A construção de uma sociedade livre, justa e solidária através da educação a distância

Autor: Nayara Rosolen - Estagiária de Jornalismo

A humanização da educação tem sido um assunto bastante discutido entre profissionais da área, principalmente a partir do momento em que as instituições que não utilizavam a modalidade a distância precisaram migrar para o remoto, por causa da pandemia. A EAD surge como uma forma de democratizar e promover justiça social através do ensino, já que mesmo aqueles que vivem nos cantos mais distantes do país, passam a ter acesso a uma formação. A necessidade de humanizar surge com o fato de que as pessoas vivem realidades e condições diferentes.

É sobre isso que se trata o livro Educação a distância e humanidades: caminhos e perspectivas, organizado pela diretora da Escola Superior de Educação da Uninter, Dinamara Machado, o coordenador da área de Humanidades, Cícero Bezerra, e o professor Adriano Lima. A obra, que é composta por 11 artigos de 13 profissionais e 2 acadêmicos da instituição, foi publicada no final de 2020 e os organizadores debateram sobre a produção no programa Dialética e Realidade, apresentado por Dinamara, no dia 3.mar.2021.

“Quando a gente fala em educação em humanidades, a gente está recordando que esse humano vive em uma sociedade”, explica a professora. Por isso, o livro desenvolve um diálogo interdisciplinar sobre direitos humanos, filosofia, sociologia, ciência da religião, que conversam entre si e apresentam questões atuais sobre a educação à distância.

O professor Cícero lembra que no Brasil há mais de 11 milhões de analfabetos e existe um déficit na formação que surge já com a chegada dos europeus ao Brasil, que buscaram “humanizar” os povos nativos a partir da cristianização. Um problema humanitário que pôde ser observado ao longo de toda a história brasileira, por exemplo, ao ser o último país no mundo a abolir a escravatura e a chegada tardia do direito ao voto da mulher, apenas na década de 1930. Assim, a EAD chega como uma forma de emancipar a população, que através do conhecimento pode tomar as próprias escolhas e buscar por seus direitos.

“A própria situação do momento, no mundo, traz à tona alguns temas relacionados a educação que precisam ser enfrentadas. E, principalmente aqui na América Latina, perto de 700 milhões de habitante, que 75% são pobres. E dentro destes 75%, tem de 20 a 23% que são miseráveis, não têm onde morar, não tem o que comer, não tem onde dormir”, salienta.

Adriano conta que desde as primeiras conversas sobre a obra, ficou decidido o caráter humanista, para mostrar que “a educação a distância tem relevância no Estado democrático, é essencial para que o Estado possa alcançar os seus objetivos”. Ele lembra da Constituição brasileira, que cita o Estado, a família e toda a sociedade como responsáveis pela promoção da educação. Assim, tornando-a uma “responsabilidade compartilhada”.

Muitas pessoas ainda desconfiam da qualidade ofertada na modalidade, mas o docente acredita que essa questão está “absolutamente superada”, baseando-se nas pesquisas e avaliações realizadas pelo Ministério da Educação (MEC) e outras instituições, que aprovam e mostram a eficiência da EAD.

“A educação a distância tem uma história, não caiu do céu, tem metodologias, compromisso com o ser humano, com a democracia, a promoção da justiça social. E aí, quando a gente fala sobre esse tema, é bacana pensar que é um compromisso que todos nós devemos assumir. São objetivos fundamentais da república construir uma sociedade livre, justa, solidária. E essa construção passa obrigatoriamente pela educação, eu preciso ter consciência da dimensão da importância da educação na nossa sociedade. A educação a distância tem compreendido isso de maneira efetiva, eficiente, competente”, afirma.

Adriano ressalta isso ao citar a presença de dois acadêmicos na produção do livro, e como os estudantes da EAD em geral têm produzido pesquisas, estudos e reflexões críticas acerca de temas importantes. Sobre a obra, ele ainda destaca o caráter multidisciplinar no corpo de autores, que traz sociólogos, pedagogos, teólogos, filósofos, cientistas da religião, entre outros. “Eu não tenho nenhuma dúvida de que quando vocês se depararem com o texto, vocês encontrarão um texto qualificado, atualizado e relevante para a formação pessoal, formação intelectual de cada um de vocês”, conclui.

Cícero diz que escrever “é muito mais transpiração do que inspiração”, pois necessita disciplina, prática e frequência diária, assim como nos estudos. Para ele, a essência do livro demonstra a dedicação dos profissionais que o escreveram, a partir de pesquisas, leituras e notas que complementam o conteúdo.

“Eu gostaria de deixar essa palavra de incentivo para vocês. Contem com o nosso apoio, com o nosso incentivo. Nós estamos ao lado, juntos, para te ajudar para as grandes conquistas da vida”, finaliza o coordenador.

O debate completo, realizado pelos professores, segue disponível para acesso na página do Facebook. Assim como o livro, que pode ser acessado gratuitamente neste link.

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Autor: Nayara Rosolen - Estagiária de Jornalismo
Edição: Mauri König


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