A tecnologia e o papel do tradutor no século 21

Autor: Thereza Cristina de Souza Lima*

No dia 30 de setembro comemora-se o Dia do Tradutor. Essa data foi escolhida porque séculos atrás, mais exatamente por volta de 420 depois de Cristo, falecia São Jerônimo, reconhecido mundialmente como o padroeiro dos tradutores.

Se consideramos tal data, o ano 420, podemos perceber que a tradução em si e a profissão de tradutor nos remetem a uma época muito antiga, de grande influência religiosa, haja vista o fato de São Jerônimo ter sofrido grandes perseguições por ter “ousado” traduzir a Bíblia para o latim, considerando “sentido por sentido” e não “palavra por palavra”.

É importante observar a invisibilidade do tradutor na época, cujo trabalho assemelhava-se ao de um robô que traduzia exatamente cada palavra do texto, mesmo que o resultado tradutório fosse totalmente sem coerência, ou seja, sem sentido.

Certamente não vivemos mais em uma época semelhante àquela. O mundo se modificou, assim como a tradução e o papel do tradutor, que sofreram mudanças enormes desde o tempo de São Jerônimo. Hoje, chega-se até mesmo ao questionamento se não estaria tal profissão fadada a se tornar inexistente.

Pois bem, acredito que essa suposição nunca se efetivará e poderia justificar minha opinião por vários fatores. Contudo, meu argumento aqui atém-se ao fato de que o tradutor do século XXI se faz presente e, consequentemente, visível em toda tradução que realiza, podendo ser considerado coautor do texto, uma vez que toda tradução é fruto de sua interpretação. Assim como São Jerônimo, não se traduz “palavra por palavra”, mas, sim, “sentido por sentido”, o que só é possível por meio da interpretação humana.

Podemos, então, questionar: e onde entra a tecnologia? A tecnologia, por sua vez, contribui muito e possibilita pesquisas lexicais que até pouco tempo  eram difíceis, ou mesmo quase impossíveis de serem realizadas, mas é a interpretação do tradutor que dá sentido ao texto.

Uma prova disso é que nas grandes discussões políticas atuais, os dirigentes que se comunicam por línguas diferentes levam consigo um tradutor ou uma tradutora e não um laptop ou um tablet para fazer a tradução. Portanto, a tecnologia é extremamente útil em inúmeras áreas, incluindo-se aí o campo da tradução, mas não substitui, em todos os âmbitos e situações, a presença do tradutor.

Vamos, então, prestar nossas homenagens a esse profissional que possibilita a comunicação entre diferentes povos, por meio do qual a ciência mundial interage e que merece, realmente, toda admiração e respeito.

* Thereza Cristina de Souza Lima é diretora da Escola Superior de Línguas da Uninter.

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Autor: Thereza Cristina de Souza Lima*
Créditos do Fotógrafo: Pixabay


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