A reconstrução econômica da Argentina: como Milei está virando o jogo

Autor: *Aleksandra Sliwowska Bartsch Cabrita

“Volver… com a fronte enrugada…”, cantava Carlos Gardel, evocando a dor e a nostalgia de um passado que ainda machuca. Mas, hoje, em 2025, como um tango que vai da melancolia à paixão, a economia argentina, depois de anos de crise e desilusão, está escrevendo uma nova história.

Os 8% de crescimento em abril de 2025 não são apenas um número frio: são o suspiro de um país que começa a acreditar novamente. Javier Milei, aquele presidente que muitos chamaram de “louco” por suas ideias radicais, hoje parece mais um “compadrito” que, contra todas as expectativas, está conduzindo a Argentina de volta à recuperação.

Como ele conseguiu? Cortando o Estado, domando a inflação e abrindo as portas para o mundo. Mas, como em todo grande romance, os desafios persistem. Será este o reencontro definitivo da Argentina com a prosperidade? Ou, como nos versos mais ardentes de “El día que me quieras”, será apenas um breve instante de felicidade antes de voltar à realidade?

Desde que assumiu a presidência, Milei implementou cortes drásticos nos gastos públicos, resultando no primeiro superávit fiscal da Argentina desde janeiro de 2024. A inflação, que era superior a 210% ao ano no final de 2023, caiu para 47,3% anuais em maio de 2025, com previsão do FMI de redução para 35,9% até o fim do ano. O PIB argentino também deve crescer 5,5% em 2025, mais que o dobro da média da América Latina.

Apesar dos avanços econômicos, os cortes afetaram setores essenciais, como saúde e educação, gerando protestos e críticas. A redução da estrutura do Estado levou à eliminação de 34 mil cargos públicos. Entretanto, apesar dos desafios econômicos, houve uma redução significativa na violência em cidades como Rosário, antes considerada a “capital dos homicídios”.

Javier Milei assumiu com uma agenda clara: reduzir o Estado ao mínimo, liberar a economia e cortar gastos públicos. Um dos maiores problemas da Argentina era a impressão descontrolada de pesos para cobrir déficits. Milei cortou essa prática, priorizando o controle monetário. Além disso, após o escândalo das criptomoedas no início do ano, o governo adotou regulamentações mais rígidas para o setor financeiro, restaurando parte da confiança perdida.

Com a economia mais estável, empresas estrangeiras voltaram a investir, especialmente em setores como energia, agronegócio e tecnologia. A flexibilização de regras trabalhistas também incentivou a geração de empregos formais.

A recuperação argentina ainda não é um final feliz garantido — mas já é uma história digna de ser contada. Milei sacudiu as estruturas do país com políticas que feriram dogmas, mas hoje fazem a economia respirar. Os 8% de crescimento são como o primeiro “Olé!” numa milonga: não garantem que o casal não tropece, mas provam que o ritmo, enfim, mudou.

O futuro? Ainda é um abraço apertado entre risco e esperança. Mas, depois de décadas de desencanto, a Argentina finalmente ouviu a música… e decidiu que valia a pena voltar a dançar.

*Aleksandra Sliwowska Bartsch Cabrita é economista, mestre em Engenharia de Produção, Doutora em Gestão da Inovação Tecnológica e professora de Economia da Uninter, integrando a Escola Superior de Gestão, Comunicação e Negócios

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Autor: *Aleksandra Sliwowska Bartsch Cabrita
Créditos do Fotógrafo: Pixabay


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