
Edição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro
Créditos do Fotógrafo: Divulgação


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