A batalha da aliança global ambientalista para salvar o planeta do superaquecimento

Autor: Sandy Lylia da Silva – estagiária de Jornalismo

A temática ambiental vem ganhando visibilidade também nas redes sociais. O espaço de participação se ampliou, unindo cidadãos que buscam os mesmos interesses e procuram transmitir suas mensagens a um grande número de pessoas.

Os movimentos ambientais surgiram no final do século 19, e a partir da década de 1960 ganharam amplitude na Alemanha, Europa Ocidental, e também nos Estados Unidos. Com objetivos ligados à conscientização, proteção e conservação do meio ambiente, buscam modificar as legislações vigentes, além de exercer fiscalização sobre os governos. Mostram-se atuantes também em fóruns e conferências internacionais, promovendo acordos entre as nações.

Com o intuito de debater a temática de interesse global das lideranças políticas sobre as questões relacionados às mudanças climáticas, o professor de Relações Internacionais da Uninter André Frota convidou seu colega, o  professor Carlos Alberto Simioni, dos cursos de Ciência Política, Relações Internacionais e Direito, para debater as particularidades do  ambientalismo internacional.

“O ambientalismo representa um olhar diferenciado da sociedade para certas questões e, através dos movimentos sociais, causas antes não percebidas são eleitas, trazendo à tona novas percepções e valores sobre a preservação da natureza de forma organizada”, comenta Simioni. Segundo ele, a relação do ser humano com a natureza sofreu variações ao longo do tempo e conforme a cultura de cada nação.

“Para a cultura judaico-cristã, o mundo foi feito para que o ser humano usufrua, da maneira que queira, dos recursos naturais existentes. Já na Revolução Industrial e na era capitalista, com o aumento da população, as questões ambientais se transformam num problema. Após a Segunda Guerra Mundial, em particular, começam a manifestar-se problemas como a poluição”, relata.

Os problemas ambientais começaram a ser midiatizados em meados da década de 1970, a exemplo da cidade de Cubatão, no estado de São Paulo, denominada à época como “Vale da Morte”. Ali, toneladas de poluentes eram lançados diariamente no meio ambiente pelas grandes indústrias locais.

A partir de então, os primeiros grupos ambientalistas foram se institucionalizando e criando laços em nível global, ganhando maior visibilidade, principalmente a partir de 1980, com as organizações não-governamentais e a incorporação das reivindicações destes atores no desenho das legislações.

Outro marco histórico citado por Simioni foi o surgimento de partidos com ideologias ambientalistas, como o Partido Verde, oficialmente registrado no Brasil em 1993, que defendem causas como o desenvolvimento sustentável e uma reforma agrária ecológica.

Frota cita a projeção de Greta Thunberg, representante do ativismo ambiental contemporâneo, como sendo a nova face desta militância. “Diferentemente da década de 60, a nova geração já está crescendo com a ideia do aquecimento global e das mudanças climáticas, eles já têm ciência de que herdarão uma atmosfera modificada”, afirma.

Conforme explica o professor, há quatro cenários apresentados este ano pelo Sexto Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, documento elaborado pelo IPCC, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, que busca prever o impacto das mudanças climáticas até o final deste século.

Estes cenários foram apontados na edição anterior e revisados para o contexto atual do planeta, com piora nos resultados. O primeiro cenário, considerado mais brando, é do aumento da temperatura média do planeta em 1,5ºC, sendo que na atualidade já se evidencia o aumento de 1ºC na atmosfera planetária.

Muitos esforços deverão ser feitos para se chegar a um plano de mitigação referente às emissões de dióxido de carbono, e assim alcançar a meta mais otimista de aquecer somente mais meio grau até o final do século. Já as demais projeções alcançariam gradação de aquecimento de 2 a 4 graus Celsius, com impacto disruptivo para os ecossistemas, além da imprevisibilidade sobre o comportamento das correntes oceânicas, da estrutura da circulação atmosférica, e dos remanescentes florestais.

Simioni ressalta que muitos desafios deverão ser vencidos para que possamos alcançar a estabilização e a manutenção da sustentabilidade planetária, como a substituição dos combustíveis fósseis, que geram a maior parcela de contribuição para o aquecimento global e o desflorestamento.

“E com dados alarmantes, como os levantados pelo André, creio que o tempo necessário para se colocar alguma medida em prática, que atenda às necessidades de recuperação ambiental, demore centenas de anos, e não algumas décadas, conforme o estipulado pela COP, a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas”, diz Simioni.

O grande desafio, de acordo com os professores, seria a aceitação da finitude e da degradação dos recursos naturais por um grupo de atores que detém o poder político e econômico. A boa notícia é que com modelos de previsão climatológica cada vez mais robustos, é possível ter maior confiabilidade sobre as ações que devem ser executadas a curto e longo prazo para combater os efeitos das mudanças climáticas.

A conversa entre André Frota e Carlos Alberto Simioni foi exibida pelo canal do YouTube da Escola Superior de Gestão Pública, Política, Jurídica e Segurança da Uninter, na “Segunda do Conjuntura Internacional”, dia 18 de outubro de 2021. Confira na íntegra neste link.

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Autor: Sandy Lylia da Silva – estagiária de Jornalismo
Edição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro
Créditos do Fotógrafo: Markus Distelrat/Pexels


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