Educação especial e inclusiva pode tornar o mundo mais igualitário

Autor: Nayara Rosolen - Estagiária de Jornalismo

Quando se fala em educação inclusiva, o termo vai muito além de estudantes com deficiências e do espaço escolar. Trata-se de incluir todas as diversidades de classe social, gênero, raça, religião em um ambiente comum que permita à pessoa se desenvolver como indivíduo e cidadão diante dos desafios e demandas que a sociedade impõe.

Segundo a professora Monaliza Haddad, doutora em educação e pós-doutora em direitos humanos, “em 2019, a ONU já se referia à inclusão como um direito humano, mas um direito humano multiplicador, porque a inclusão escolar ativa outros direitos. Eu não posso pensar somente na inclusão escolar, eu tenho que pensar nela muito em relação à questão da cidadania”.

Em relação a jovens e crianças que possuem necessidades educacionais especiais, Monaliza afirma que pais e professores pontuam a falta de preparo dos profissionais da educação como um dos maiores problemas para uma inclusão efetiva. Ela, que estuda e têm livros publicados sobre o tema, lembra ainda que os professores estão dispostos a adquirir mais conhecimento, mas muitas vezes surgem diagnósticos e síndromes raras.

Sendo assim, um fator determinante para que crianças e jovens recebam a melhor atenção e consigam ter o melhor desempenho é a relação família-escola. O núcleo familiar conhece muito sobre o desenvolvimento da criança, pois são os que mais têm contato para observar e experimentar suas individualidades. Sendo assim, são capazes de fornecer as informações necessárias para que o corpo docente consiga aplicar um ensino mais efetivo. “Essa relação tem que ser muito, muito, muito estreita”, salienta a profissional.

Monaliza ressalta que essa proximidade se tornou ainda mais essencial neste período de pandemia. Tanto que ela pesquisou e publicou um e-book sobre o tema: O processo de mediação da aprendizagem na inclusão: superando os limites e enfatizando as potencialidades na visão da família e dos professores.

“Eu trago muito a questão da família, como a família vê essa criança e como a professora vê essa criança. Eu fiz um paralelo de crianças de 2015 a 2020 para entender como estava o desenvolvimento dessas famílias”, explica.

A situação pandêmica para a educação se torna mais preocupante quando se sabe que muitos estudantes ainda não conseguem estudar em casa, já que não têm acesso às condições materiais necessárias. De acordo com a profissional, ao retornar para o ensino presencial será preciso “encaminhamentos para ver o nível em que essas crianças estão e como foi esse processo de trabalho online para ver o que realmente se efetivou”.

Outras barreiras encontradas são a resistência de muitas famílias em relação a tratamentos medicamentosos e a matrícula do estudante em um ano no qual não está preparado para estudar. Além do mais, muitas crianças e jovens não têm um diagnóstico, o que dificulta o processo de ensino-aprendizagem. A professora afirma que “muitas vezes os alunos se percebem com necessidades educacionais especiais quando começam a estudar educação especial”.

Uninter inclusiva

Em 2005, a professora Leomar Marchesini foi responsável pela criação do Serviço de Inclusão e Atendimento aos Alunos com Necessidades Educacionais Especiais (SIANEE) na Uninter. O setor é composto por profissionais qualificados que atendem estudantes com deficiências, com transtornou globais do desenvolvimento, com superdotação/altas habilidades e disfuncionalidades, além de questões psicológicas-emocionais.

Leomar conta que no departamento são realizadas todas as adaptações para que pessoas com necessidades especiais tenham condições de cursar o nível superior de educação com pleno aproveitamento dos conteúdos. Nisso, incluem-se a gravação e edição de traduções de libras para as videoaulas disponibilizadas para os estudantes. Os tradutores também atuam em eventos presenciais e em materiais audiovisuais da instituição.

“Nós não vamos tornar o curso mais fácil para essas pessoas, nós vamos promover as condições, destruindo as barreiras”, afirma a coordenadora do SIANEE.

Este trabalho é realizado não só presencialmente, mas também alcança todos os polos espalhados pelo Brasil. Gestora dos polos de Rio Negro (PR), Lapa (PR) e Itaiópolis (SC), Gicele Wormsbecher conta que há alunos que recebem atendimento do SIANEE nas duas unidades paranaenses. Este ano, inclusive, os pais de um estudante com deficiência visual buscaram o polo de Rio Negro após pesquisarem e conhecerem o atendimento diferenciado ofertado pela Uninter.

“Às vezes a gente tem alguns alunos especiais que não têm nenhum diagnóstico, mesmo na educação superior. Eu acho que tanto no ensino superior quanto no ensino médio e fundamental a inclusão é resumida na palavra ‘empatia’. Porque se você não tiver empatia, não vai conseguir entender pedagogicamente qual nível de aprendizagem o aluno está, como é que ele aprende, o professor nunca vai conseguir ser um professor inclusivo”, afirma Gicele.

Segundo a professora Leomar, 25% da população brasileira apresenta algum tipo de deficiência e não há como “fechar os olhos para isso”. Para ela, é necessário novas possibilidades e oportunidades de inserir essas pessoas não só na educação, mas também no mercado de trabalho.

“Mesmo porque eles têm toda a competência, desde que usando os recursos da tecnologia e desde que sendo liderados por pessoas que saibam trabalhar com eles. São falhas das chefias, falhas das gestões, são falhas dos colegas que não aprenderam a conviver com as diversidades, sendo que as diversidades é que enriquecem, porque se todos pensassem igual, nós não sairíamos do lugar”, complementa.

As profissionais da área debateram esses e outros tópicos sobre o tema Educação e práticas inclusivas no primeiro dia do evento Formação continuada de professores para educação 5.0, transmitido ao vivo no dia 03.fev.2021. As lives foram mediadas pelos professores Bruno Simão e Viviane Stacheski. O primeiro e segundo bloco do debate seguem disponíveis para acesso através da página Educação Uninter e do canal Escola Superior de Educação.

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Autor: Nayara Rosolen - Estagiária de Jornalismo
Edição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro
Créditos do Fotógrafo: Fauxels/Pexels e reprodução


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