A arte de virar patrão depois de ser demitido

Autor: Juliane Lima - Estagiária de Jornalismo

A revolução tecnológica atingiu todas as áreas da sociedade. Com o jornalismo isso não seria diferente. Profissionais que estavam há anos dentro de redações de veículos tradicionais tiveram de se reinventar diante das novas práticas do jornalismo online. Para o jornalista Rogério Galindo, a grande virada aconteceu em 2018, quando ele deixou a redação de um dos jornais mais tradicionais do Brasil para empreender no mundo digital.

Galindo trabalhou por 18 anos no jornal Gazeta do Povo, em Curitiba (PR). Conviveu com todas as mudanças pelas quais o jornal passou durante esse período e viu nascer um novo modo de contar histórias. Jornalista especializado na área de política, dentro da redação do jornal ele criou o Blog Caixa Zero, e com o passar do tempo tornou-se reconhecido nacionalmente.

Galindo foi demitido em novembro de 2018. Deixou a Gazeta do Povo, mas não o jornalismo. Meses depois, se associaria a outras quatro pessoas para criar o Plural.Jor, um jornal digital especializado na cobertura dos fatos que acontecem na região de Curitiba, com enfoque na política – de certa maneira, é a continuação do trabalho que ele fazia no Caixa Zero.

O Plural.Jor foi lançado no início de 2019. Com apenas seis meses de existência, já conta com cerca de mil assinantes e tem alcançado 1 milhão de views por mês. O projeto envolve diversos jornalistas e escritores do Brasil e busca se destacar no cenário da comunicação por sua identidade própria. Galindo tem muita convicção sobre o tipo de jornalismo que se propõe a fazer: ajudar a cidade de Curitiba a se conhecer melhor, discutindo temas importantes com ética e responsabilidade.

Os recursos financeiros para manter o veículo vêm principalmente dos seus assinantes, que participam por meio de um projeto de financiamento coletivo, disponível no site Catarse.

No dia 5 de junho, Galindo esteve no campus Tiradentes da Uninter, em Curitiba (PR), para conversar com os estudantes de Jornalismo, quando contou um pouco da sua trajetória e falou sobre os desafios dessa nova etapa da sua carreira. Segundo o jornalista, as mudanças causadas pelas novas tecnologias abrem espaço para o surgimento de mais meios alternativos, fora da grande mídia, o que também obriga o profissional a arriscar mais.

“Tem mais quantidade de vozes, um arco de veículos que a gente não tinha anos atrás”, diz referindo-se à diversidade de veículos que surgiram com a nova era do jornalismo alternativo. Mas Galindo destaca a importância de ainda assim se aprofundar no “jornalismo de fato”, aquele que não segue modismos. Mais ainda, se especializar em um tema, como por exemplo política, economia, cultura, esportes. Essa especialização é o que dá credibilidade ao profissional.

“Se você for fazer jornalismo esportivo, você tem que conhecer muito de esportes. Se você for fazer jornalismo sobre política, tem que conhecer bem não só o noticiário, mas também a teoria política, ter a base que te ajude a construir as suas matérias”, completa o jornalista e empreendedor. Ele diz ainda que conhecer e se atualizar sobre as novas técnicas é muito importante, porém o que deve estar em primeiro plano continua sendo os fundamentos do jornalismo. “O jornalismo de 100 anos atrás, hoje e daqui a 100 anos ainda será o mesmo em alguns sentidos”, finaliza.

 

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Autor: Juliane Lima - Estagiária de Jornalismo
Edição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro
Créditos do Fotógrafo: Juliane Lima - Estagiária de Jornalismo


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