Antes do final feliz, empatia e resiliência

Autor: Dinamara P. Machado

Desenvolver um currículo considerando a educação socioemocional significa ultrapassar a barreira disciplinar e reconhecer que o ponto central é o autoconhecimento, que pode ser desenvolvido desde a tenra idade, num programa socioemocional. Este talvez seja esse um caminho para trabalhar os ataques às escolas no Brasil.

A escola, considerada espaço da sistematização e democratização do conhecimento, agregou, ao longo da história, desenvolvimento de habilidades, atitudes, valores e, por fim, emoções.

A C.H.A.V.E (como é chamada a junção desses cinco elementos) da escola contemporânea envolve programas socioemocionais que podem ser compostos com estabelecimento de jogos cooperativos e competitivos, na intenção de trabalhar com sentimentos de frustração e medo. Partindo dos jogos, estabelecem-se rodas de conversa para compreender os resultados, as ações realizadas, os equívocos e acertos cometidos que levaram ao sucesso. Ou seja, não basta apenas estabelecer jogos, é necessário analisar os resultados em conjunto, porque isso gera amadurecimento e a prática do aprender a lidar com as emoções.

Outra prática pedagógica pode incluir biografias e documentários para que os estudantes possam identificar exemplos, tipos de personalidade e quais os obstáculos enfrentados durante o desenvolvimento da carreira. E, mesmo com as leituras de conto de fadas, existe uma predileção para focar nos minutos finais da história, especificamente no “felizes para sempre”. Entretanto, por consequência,  a trajetória que conduziu para o final feliz acaba esquecida.

A realidade da vida é semelhante a um conto de fadas, porque, para termos um “final feliz”, antes enfrentamos inúmeros desafios. Quantos obstáculos foram enfrentados pela Rapunzel?  Trocar o foco do final para trajetória pode ser uma estratégia pedagógica para o desenvolvimento de novas gerações com resiliência.

A resiliência emocional pode ser ensinada e apreendida a partir da consciência do erro e da demonstração de que é possível desenvolver outros caminhos. Quando da antiga prática pedagógica, por meio da projeção no espelho, com descrição do tipo físico individual, dialogamos com as crianças, demonstrando o que nos torna humanos. Ao conseguirmos, a partir do diálogo, identificar as semelhanças e diferenças entre os participantes, estabelecemos empatia, afinal, somos todos iguais, mas diferentes.

No aspecto legal, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) diz que as crianças e adolescentes gozam de todos os direitos fundamentais inerentes ao ser humano, cabendo à família e à sociedade garantia de direitos. Ou seja, quando negligenciamos com as crianças e adolescentes, somos cúmplices na formação das gerações que não sabem lidar com frustrações.

Assim, ao lembrá-los dos limites em sala de aula, ou na sala de jantar, estamos educando para cidadania planetária, necessária nos nossos tempos. Com base nisso, quando a escola e os familiares não souberem os caminhos para uma criança e jovem sem limites, procure por um psicopedagogo para o estabelecimento de um programa socioemocional. Por mais empatia e resiliência, antes do final feliz.

Dinamara P. Machado é doutora em Educação e diretora da Escola Superior de Educação do Centro Universitário Internacional Uninter.

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Autor: Dinamara P. Machado
Revisão Textual: Larissa Drabeski
Créditos do Fotógrafo: Pexels


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