A influência da termodinâmica na Terra

Autor: Hugo Henrique Amorim Batista*

Quando analisamos os elementos relacionado à termodinâmica, área primordial da física, pensamos em conceitos geralmente associados a motores térmicos ou até mesmo temperaturas. Mas será que é somente isso? Para compreender, vamos regressar aos primeiros momentos de vida do nosso mundo.

Devido a colisões a baixa velocidade, os fragmentos do que foi ejetado pelo nosso sol uniram-se gravitacionalmente gerando uma proto-Terra e, milhares de anos depois, o que viria a ser o nosso planeta, claro que em condições muito diferentes das atuais. Com o tempo, o nosso planeta tornou-se um mar de lava, os continentes e os supercontinentes surgiram, e passamos por algumas eras glaciais. Mas como ocorreram tais fenômenos?

Há milhares de anos, quando o planeta se unificou no supercontinente Pangeia (Pan = todo; geia = Terra), o fluxo de água dos oceanos foi interrompido e a energia vinda do sol começou a não passar por algumas localidades do nosso planeta. A restrição do fluxo de calor fez com que o planeta entrasse na era glacial e se transformasse numa enorme bola de gelo.

A saída dessa condição foi o dinamismo que o próprio planeta desenvolveu a partir do movimento da fina camada de crosta terrestre em função do calor e dos efeitos radioativos existentes no chamado núcleo quente. Vulcões começaram a entrar em erupção em diversas localidades do planeta e o nível de gases na atmosfera criou um efeito estufa que fez o gelo recuar.

Diante desta movimentação, o supercontinente fragmentou-se em Laurásia (América do Norte e Eurásia) e Gondwana (América do Sul, África, Índia, Austrália e Antártida) e, posteriormente, houve a separação entre a América do Norte e Eurásia e entre a América do Sul, África, Índia e Oceania, que se tornou uma ilha no Oceano Índico.

Ainda em função dessa rede de convecção intensa, as placas tectônicas continuaram a modificar o nosso planeta, gerando colisões, dobras (ocasionando em cordilheiras como tem-se os Andes na América do Sul e o Himalaia na Ásia) e vales profundos, como a Dorsal Mesoatlântica, que é um corte que avança de Norte a Sul no fundo do Oceano Atlântico.

A configuração listada ainda não é atual, pois um bloqueio intenso do fluxo dos oceanos entre a América do Norte e a América do Sul, gerando uma conexão entre eles, que é denominado América Central. Os oceanos tiveram de se readaptar para se adequar à nova configuração do planeta e as correntes marítimas são os “ajustes” que surgiram com o tempo.

Na atmosfera, a faixa equatorial recebe a maior taxa de radiação solar e a distribuí pelo planeta (para Norte e Sul em redes de convecção), fazendo com que os trópicos sejam a referência para o retorno desses fluxos. São pontos de extrema importância para garantir o regime de ventos do planeta, muito estudado em meteorologia.

Os efeitos como a deriva continental, o efeito estufa, que surgiu com as diversas explosões vulcânicas, e o regime de ventos do nosso planeta, estão intimamente vinculados à termodinâmica. Se não fosse pelo seu amplo potencial de modificar o planeta, possivelmente ele orbitaria sem vida ao redor do sol.

Se hoje estamos em uma faixa termicamente favorável do nosso sistema solar, é porque a termodinâmica ainda atua para nos garantir a evolução do nosso planeta, como também para modificar geologicamente a sua superfície, visto que o nosso planeta é dinâmico.

* Hugo Henrique Amorim Batista é licenciado em física e matemática, mestre em Educação e professor da Área de Exatas da Uninter.

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Autor: Hugo Henrique Amorim Batista*


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