Apesar da pandemia, projetos de pesquisa seguem em frente

Autor: Nayara Rosolen - Estagiária de Jornalismo

O desenvolvimento de pesquisas e o compartilhamento de informações nunca foram tão necessários quanto nos últimos meses. Desde a chegada da pandemia, a ciência tem recebido o reconhecimento de sua relevância para o desenvolvimento da sociedade. A Uninter sempre se destacou por seu apoio e incentivo aos estudantes na iniciação científica.

Nem mesmo o período pandêmico foi capaz de interferir nas produções realizadas pelas Escolas Superiores da instituição. Dinamara Machado, diretora da Escola Superior de Educação (ESE), explica que isso se deve ao fato de que “a Uninter é em sua essência EAD”. Ou seja, a maior parte dos alunos já realizavam as atividades mediadas pela tecnologia. “Nós temos mais de 700 alunos voluntários participando da iniciação científica”, conta Desiré Dominschek, coordenadora de pesquisas da Uninter.

Dinamara ressalta que só em 2020 foram lançadas 7 edições do Caderno Intersaberes e 20 publicações em livros. Todas as produções são oriundas do trabalho de grupos de pesquisa e foram realizadas em colaboração com estudantes, professores da instituição e profissionais convidados do exterior, além da participação de alunos egressos, que também passaram a integrar o grupo neste ano. Os ex-alunos fazem a aproximação entre o que aprenderam durante a formação com o que estão realizando hoje no mercado de trabalho.

“Nós temos uma cultura maker. Nós vamos, buscamos, queremos fazer, mudar, mas uma cultura também de expor a ciência. Nós queremos produzir os nossos livros, os nossos materiais e fazer de forma gratuita para a comunidade, numa percepção de que a pesquisa é uma construção coletiva. Se nós fazemos pesquisas, aprendemos e vamos compartilhar, isso não vai gerar benefício econômico para ninguém”, salienta a diretora.

Rodrigo Berté, diretor da Escola de Saúde, Biociência, Meio Ambiente e Humanidades acredita que o pesquisador é “um ser de natureza criativa”, e por isso não deixa de estudar e produzir. Mas ele lembra que “quando nós falamos de pesquisa, não podemos esquecer dos passos do método científico”. Método esse que os estudantes aprendem durante a iniciação científica.

Naturalmente, com a impossibilidade de aglomerações e a necessidade de manter-se em casa por segurança, algumas estratégias precisaram ser readequadas este ano. Os professores passaram a utilizar ferramentas digitais, como aplicativos de videoconferências e de mensagens de texto, além do ambiente virtual de aprendizagem (AVA) da Uninter. Abaixo descrevemos algumas das pesquisas desenvolvidas atualmente na instituição:

Educação

Kátia Sores e Luís Fernando Lopes são professores da ESE e orientam linhas de pesquisa no grupo da área, intitulado O EAD, o presencial e o híbrido: vários cenários de docência, de currículo, de aprendizagem e de políticas públicas.

A docente está vinculada ao projeto Vozes da pedagogia, coordenado pela professora Gisele Cordeiro. Katia conta que a pesquisa trata das competências digitais para a formação de professores e alunos, em um contexto bem atual devido à pandemia, que potencializou o uso das tecnologias. As reuniões são realizadas quinzenalmente através de videoconferências, com a participação de cerca de 150 estudantes.

“A ideia é que possa contribuir com a formação de futuros pesquisadores e que eles percebam que a pesquisa não é algo de alguns iluminados, pessoas que sentam e escrevem como se aquilo fosse algo que viesse ‘do além’. Perceber que de fato a pesquisa exige disciplina, método, organização, continuidade, busca. Um aprimoramento em relação àquele objeto que eu estou buscando compreender cada vez melhor”, explica.

Já Luis Fernando, professor do curso de Filosofia, orienta o projeto Cineclube: Luz, Filosofia e Ação. O trabalho se dá acerca da história dos cineclubes no Brasil. O docente conta que esses espaços têm grande relevância histórica quando se trata da divulgação cinematográfica do país, principalmente durante o regime militar. A veiculação de muitos filmes era censurada, mas as transmissões aconteciam em cineclubes.

