A influência dos fãs nas produções cinematográficas

Autor: Igor Ceccatto - Estagiário de Jornalismo

Nos últimos tempos, os filmes de heróis se tornaram um gênero dominante nas telas de cinema, sendo responsáveis pelas maiores bilheterias. As franquias da Marvel, como “Vingadores” e “Thor”, disputam ferozmente o amor dos fãs com os filmes da DC, como “Aquaman” e “Mulher Maravilha”. Nesta disputa, o público ocupa papel central, assumindo o centro do palco por meio dos chamados “fandoms” – clubes de fãs.

Segundo o professor do Mestrado em Educação e Novas Tecnologias da Uninter, especialista em histórias em quadrinhos, Rodrigo Otavio dos Santos, os fandoms são o empoderamento dos fãs por meio da internet. “Sempre teve o pessoal que discutia os produtos da indústria cultura. Veja os trekkers [convenção de fãs de carteirinha da série Star Trek], por exemplo, desde 1966 já estavam aí. A diferença hoje é que, com a internet, mais pessoas conseguem expor suas ideias, fazendo bastante barulho nos estúdios hollywoodianos”, explica Rodrigo.

O último mês de março contou com o lançamento de um filme muita aguardado, que está repercutindo na mídia há um bom tempo: “Liga da Justiça – Snyder Cut”. Basicamente, trata-se de uma edição especial do diretor Jack Snyder, com as cenas que foram retiradas para a produção original lançada em 2017, que foi um fracasso de bilheteria.

Na época, Snyder teve de se afastar da direção por problemas familiares graves, e Joss Whedon assumiu. O resultado final, que excluiu diversas cenas importantes para a continuidade das narrativas dos personagens, não agradou.

Mas para que essa nova versão fosse lançada, foi necessário um apelo dos fãs que durou alguns anos, por meio da tag #restorethesnyderverse no Twitter e em diversas outras plataformas.

O movimento se tornou oficial em 2019, quando uma petição foi feita e alcançou 180.00 assinaturas, um pouco antes da Comic Con 2019, evento em que os filmes do universo HQ são apresentados.

“Em linhas gerais, a Comic Con é uma festa para vender produtos da indústria cultural. Sabe quando tem o salão do automóvel? É a mesma coisa, a Comic con existe para vender produtos. Por isso atualmente vemos pouco de comic e muito de cinema, que são os produtos que vendem mais”, pontua.

A Warner, então, não poderia simplesmente ignorar esse protesto do público, e por isso autorizou a refilmagem de algumas cenas, trazendo Snyder de volta ao seu universo cinematográfico.

Finalmente, em março deste ano, o filme foi lançado. Para deleite dos fãs, com 4 horas de duração, o que, segundo o diretor, lhe deu a oportunidade de explorar cada história dos personagens como merecia, dividindo o filme em 5 capítulos.

Com o grande sucesso da produção, surgem agora especulações: os próximos filmes vão aderir à tendência de lançar versões especiais, com o corte do diretor, incluindo cenas deletadas dos filmes originais? De fato, isso não se trata de novidade, como explica Rodrigo: “É algo que existe desde 1933, com o King Kong, sem falar no Cidadão Kane, de 1940, portanto, é uma tendência que sempre continuará em alta, pois a indústria tem a chance de vender duas vezes o mesmo produto”.

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Autor: Igor Ceccatto - Estagiário de Jornalismo
Edição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro
Créditos do Fotógrafo: Divulgação


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