As construções sociais e históricas sobre o conceito de família

Autor: Diego Alesson Alves - Estagiário de Jornalismo

Há uma visão tradicional sobre o que é uma família: um homem, uma mulher e seus filhos biológicos. Em geral, não percebemos como esse conceito, apesar de parecer absolutamente natural, é na verdade uma construção social e histórica, que sofre modificações conforme a época e a sociedade.

O professor do curso de História da Uninter André Cavazzani, pesquisador do assunto, explica que é muito comum associarmos o conceito de família ao formato sacramentado pela Igreja, de um homem e uma mulher e seus filhos biológicos. Essa ideia está diretamente ligada à cristandade, como indicam as próprias palavras da Bíblia: “Deixará o homem pai e mãe e se unirá à sua mulher”, cita André. Mas dentro de uma perspectiva histórica, a família tem um caráter dinâmico que varia ao longo do tempo e de diferentes modelos culturais.

A doutora em história Mariana Bonat Trevisan lembra que o modelo de estrutura familiar das sociedades ocidentais não é universal, e que a antropologia nos ajuda a entender os padrões de outras sociedades. Por isso o estudo do tema deve incorporar uma perspectiva interdisciplinar: “Se tomamos a família como objeto de estudo, a gente não faz simplesmente um trabalho de história, mas a gente tem diálogo num campo interdisciplinar”, declara.

No período medieval, a Igreja Católica formatou o modelo familiar padrão, seguindo preceitos como o casamento monogâmico, a proibição das relações entre parentes e a valorização da primogenitura. Muita coisa mudou. André lembra que alguns paradigmas foram sendo derrubados com o passar do tempo.

Na contemporaneidade, as mulheres brasileiras vêm conquistando maior liberdade e protagonismo. Alguns marcos dessa jornada são a popularização da pílula anticoncepcional, nos anos 1970, a legalização do divórcio em 1977, a igualdade de homem e mulher no casamento, garantida pela Constituição de 1988, e mais recentemente o reconhecimento da união homoafetiva.

“Se a gente não pode então trabalhar com um único modelo de família, quem somos nós para impor um único modelo? O que se espera das pessoas é empatia para que cada um tenha a liberdade de tentar organizar a sua vivência familiar da forma que lhe for possível”, completa André.

André Cavazzani e Mariana Trevisan conversaram sobre o conceito histórico de família durante o programa Chave Interdisciplinar, exibido pela Rádio Uninter, com apresentação de Deisily de Quadros. Você acompanha a transmissão completa clicando aqui.

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Autor: Diego Alesson Alves - Estagiário de Jornalismo
Edição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro
Créditos do Fotógrafo: Craig Adderley/Pexels


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