“Quando a gente trabalha com filmes, nós oferecemos possibilidade de ampliação da formação de maneira que o professor tenha também condições para inovar, trabalhar o conteúdo de maneira diferenciada, para que qualquer profissional na sua área tenha uma cultura avançada. Nós procuramos, quando falamos de cinema e filosofia, também saber trabalhar a utilidade do inútil, porque a vida não se encerra apenas no trabalho e no consumo. Nós, como diz Nietzsche, temos a arte para não morrer da verdade”, afirma.

Saúde

A professora Ivana Busato, coordenadora dos cursos de Gestão de Saúde Pública e Gestão Hospitalar na Escola Superior de Saúde, Biociência, Meio Ambiente e Humanidades, desenvolve uma pesquisa na linha de Desenvolvimento, novas abordagens de saúde, gestão e meio ambiente. Além dos cursos que coordena, participam do projeto estudantes das áreas de Saneamento Ambiental, Gestão em Vigilância em Saúde e Gerontologia.

Por serem todos alunos da EAD, Ivana explica que busca-se trabalhar com foco regional. Os 17 alunos participantes contam com orientações individuais e cada um desenvolve sua pesquisa a partir da comunidade onde está inserido, dando significado ao trabalho que realiza. A docente ressalta que a pesquisa teve 1 artigo aceito na Revista de Saúde e Desenvolvimento, 4 trabalhos apresentados no II Simpósio Brasileiro de Cuidados Interdisciplinares em Saúde e 1 aceito para o Congresso Nacional dos Hospitais Privados 2020.

Devido à importância que a pandemia trouxe para a ciência e a divulgação de informações, Ivana conta que neste período o acesso a dados secundários, método já utilizado nas pesquisas antes deste período, foi facilitado.

“A própria pandemia mostrou o quanto é essencial e é de responsabilidade sanitária dos gestores democratizar a informação. Até porque a informação é da sociedade, não das pessoas e não dos setores. A informação em saúde tem que ser democratizada, tem que dar publicidade a essas informações para que possamos fazer controle social. Isso facilita que o nosso aluno possa fazer pesquisa”, conclui.

Politécnica

O professor Marcos Proença, além de coordenar os cursos de Engenharia de Produção, Engenharia da Computação e Engenharia Elétrica, também lidera o grupo de pesquisa de Gestão, Inovação e Sustentabilidade da Escola Superior Politécnica. Dentro da equipe, ele orienta duas linhas de pesquisa: o desenvolvimento de biodigestor com inteligência artificial e o desenvolvimento de um jogo para computador voltado para educação na engenharia.

Sobre o primeiro, ele diz que “é uma necessidade nacional para a geração de energia alternativa”. Relacionado ao segundo projeto, o docente explica que é uma forma de alcançar um público maior, sedimentando conceitos sobre a área para que os estudantes tenham “um andamento mais tranquilo com as disciplinas da graduação”.

Ainda que a aplicação prática em laboratórios seja importante em alguns processos da pesquisa, Marcos afirma que a produção a distância não impediu a continuidade dos estudos, que foram selecionados para apresentação no V Simpósio de Engenharia e Tecnologia da Uninter. Os projetos focaram nos aprendizados teóricos e aplicações computacionais, já que “não adianta entrar em laboratório sem o conhecimento necessário”.

“Além disso temos a contemplação dessa pesquisa já sedimentada institucionalmente. Em janeiro [de 2021], estaremos lançando também o primeiro número do nosso Caderno Progressos, da Escola Superior Politécnica, em que trabalhos de pesquisa e de desenvolvimento serão divulgados”, conta Marcos.

Os profissionais debateram sobre os projetos de pesquisa no VI Seminário de Pesquisadores, realizado pela Coordenação Pesquisa e Publicações Acadêmicas. O tema centrou-se nas Estratégias de pesquisa na pandemia e a transmissão foi realizada através do canal do Grupo Uninter, no dia 28.out.2020.

Ao final, um recado importante: “Fiquem atentos para 2021. Em fevereiro é lançado o edital de iniciação científica, podem participar alunos da EAD e do presencial. Cada projeto tem duas bolsas, uma de 50% e outra de 100%. Cada coordenador faz a seleção”, finaliza a professora Desiré, que mediou o bate-papo.

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Autor: Nayara Rosolen - Estagiária de Jornalismo
Edição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro
Créditos do Fotógrafo: Andrea Piacquadio/Pexels


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