Pesquisadores da Uninter e UGB lançam livro que torna a observação do céu um compromisso com o futuro

Autor: Nayara Rosolen - Analista de Comunicação

Os objetos celestes sempre fascinaram a humanidade, mas é a possibilidade de que um deles cruze o caminho da Terra que realmente desperta o interesse e a imaginação. “Nada é tão fascinante quanto os objetos do céu, e poucas coisas causam tanta curiosidade quanto a possibilidade de um encontro desses objetos com a Terra”, afirma o professor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) Rodrigo de Sousa Gonçalves. A reflexão aparece nas primeiras linhas do prefácio do ebook Asteroides Próximos da Terra: Determinação de Órbitas e Avaliação de Risco de Impacto, escrito por Anderson de Oliveira Ribeiro e Daniel Guimarães Tedesco e lançado em novembro de 2025, pela Editora UGB-FERP. 

Como professor da Escola Superior de Educação, Humanidades e Línguas (ESEHL) e do Programa de Pós-graduação em Educação e Novas Tecnologias (PPGENT) na Uninter, além de líder de projetos na Fundação Wilson Picler (FWP), Daniel acredita que a importância da obra vai além do entendimento de “como” os fenômenos ocorrem via descrição matemática, mas especialmente o “porquê”, que desmistifica a defesa planetária por meio da ciência. 

“O livro aborda diretamente a defesa planetária, mas de uma outra perspectiva, que chamamos de problema inverso: como conhecer uma trajetória a partir de poucas observações e como quantificar essa “ignorância” (incerteza) para calcular probabilidades de impacto. Como eu gosto de dar spoilers:  pensamos em tudo que é fundamental para estudar o caso bem conhecido do asteroide (99942) Apophis, discutindo desde o alarme inicial até a eliminação do risco”, explica o físico. 

O convite para a coautoria veio de Anderson, que é coordenador do Programa Pós-graduação e Pesquisa do Centro Universitário Geraldo Di Biase (UGB). Embora recente, o livro digital é resultado de uma longa parceria entre os acadêmicos. Anderson conta que conheceu Daniel ainda em 2004, no bacharelado em Física, que realizavam no campus Maracanã da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UERJ). “Unimos nossas trajetórias acadêmicas e pessoas em torno de uma paixão comum, dando origem à colaboração que resultou na obra”, lembra. 

Para Anderson, a maior contribuição da obra é oferecer um percurso completo, integrado e em português. “Em relação à literatura existente sobre NEOs, órbitas e risco de impacto, a obra avança ao integrar, em um único volume em português, todo o percurso que vai da dinâmica de pequenos corpos à avaliação de probabilidades de impacto, algo que normalmente aparece fragmentado em livros e artigos distintos”, garante. 

De acordo com o pesquisador, ainda hoje o Brasil está em fase inicial na defesa planetária. “Há competência científica instalada, mas não existe um sistema nacional estruturado como ‘programa de defesa planetária’ com orçamento protocolos e responsabilidades bem definidos”, explica. 

O coordenador de Pesquisa na UGB deseja que o livro colabore para a formação de uma nova geração de leitores capazes de transitar “da curiosidade ao trabalho científico efetivo”, que una o interesse inicial com ferramentas conceituais e matemáticas suficientes para atuar na pesquisa em NEOs e defesa planetária. Daniel complementa que o processo de escrita foi pensado na prática cotidiana de um astrônomo, introduzindo as ferramentas mais importantes para a análise das trajetórias dos objetos do Sistema Solar. 

Daniel ainda destaca o apoio da Uninter e da FWP, que forneceram o suporte institucional para que o projeto de Segurança Planetária continue acontecendo, o que gerou todo o estudo para a escrita do livro. Junto da UGB, o profissional vê que instituições sólidas atuam como “selo de garantia” contra a desinformação, pois são espaços onde produzem ciência de qualidade, via fomento das fundações. Não apenas com apoio financeiro, mas condições para terem um bom tempo para pesquisa e um ambiente natural e orgânico para serem criativos academicamente.  

“Isso leva a um tipo de trabalho de ponta, que legitima o conhecimento perante a sociedade. Sem suporte institucional, a ciência corre o risco de ficar confinada aos laboratórios ou de ser diluída; com ele, a pesquisa se transforma em patrimônio cultural e educacional acessível”, salienta. 

Anderson afirma que, no espaço acadêmico, produzir conhecimento é apenas parte da missão. É preciso também fazer com que esse conhecimento “alcance pessoas, transforme realidades e amplie horizontes”. “Pesquisar sem difundir é como acender uma chama e escondê-la dentro de uma gaveta: a luz existe, mas não ilumina ninguém. Como pesquisadores, temos o privilégio de enxergar um pouco além do óbvio e, justamente por isso, carregamos a responsabilidade de compartilhar o que vemos”, complementa o autor.  

“É fundamental valorizar a produção de material técnico de alto nível em português. Publicar obras assim no Brasil é uma questão de soberania e inclusão, pois quebra a barreira do idioma para nossos estudantes que muitas vezes só encontram esse conteúdo em inglês. Também queria dizer que esse tema “defesa planetária” é uma chamada a todo um imaginário coletivo cinematográfico. Isso é um belo marketing para discutirmos ciência de qualidade”, conclui Daniel.  

De forma didática e encadeada, a obra passa por 11 capítulos, que apresentam ferramentas modernas: Pequenos corpos e o problema da determinação orbital; Formação do sistema solar; Descrição da órbita planetária; Dinâmica do sistema solar; Determinação de órbita e avaliação de risco; Formalismo matemático da determinação de órbitas; Métodos de Laplace; Método de Gauss; Refinamento orbital e análise de confiança; Avaliação de risco de impacto; e Caso (99942) Apophis. O ebook está disponível para livre acesso, por meio deste link. 

Recentemente, profissionais de ambas as instituições também se uniram para a 1ª edição do Conexão Sul-Sudeste: Ciência Inovação e Tecnologia, que integrou a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia 2025. A Uninter foi a única instituição de Curitiba (PR) a promover uma ação. Confira na matéria de cobertura realizada pela Central de Notícias Uninter.  

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Autor: Nayara Rosolen - Analista de Comunicação
Edição: Larissa Drabeski
Créditos do Fotógrafo: Editora UGB-FERP/Divulgação


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