Agroecologia para um mundo sustentável

Autor: Matheus Pferl - Estagiário de Jornalismo

Nunca se discutiu tanto a necessidade de buscar novos modos de vida de forma a garantir a sustentabilidade do planeta. Os recursos são finitos, portanto, retirá-los sem se preocupar com a reposição é decretar o fim da humanidade. Diante desse cenário, cresce a preocupação com o meio ambiente e com a sustentabilidade, e novas formas de produção e desenvolvimento vão surgindo. A agroecologia faz parte disso.

Para conhecer mais sobre essa prática, um novo jeito de fazer agricultura, a ll Maratona de Sustentabilidade da Escola de Saúde, Biociência, Meio Ambiente e Humanidades promoveu uma palestra com o professor Edmar Ramos Siqueira, que debateu o tema juntamente com o mediador do evento, professor Rodrigo Silva.

Agroecologia

Pode ser um termo que não esteja “na ponta da língua”, mas é bom se acostumar com ele. A agroecologia é uma ciência que fornece os princípios ecológicos básicos para o estudo e tratamento de ecossistemas que sejam produtivos ao mesmo tempo em que preservam os recursos naturais, e que sejam ainda culturalmente sensíveis, socialmente justos e economicamente viáveis, compondo um agroecossistema sustentável. Essa abordagem busca desenvolver agroecossistemas com uma dependência mínima de insumos agroquímicos e energéticos externos.

A agroecologia tem princípios que buscam conservar e ampliar a biodiversidade dos ecossistemas, assegurar as condições de vida do solo, permitindo a manutenção de sua fertilidade e o desenvolvimento saudável das plantas por meio de práticas como a adubação verde, a cobertura permanente do solo, a proteção contra ventos, e práticas de conservação do solo (controle da erosão), entre outros.

Para isso, deve-se usar espécies ou variedades adaptadas às condições locais de solo e clima, minimizando exigências externas para um bom desenvolvimento da cultura e assegurando uma produção sustentável das culturas sem utilizar insumos químicos que possam degradar o ambiente. Inclui ainda o uso da adubação orgânica e o estímulo à autogestão da comunidade produtora, respeitando sua cultura e estimulando sua dinâmica social.

“É uma ciência nova com um viés muito grande de agroecologia. Essa nova ciência tem outros vieses, é um movimento social também. Envolve todas as práticas alternativas de fazer agricultura e é um movimento agroecológico que articula outros movimentos. É uma ciência mais ampliada pela necessidade de dar conta da complexidade”, diz Edmar.

“A agroecologia é o resgate e a aplicação de princípios de sistemas naturais nos agroecossistemas que garante uma evolução permanente na capacidade de inovação. Há uma tendência muito grande desse resgate histórico da agricultura tradicional, dos povos tradicionais, que não usavam defensivos agrícolas, que faziam controles de pragas naturais, cultivam seus alimentos de formas mais biodiversas e não somente com monoculturas”, destaca Rodrigo.

Edmar fala sobre a diferença entre a agroecologia e a agricultura tradicional. “A diferença são os princípios ecológicos, um conjunto de práticas agrícolas que tinham o solo como centro. O agronegócio, ou a revolução verde, é um conjunto de artifícios, é artificial, o solo é usado como uma sustentação apenas, o resto é químico que não tem sustentabilidade, e em algum momento isso desaba”, explica.

Há uma crença de que a agricultura natural, a agroecologia, não daria conta de suprir toda a demanda mundial por alimentos. Edmar comenta que é justamente o contrário. “Com a agricultura natural já existem resultados científicos de que é possível. Esse pensamento é equivocado, a produtividade é muito maior com os princípios naturais”, ressalta.

Uma grande dúvida é sobre como é feito o controle de pragas com o uso de métodos naturais. Sobre isso Edmar afirma: “Devemos entender o conceito de pragas e doenças. Para a agroecologia, não existem pragas e doenças, são insetos e microrganismos indicadores de que o manejo não está indo bem. A natureza usa estratégias para otimizar a recuperação”, conta.

“Esse jeito de fazer agricultura ajuda a revegetar, trazer a floresta de volta, e são florestas de alimentos. Tem que entender que há um tempo de amadurecimento, o tempo de cultivar a terra, e isso vai dar resultado. É algo extremamente complexo, mas é um caminho muito seguro”, garante.

Sobre o uso do solo, Edmar afirma que é muito mais do que apenas uma sustentação da vida vegetal: “A natureza tem todo um processo, o solo é um ser vivo, são milhares de microrganismos e organismos maiores que trabalham na construção desse solo. Quem cultiva o solo deve trazer o máximo de matéria orgânica para ele. Essa biomassa (matéria orgânica de origem vegetal ou animal) é o alimento dos microrganismos, esse manejo é o segredo”, diz.

A agricultura tradicional é muito imediatista, planejada para a produção em escala muito rápida, porém isso causa uma degradação ambiental severa, porque polui recursos hídricos e destrói o solo. “É uma agricultura não natural, em que a degradação é muito potente”, argumenta Rodrigo. “E algo absolutamente insustentável”, complementa Edmar.

Você pode conferir a gravação completa do evento na página oficial da Uninter no Facebook ou pelo Youtube.

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Autor: Matheus Pferl - Estagiário de Jornalismo
Edição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro


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